Amores Roubados: Crítica da série

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Uma minissérie que mostrou que a TV aberta brasileira pode se aproximar do nível das produções americanas. Mais do que isso, Amores Roubados mostrou que a televisão brasileira ainda consegue produzir conteúdos de nível internacional.

A minissérie seguia a história de Leandro Dantas, um jovem nordestino que voltou para sua terra, após uma estadia em São Paulo. Leandro é um jovem conquistador que começa a se envolver com as pessoas erradas e cruza o caminho de famílias importantes da região.

Esse é só resumo bem básico de uma história cheia de reviravoltas que explorou vários caminhos da dramaturgia. Amores Roubados teve seus momentos de romance, de drama e, principalmente, de thriller policial.

O roteirista George Moura, que também escreveu O Canto da Sereia, soube criar uma história diferenciada que não subestimava o público – como a maioria das produções da Globo. Uma história que não titubeou e prendeu o telespectador por 10 capítulos inteiros.

Nem a Globo esperava que a série fosse ter tamanha audiência, tanto que estreou o BBB 14 durante a segunda parte de Amores Roubados. Como a audiência da nova produção acabou sendo o dobro do esperado, o canal teve que cortar partes de vários programas para manter o horário da minissérie.

Voltando ao roteiro, George construiu a introdução de sua história de maneira cuidadosa e lenta para que depois tudo viesse a desmoronar sem rodeios. Eu sei que a série é baseada em um livro, mas George demonstrou extrema coragem em matar seu protagonista no sexto capítulo. Fez isso sabendo que os outros personagens conseguiriam segurar o restante da série com tranquilidade.

George soube impor ritmo a série. Todos os episódios tinham alguma revelação, mesmo que não estivesse conectada a Leandro, que segurava o público por mais um dia. E assim foi até o final.

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Com relação ao final, tenho que fazer algumas ressalvas. Não gostei e ver a série perder seu lado policial e seu texto ágil, ainda que compreenda que isso era necessário. Tivemos cenas lindas protagonizadas por Carolina, Fortunato, Jaime e Antônia, mas ficou faltando alguma coisa.

Uma dessas coisas que faltaram foi um final digno para João, um dos melhores personagens da série. George se preocupou em atar todos os nós, mas deixou uma ponta solta que quase prejudicou a série.

A direção de José Luiz Villamarim também merece todos os elogios possíveis. Villamarim é o diretor mais talentoso da Globo e seu trabalho foi mais do que impecável nessa produção. Planos-sequência, imagens desfocadas e muitos ângulos diferenciados, que me lembravam um pouco a direção de Breaking Bad.

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Unido a brilhante fotografia de Walter Carvalho, que fez com que o sertão virasse um personagem da série assim como na já citada série da AMC, Villamarim criou cenas lindíssimas de uma maneira que eu nunca tinha visto em produções globais.

Edição e trilha sonora também merecem elogios particulares. Principalmente a última, que foi muito feliz na mistura de música regional nordestina com rock pesado.

O elenco também esteve formidável. Todo o elenco, recheado de atores famosos, teve sua oportunidade de mostrar o que sabe através de seus personagens cheios de nuances. Todos tiveram sua cena inesquecível. Todos tiveram aquele momento que mostra a grandeza de um ator.

Destaque para Ísis Valverde e Murilo Benício, que fizeram com que a cena final entre Antônia e Jaime fosse uma das mais bonitas da televisão brasileira.

Mas nenhum membro desse elenco pode ser desprezado. Parabéns a Patrícia Pillar, Dira Paes, Cássia Kis Magro, Cauã Reymond e Osmar Prado.

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Destaque maior para duas surpresas dentro do elenco: Irandhir Santos e Jesuíta Barbosa. O primeiro, que é muito conhecido pelos filmes que fez (como Tropa Elite 2), criou um João surpreendente, mesmo sem um final digno. Um personagem insano e cruel que merecia mais destaque dentro da minissérie.

O segundo também já fez alguns filmes, mas estreou na televisão em Amores Roubados. Seu personagem, Fortunato, parecia ser só um amigo de Leandro, mas sua participação foi crescendo com decorrer da trama, fazendo com que Jesuíta brilhasse nos três últimos episódios da série.

Uma série redonda com roteiro, direção e elenco formidáveis. Uma série sensacional que merece entrar para história da televisão brasileira. Uma luz no fim do túnel para quem já desistiu de assistir TV aberta.

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