Morando com o Crush | Jogando com a regras do gênero debaixo do braço

Morando com o Crush
Foto: Divulgação

Estrelado por Giulia Benite, Morando com o Crush é uma comédia romântica adolescente de cartilha que, apesar do carisma, segue todos os caminhos que se espera de uma obra como essa. 

Na coletiva de imprensa de Morando com o Crush, um dos pontos que ganhou mais destaque foi o crescimento de Giulia Benite diante do espectador brasileiro. Afinal, a criança que conhecemos nos filmes da Turma da Mônica tem abraçado, com cada vez mais frequência, papéis que dialogam com sua idade real, incluindo dessa vez seu primeiro beijo em cena. 

Não vou fazer pouco caso desse fato, porque não é sempre que vemos uma atriz-mirim dar sequência à carreira com tamanha solidez, crescendo e evoluindo na frente das câmeras como ser humano e como atriz. Ainda assim, achei curioso o fato deste ser o tópico mais substancial entre as citações de referências e curiosidades casuais que dominaram a entrevista concedida pelo diretor Hsu Chien Hsin e quase todo o elenco. 

Morando com o Crush
Foto: Divulgação

Qual é a história de Morando com o Crush?

Luana é uma adolescente dedicada aos estudos que sonha em passar no vestibular para medicina e construir uma carreira, a exemplo da mãe, que faleceu. Ela vive com o pai, Fábio (Marcos Pasquim), com quem tem divide uma forte relação de cumplicidade e parceria, além da completa falta de sorte no amor. 

As coisas começam a mudar quando ela se apaixona à primeira vista por Hugo e decide deixar a timidez de lado para investir no crush, que retribui e a convida para um encontro nas férias. Porém, tudo vai por água abaixo quando ela precisa trocar os planos de date por um jantar com Antônia (Carina Sacchelli), a nova namorada do pai e a mãe de Hugo. 

Como se o namoro não fosse o bastante, a vida dos adolescentes vira de cabeça para baixo quando seus pais decidem aceitar uma proposta de emprego e morar juntos, na mesma casa, em uma cidade no interior. 

Agora, Luana e Hugo vão precisar aprender a conviver e lidar com a nova dinâmica familiar, além de disfarçar os sentimentos que têm um pelo outro, já que eles são vistos e tratados como irmãos pelos habitantes da nova cidade. 

Morando com o Crush
Foto: Divulgação

O que achamos de Morando com o Crush?

Achar curioso não significa necessariamente ficar surpreso, seja em relação ao conteúdo da entrevista ou à qualidade do filme em si. Principalmente por conta da direção de Hsu Chien Hsin (Um Dia Cinco Estrelas) – um diretor que, não por acaso, está lançando dois longas no mesmo final de semana. 

Por mais que ele seja absolutamente ativo e prolífico (nível Stephen King de quantidade de produções), a qualidade dos filmes parece ser inversamente proporcional a essa produtividade. Não por falta de vontade, mas sim por estar entregue a um modelo de produção completamente protocolar e industrializado. 

Está tão mergulhado nessa dinâmica de obras feitas com a cartilha de baixo do braço, escolhendo os caminhos mais simplórios para lançar o mais rápido possível que, mesmo quando flerta com alguma estilização, não passa de um enquadramento copiado de algum filme pelo qual é apaixonado. No caso de Morando com o Crush, o exemplo mais escancarado é a referência à Embriagado de Amor logo no começo. 

O resultado é um longa que está o tempo todo completando pequenos objetivos, como se estivesse seguindo uma lista de coisas que não podem faltar em um exemplar do gênero. O flerte, o beijo, o obstáculo, a vilã apaixonada pelo garoto, a revelação em um evento com vários convidados… Tudo encenado da maneira mais básica e padronizada, é óbvio. 

Morando com o Crush
Foto: Divulgação

Morando com o Crush até tem carisma e química graças ao elenco, mas não é o suficiente. Por mais que Giulia Benite seja ótima e Marcos Pasquim injete uma energia muito positiva com sua diversão, o material que eles têm nas mãos não colabora. Seja na encenação que já comentei ou no roteiro marcado por diálogos ruins, coadjuvantes que não chegam aos pés dos protagonistas e blocos de acontecimentos que, para cumprir o checklist obrigatório, surgem do nada na trama. 

Os momentos fofos surgem de vez enquanto, arrancando suspiros e risadas de canto de boca, porém é evidente que o modelo se desgasta muito rápido. Com a dificuldade que o roteiro e a direção possuem na hora de trabalhar qualquer coisa além dos protagonistas, o encaminhamento final (que pede por um universo melhor construído, por mais mais substância no relacionamento entre protagonistas e vilões) enfraquece até se tornar constrangedor.  

Algo que infelizmente não faz jus ao elenco carismático, ao crescimento de Giulia Benite como atriz e até mesmo ao potencial de Morando com o Crush em relação ao próprio gênero. 


Morando com o Crush
Foto: Divulgação / Cartaz de Morando com o Crush
Morando com o Crush já está disponível nos cinemas brasileiros. 
5/10
Total Score
Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Previous Post
furiosa

‘Furiosa’ não decepciona e é mais um espetáculo sensacional de George Miller

Next Post
Às Vezes Quero Sumir

Às Vezes Quero Sumir | A rotina desconfortável e apática da depressão

Related Posts