Sherlock (3×01 – The Empty Hearse)

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Vim aqui só pra dizer como é bom ter Sherlock de volta a minha vida. Infelizmente serão só 3 semanas, para depois termos mais um gigantesco e angustiante hiatus. Mas tenho que tentar esquecer isso e aproveitar o que a BBC, Mark Gatiss e Steven Moffat prepararam para seus fãs.

Como nunca escrevi sobre essa obra-prima da televisão para o blog, vou fazer um apanhado geral para os desavisados que não assistem ou não sabem o que é Sherlock. Sherlock é, obviamente, uma adaptação das histórias de Sir Arthur Conan Doyle, sendo que o principal diferencial é que a história se passa no presente. Na verdade, a história não só foi transportada para os dias de hoje, como as tecnologias atuais também são amplamente usadas na solução dos casos.

Outra coisa interessante é que as adaptações são feitas de maneira sutil e peculiar. Os elementos das histórias originais são quase referências e só os leitores mais ávidos e viciados conseguem pegar todos os elementos usados pelos roteiristas. Entre as histórias adaptadas temos Um Estudo em Vermelho, O Cão dos Baskerville e A Casa Vazia.

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A série foi criada por Steven Moffat (Doctor Who e As Aventuras de Tintim) e Mark Gatiss (ator e roteirista britânico que vai ficar mais conhecido agora que vai participar de Game of Thrones). São 2 temporadas completas com 3 episódios cada, sendo que cada um tem 90 minutos. As estrelas da série são Benedict Cumberbatch e Martin Freeman (respectivamente Smaug e Bilbo na nova trilogia de Peter Jackson) como Sherlock e Watson.

A primeira temporada é ótima e funciona como uma boa introdução para os personagens, sendo que seu melhor episódio é o primeiro. A segunda superou muitas expectativas, sendo substancialmente melhor que a anterior. O último episódio é magistral e é dele que começamos a falar sobre a terceira temporada.

Depois da morte forjada de Sherlock Holmes, tivemos que esperar longos dois anos para que a série voltasse a ser exibida. Boa parte dessa demora foi devida a agenda superlotada de Benedict e Martin que ficaram famosos e ocupados. A espera foi longa e angustiante, mas a recompensa veio e fez tudo valer a pena.

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Esse retorno foi espetacular, digno de Sherlock, Moffat e séries inglesas. Cumpriu suas promessas (com algumas ressalvas que falarei mais pra frente) e trouxe elementos novos que funcionaram muito bem na série. O roteiro foi conciso, inteligente e surpreendentemente engraçado.

O roteiro tratou de maneira divertida o mistério do suicídio do detetive, trazendo para o episódio muitas teorias sem dar uma certeza de qual era a verdadeira. O começo foi muito divertido e já foi surpreendendo todo mundo que esperava que aquela era a solução do mistério, sendo que era só uma teoria inventada pelo forense Anderson. Sim, a teoria era completamente inverossímil, mas era muito divertida e bem bolada.

Aqui entra a minha primeira ressalva ao episódio. Eu gostei das brincadeiras com as teorias (principalmente a da menina, que brincava com a sempre zoada sexualidade de Sherlock), mas eu queria que a explicação fosse mostrado. Essa curiosidade me atormentou por dois anos e não vai acabar com o retorno da série. Como Assim??

As teorias foram ótimos momentos de alívio cômico para o episódio, que foi engraçado de uma maneira que a série nunca tinha sido. Tivemos uma ótima cena entre Watson e Sra. Hudson, onde ele fala sobre o casamento e a reação dela faz referência (novamente…) à sexualidade da dupla. Tivemos muitas tiradas sobre o bigode de Watson, inclusive algumas vindas de Mary (nova adição ao elenco). Também fomos presenteados com a brilhante cena no restaurante, onde Sherlock se fantasia de garçom francês para aparecer para Watson.

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A reação de Watson foi muito bem estruturada e fez mais sentido do que a apresentada nos escritos de Doyle. Lá ele desmaia de maneira quase cômica, enquanto aqui a raiva fica evidente e ele esmurra o detetive diversas vezes. A relação de Mycroft e Sherlock também voltou com tudo em uma ótima cena deles brincando com suas personalidades e dons.

Mas Sherlock não é feito só de efeitos colaterais de uma morte forjada. Também tivemos o caso da semana. Fazendo a segunda e última ressalva ao roteiro, o caso foi bobinho e sua resolução foi óbvia e simples demais para os níveis da dupla da Rua Baker Street. Mas, como já era de se esperar, o caso não teve grande foco, já que o objetivo deste episódio era reintroduzir Sherlock na história.

Outra cena muito legal (ainda que seja muito avulsa, por enquanto) foi a do sequestro de Watson. Obviamente, o doutor não ia morrer, mas o desespero de sua noiva e a tensão foram absurdamente bem construídas. A edição trocando das mensagens (olha a tecnologia aí) de tempo acabando para as pessoas acendendo a fogueira, enquanto Sherlock tentava visualizar caminhos distintos para chegar mais rápido foi brilhante. E isso tudo foi uma boa referência a Guy Fawkes (quem já viu V de Vingança vai entender…).

A direção do episódio foi de Jeremy Lovering (diretor de vários telefilmes da BBC) e funcionou bem, trazendo ótimos elementos da série, como as mensagens e deduções que aparecem na tela. Talvez a grande sacada da direção (junto com roteiro e edição) foi a cena onde Sherlock conta qual foi a reação de Watson e as cenas vão sendo completadas pelas falas ou ações de Watson no seu consultório.

As atuações também foram sublimes. Parece que as incursões cinematográficas amadureceram as atuações de Benedict Cumberbatch e Martin Freeman. O primeiro funcionou perfeitamente nas cenas de comédia (suas caras e bocas foram impagáveis, principalmente na cena do restaurante ou quando falava do bigode de John), que era algo relativamente novo para ele. A faceta abusada e exibida do detetive também voltou com tudo, sendo reforçada pelo ótimo diálogo final entre a dupla.

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Martin Freeman também esteve perfeito. Eu acho particularmente incrível duas coisas dentro da sua atuação: 1) suas reações sendo demonstradas com fidelidade através de olhares e outros detalhes (a cena do restaurante ficou mais incrível quando ele se deu conta que o garçom era Sherlock e passou todos os seus sentimentos para o espectador através de um olhar); 2) a maneira como Martin entra na pele de um personagem e convence que só ele pode interpretar o mesmo. Ele fez isso em O Hobbit, Guia dos Mochileiros da Galáxia (o filme não é tão bom, mas eu leio o livro imaginando Martin como Arthur Dent) e vem fazendo isso com John Watson (a cada episódio ele vai ficando mais confiante e bota Jude Law no chinelo a cada cena com Cumberbatch).

A química entre Martin e Cumberbatch é incrível, fazendo deles a melhor dupla para interpretar esses dois. Downey Jr. e Law também um bom trabalho no cinema, mas o foco do filme é muito diferente (mais ação e comédia que suspense e drama) e eles não superam a dupla da BBC.

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Acredito que ótimo elenco coadjuvante retornou quase completo, contando com o sempre seguros Mark Gatiss, Una Stubbs, Rupert Graves, Louise Brealey e Andrew Scott (em uma pequena e sensacional participação como Moriarty). Também tivemos a já citada adição de Amanda Abbington (mulher de Martin Freeman) que faz a enfermeira e noiva de Watson. Ela demonstrou ter boa química com Cumberbatch e Freeman, sendo uma adição muito bem vinda.

Enfim, o retorno de Sherlock foi muito bom. Quem ainda não assiste Sherlock e se contenta com os filmes e séries americanas baseadas nos personagens, corra que ainda dá tempo de fazer uma maratona nas férias. Acreditem, vocês não vão se arrepender.

OBS 1: A série bateu seu recorde de audiência com esse episódio. Isso pode ser o que a BBC precisava para renovar a série. Por outro lado, só pensando em uma teoria, o último episódio dessa temporada é uma adaptação do conto “O Último Adeus de Sherlock Holmes. Estou me baseando só no título, porque ainda não li essa história, mas não parece boa coisa. Também não foi pesquisar nada sobre, porque quero ser surpreendido.

OBS 2: É daí que vem toda a química desses dois…

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