Apoiado no carisma de Tom Holland, “Uncharted: Fora do Mapa” é uma aventura macguffin empolgante
Sabe aquele momento do jogo em que você luta para passar de uma fase ou um chefão da vida? Morre e volta diversas vezes, se irrita, mas sempre tenta mais uma vez? E depois que finalmente consegue passar por isso tem uma alegria genuína (pelo menos até a próxima batalha)?
Essa é a exata sensação ao assistir “Uncharted: Fora do Mapa” – nova aposta de franquia da Sony – e adaptação dos jogos de sucesso da Playstation.
Qual o enredo de Uncharted?
O esperto Nathan Drake (Tom Holland) é recrutado pelo caçador de tesouros Victor “Sully” Sullivan (Mark Wahlberg) para recuperar uma fortuna perdida há 500 anos. O que começa como um golpe, acaba se tornando uma aventura épica que se estende por todo o mundo para alcançar o tesouro antes do implacável Moncada (Antonio Banderas), que acredita que é o herdeiro legítimo da fortuna.
Se Nate e Sully forem capazes de decifrar as pistas para resolver um dos mistérios mais antigos do mundo, eles podem encontrar o tesouro e talvez até o paradeiro do irmão há muito tempo perdido de Nathan… mas só se eles aprenderem a trabalhar juntos.
O que achamos do filme?
A famosa cena do avião – estampada em posters e trailers de Uncharted: Fora do Mapa abre o filme. O que já impressiona de cara, já que a partir dali podemos esperar qualquer coisa. Ledo engano. Vemos apenas um deslumbre da sequência e voltamos há 15 anos atrás, onde o ainda mais jovem Nathan Drake vê seu irmão partir.
O diretor Ruben Fleischer resolve seguir o famoso caminho do “você deve estar se perguntado como cheguei até aqui”, mas será que isso é realmente importante? Tom Holland foi vendido como um Nathan Drake mais jovem, e por isso veríamos uma espécie de história de origem ainda não contada, apesar do filme pegar emprestado conceitos do 3° e 4° game.
Não sou um grande fã dos jogos, e por isso talvez Uncharted: Fora do Mapa funcione melhor já que não há efeito de comparação, e Fleischer consegue apresentar esse novo personagem para quem nunca teve contato. Claro que, os mais apaixonados pela franquia de games, vão pegar referências e easter eggs deixados propositalmente.
Se levando muito a sério na primeira hora, ao mesmo tempo em que resolve seus desafios rápido demais, é até irônico que a produção encontre sentido e leveza só após a cena do avião, lá no entre atos no meio do filme.
Até lá, o carisma de Tom Holland e a boa química com Mark Wahlberg seguram a obra, que sofre para encontrar motivações pessoais conviventes para inserir Nathan Drake nessa aventura macguffin. Confesso que estava com saudade de filmes no estilo Indiana Jones, A Múmia, Viagem ao Centro da Terra, enfim.
A questão é que, comparado a estes, Uncharted: Fora do Mapa fica devendo no quesito ação. Não me entenda mal, ela é muito bem realiza (ainda mais no IMAX), mas Ruben Fleischer deixa o que há de melhor para o final, não espaçando bem as cenas de impacto, deixando Uncharted travado, como nós naquela fase difícil do jogo.
As lutas com certo grau de realismo são inversamente proporcionais aos salvamentos acontecendo no limite da emoção. As traições e reviravoltas não são bem construídas, principalmente na figura do mal aproveitado Antonio Banderas.
Quando destrava, Nathan Drake parece finalmente incorporar sua personalidade e Fleischer entrega cenas de ação que empolgam. Apesar de pouco memoráveis, o diretor torna o micro em algo gigantesco, utilizando-se bem do espaço e do tesouro lapidado que tem em mãos: Tom Holland.
Ps: O filme tem 2 cenas entre os créditos.