Barbie – Crítica | Carta aberta ao feminismo

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Foto: Divulgação Warner Bros. Pictures

Greta Gerwig traz bom humor, acidez e sensibilidade a “Barbie”, sua carta aberta de amor ao feminismo


Quando os trailers de Barbie começaram a pipocar na internet, parte da audiência condenava a estratégia de marketing da Warner, pois afirmavam que quanto mais do enredo se revelava, mais as pessoas perderiam o fator surpresa. Depois do filme ter o maior número de vendas de pré-estreia no Brasil, e principalmente após assistir ao longa, é correto dizer que nada, absolutamente nada, vai preparar você para o que está por vir.

A diretora Greta Gerwig (de Lady Bird e Adoráveis Mulheres) consegue unir perfeitamente o senso de produto que a produção possui (afinal é um brinquedo da Mattel), ao seu humor cínico, ácido e peculiar, além da crítica social nada sutil.

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Foto: Divulgação Warner Bros. Pictures

Qual a trama de Barbie?

Acompanhamos o dia a dia em Barbieland – o mundo mágico das Barbies, onde todas as versões da boneca vivem em completa harmonia e suas únicas preocupações são encontrar as melhores roupas para passear com as amigas e curtir intermináveis festas. Porém, uma das Barbies, mas precisamente a Barbie Estereotipada (Margot Robbie), começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido de sua existência e alarmando suas companheiras. Logo, sua vida no mundo cor-de-rosa começa a mudar e, eventualmente, ela sai de Barbieland em busca de respostas.

Forçada a viver no mundo real, Barbie precisa lutar com as dificuldades de não ser mais apenas uma boneca – mas pelo menos ela está acompanhada de seu fiel e amado Ken (Ryan Gosling), que parece cada vez mais fascinado pela vida no novo mundo. Enquanto isso, Barbie tem dificuldades para se ajustar, e precisa enfrentar vários momentos nada coloridos até descobrir que a verdadeira beleza está no interior de cada um.

O que achamos do filme?

A abertura do filme não é uma surpresa se você já assistiu ao primeiro teaser, mas a velocidade com que as coisas acontecem, desde o texto rápido passando pela direção dinâmica de Gerwig, aceleram as coisas de maneira fluída, e com 30 minutos de filme já temos praticamente as imagens de todos os trailers divulgados. Livrando-se das amarras daquilo que já vimos, Barbie segue sua viagem alucinante pela autosuficiência. Forma e conteúdo se unem em uma produção que abusa dos elementos que tem ao seu dispor, passando pela comédia escrachada que ri de tudo e todos: consumidores, discursos progressistas da atualidade, incels, e porque não, cinéfilos.

Perceba que quase todos os citados podem ser resumidos em uma palavra: homens. Mas antes de destrinchar coisas como a masculinidade frágil e o patriarcado, Barbie está interessado em conhecer não só o drama da protagonista vivida por Robbie, e sua jornada inocente e ingênua pelo mundo real, ou os percalços de um rejeitado Ken (ou Kens), estamos diante de um drama existencialista sobre a importância e o objetivo de viver. Além disso, o choque da protagonista com o mundo puramente masculino, lidando com os próprios sentimentos e vontades, ou o simples fato de ser mulher, enriquecem a narrativa feminista.

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Foto: Divulgação Warner Bros. Pictures

Claro, há referências a inúmeras versões da Barbie, passando por modelos que saíram de linha a brinquedos da Mattel, e Greta Gerwig mantém esse equilíbrio entre o inexistente “filme de arte”, e o filme pop. A cineasta acena a uma crítica ao capitalismo tardio, ao mesmo tempo em que utiliza de tudo que ele oferece na construção da Barbieland, nos figurinos exagerados e coloridos, nas músicas e sequências msusicais usadas de forma pontual, nas piadas com a Warner, e até na metalinguagem.

Margot Robbie tem um timing cômico impecável, mas brilha mais quando Barbie se entrega ao drama. Sendo assim, a função de ser o bobo da corte com requintes de realeza fica a cargo do Ken de Ryan Gosling, divino, sublime e em estado de graça. O arco do boneco não ofusca o da boneca, mas chega perto. Outros que merecem destaque são o Allan de Michael Cera, o CEO da Mattel vivido por Will Ferrell e principalmente Gloria, personagem de America Ferrera. Em um monólogo esclarecedor e emocionante, a atriz passa a principal mensagem do filme: o peso de ser uma mulher no mundo.

Dito isso, mesmo que este que vos fala tenha ficado contente, melancólico ou sentido amor por Barbie, nada do que este homem (ou qualquer outro) falar, será suficiente para expressar o que essa obra feita por mulheres e para mulheres quer dizer de fato. Sendo assim, se você ler este texto, corra para ler, ver ou ouvir a opinião da CRIADORA de conteúdo mais próxima.


Barbie está em cartaz nos cinemas brasileiros

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