É o Fim é o filme mais insano, perturbado, depreciativo e divertido dos últimos tempos. Ver um grupo de atores famosos interpretando eles mesmos, se divertindo e se zoando sem medo é tão inusitado e insanamente engraçado, que o filme pode figurar tranquilamente na lista das melhores comédias de 2013.
O filme segue Seth Rogen e Jay Baruchel, sendo que o último tinha acabado de chegar a Los Angeles. Eles vão para a festa de inauguração da nova casa de James Franco, onde também estão outras personalidades, como Rihanna, Michael Cera, Emma Watson, Jason Segel e Paul Rudd. O problema começa quando o apocalipse estraga a festa e 6 desses amigos famosos ficam presos em casa tentando sobreviver. E os amigos são os já citados Rogen, Baruchel e Franco, juntamente com Jonah Hill, Craig Robinson e Danny McBride.
O roteiro, escrito pelos sempre parceiros Seth Rogen e Evan Goldberg tendo como base o curta Jay and Seth vs. The Apocalypse, é genial. Não tanto pela qualidade, mas pela idéia de reunir essa galera em um filme sem pudores. Eles tiram sarro com suas excentricidades, seus filmes (principalmente os ruins, como Vossa Alteza e Besouro Verde),suas imagens públicas (Jonah Hill faz muitas piadas com o fato de ele ser o único do grupo a já ter sido indicado ao Oscar) e todas as fofocas já publicadas sobre eles (a possível homossexualidade de Franco talvez seja a mais sacaneada). Tudo e todos são motivos de piadas depreciativas (até o lado religioso vira piada no ato final do filme). Ninguém está imune nesse filme.
Outra coisa muito legal do roteiro, que tem extensos diálogos visivelmente improvisados, é a maneira como ele deturpa a personalidade de alguns desses famosos para encaixá-los como personagens, sem deixar que aspectos conhecidos pelo público desapareçam. Teoricamente, Jay Baruchel não gosta de Jonah Hill (e vice versa, sendo que isso gera ótimas cenas onde Jonah finge gostar de Jay), enquanto McBride ganhas aspectos vilanescos para balançear a história. Mas o maior exemplo dessa deturpação, provavelmente é Michael Cera. Sua participação foge muito do padrões conhecidos do garoto. Ele está muito “porra louca” e, mesmo tendo uma participação reduzida, completamente hilário.
Obviamente, o filme, que tem aspectos que lembram os filmes de paródia, tem seus momentos nojentos e escatológicos. São muitos palavrões, discussões sobre sexo e masturbação e muitos pênis gigantes. Não podíamos esperar menos desse grupo de atores.
Algo muito engraçado, mas que pode ser tornar um problema, é o fato de o roteiro ser totalmente apoiado em piadas internas. Quem não assistiu os filmes desse grupo ou não sabe nada sobre eles, vai deixar muitas piadas passarem batidas. Tem uma cena em particular, que é longa e divertidíssima, em que os atores discutem e depois filmam, de maneira caseira, uma sequência para o filme Segurando as Pontas, sendo que não assistiu esse filme vai ficar boiando.
A direção dos estreantes Seth Rogen e Evan Goldberg é razoável. Esse filme não se encaixa no que falei em outra critica sobre os estreantes não poderem usar a estréia com desculpa para erros, por que esse filme é uma brincadeira feita entre amigos. Evidentemente, os dois não estavam preocupados em ter uma grande qualidade técnica, já que era só um filme para reunir a galera e se divertir.
Algumas coisas, como efeitos especiais e trilha sonora, funcionam em alguns momentos. Outras coisas poderiam ter sido pensadas com mais cuidado, como a fotografia e a edição super corrida. Por sorte, nada disso atrapalha a diversão e as risadas.
As atuações são muito boas. Tudo bem que eles estão interpretando eles mesmos, mas alguns criam personificações completamente anormais e hilárias e merecem destaque. Todos são sacaneados ao extremo e levam na esportiva e merecem aplausos por isso, por que mostra que além de serem bons em fazer os outros rirem, eles também sabem rir de si mesmos.
Ainda assim, dois atores do elenco principal, na minha opinião, merecem destaque. Jonah Hill está espetacular. Todas as suas piadas são engraçadas e ele rouba a cena em diversos momentos, como no esquete “O Exorcismo de Jonah Hill”. O outro ator é Craig Robinson que abandona todas as amarras e entrega a melhor atuação da sua carreira.
No balanço geral, É o Fim é um dos melhores filmes do ano. Alguns não vão entender as piadas relacionadas aos atores, outros vão simplesmente criticar o lado escatológico e dizer que não vale a pena, se esquecendo do lado ácido e critico do filme. Algumas pessoas simplesmente vão odiar, enquanto outros vão adorar o filme. Esse é aquele filme que, talvez por seu humor politicamente incorreto, ou você ama ou você odeia. Eu adorei, ri muito e comprei a brincadeira preparada por Seth Rogen e cia.
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