Em “O Macaco”, Osgood Perkins entrega um terrir que se equilibra com dificuldade entre o prazer e o sofrimento
A cultura de convergência de Henry Jenkins, diz que as diferentes mídias se retroalimentam, e são juntamente influenciadas pelas novas tecnologias e modelos de consumo. Quando as primeiras pessoas começaram a assistir o novo filme do diretor Osgood Perkins (Longlegs), o compararam a outros filmes como Annabelle e a franquia Premonição, sendo que a história original veio do conto que está no livro “Tripulação de Esqueletos” de Stephen King, lançado em 1980.
Haja vista, não há nenhum problema em comparar o conto de King com obras mais recentes, pois o cinema, principalmente o horror, é recheado de influências diversas que passam pela arte, a literatura e o próprio cinema.
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Qual a história de O Macaco?
Dois irmãos gêmeos, Hal e Bill (Theo James/Christian Cobery), encontram um macaco de brinquedo que pertenceu ao seu pai. Quando percebem coisas sinistras acontecendo à sua volta, os dois se desfazem do boneco e seguem com suas vidas.
Após anos afastados, eventos terríveis começam a se desdobrar e os irmãos precisam se reunir para destruir o brinquedo antes que todos que amam morram.
O que achamos do filme?
Perkins muda da água para o vinho e sai dos climas sombrios e altamente atmosféricos de seus longas anteriores, para entregar um terrir recheado de diversão, mortes mirabolantes e uma crítica social acertada. Ao mesmo tempo, o diretor não abre mão de sua identidade, colocando seus personagens isolados e em planos abertos, com o mundo os engolindo. O cineasta segue trabalhando a solidão, refletida na ausência paterna e no daddy issues dos personagens masculinos de índole duvidosa, ao mesmo tempo, em que trata as figuras de autoridade como soldados, pilotos e policiais com certo desdém.
Todos na cidade parecem personagens caricatos e com um humor ácido e quebrado, mas é isso que dá um certo charme a O Macaco, que trabalha com o absurdo desde os minutos iniciais. Talvez as mortes exageradas e criativas do longa sejam banalizadas e percam o impacto à medida que o tempo passe, além de Perkins tentar forçar um drama desnecessário na relação entre os irmãos.
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Theo James vai bem ao incorporar Hal, mas não segura a personalidade de Bill, fazendo com que a versão mirim dos gêmeos vivida por Christian Cobery tenha um trabalho mais encorpado. Os coadjuvantes roubam a cena, mas infelizmente Tatiana Maslany e Elijah Wood aparecem pouco, fazendo com que o filme perca tempo em tramas paralelas sem motivação. O diretor tenta contornar esses pequenos problemas com uma atmosfera contida e solitária, além de sangue, tripas e muitos diálogos ora engraçados, ora fora do lugar.
Se Perkins não ganha no texto, faz mais um ótimo trabalho de direção, tornando o conto de King uma comédia escrachada, longe de escrúpulos e que não se leva a sério. Talvez o terror esteja justamente nas casualidades que a morte traz. Como diz o pôster do filme: “todo morre, e isso é uma merda“.
O Macaco estreia no dia 06 de março nos cinemas brasileiros, mas já pode ser visto em sessões de pré-estreia
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