Mais madura, 3º ano de Sex Education se consagra como a série mais imprevisível e gostosa da Netflix
Quando assistia ao último episódio do terceiro ano ao lado da minha namorada, ela ressaltou o fato de Sex Education só melhorar a cada temporada. É inegável que o texto de Laurie Nunn decola a medida em que adentramos a Moordale na Inglaterra, mas esse ano é diferente.
Mais séria, surpreendente, e sem perder o bom humor, a série queridinha da Netflix retorna mais segura de si e disposta a tocar em temas importantes como traumas, abuso sexual, não-binarismo, a importância da terapia, e claro, todos os tabus possíveis em relação ao sexo. Mas estamos cientes que ousadia é o que não falta aqui. O que mudou então?
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Antes, qual a trama da 3ª temporada de Sex Education?
É um novo ano, Otis está fazendo sexo casual, Eric e Adam estão oficialmente namorando, e Jean tem um bebê a caminho. Enquanto isso, a nova diretora Hope (interpretada por Jemima Kirke), tenta devolver Moordale a um pilar de excelência. Aimee descobre o feminismo, Jackson se apaixona, e uma mensagem de voz perdida ainda paira na vida de Maeve.
Prepare-se para animais de compromisso, fenômenos alienígenas, cupcakes de vulva e muito mais.
O que achamos da temporada?
Sex Education sempre lidou com as questões pessoais de seus personagens, mesmo que muitas delas sejam refletidas na vida de seus amigos e familiares. Agora, a série abre seu escopo a todas as letras da sigla LGBTQIA+, trazendo assuntos pertinentes ao meio queer, além de ir fundo nas relações de cumplicidade.
Praticamente todos os personagens tem o desenvolvimento e profundidade que merecem, tendo seu espaço bem diluído durante os 8 episódios com média de 1 hora. Além de lutar pelo seus ideais, os alunos de Moordale precisam enfrentar a nova diretora e suas ideias retrógradas, com pensamentos repletos de uma falsa sensação de liberdade, mas que escondem o moralismo, e o preconceito exacerbados.
É opressão atrás de opressão – com momentos que beiram a tragédia – mas que encontram a saída no bom humor e nas mudanças. Novos personagens e locais, culminam em relações aleatórias e improváveis sendo criadas. O dinamismo da série passa pela melhora na direção, dividida entre Ben Taylor e Runyararo Mapfumo, que valorizam os espaços e exigem o máximo de emoção de seus atores.
Diferente das outras temporadas onde a sexualidade era o foco da trama, nessa, o roteiro explora todo entorno dos personagens mostrando como os seus dramas familiares, traumas e inseguranças também refletem na vida sexual. De forma madura e responsável, os assuntos são tratados com muita sutileza e as cenas de sexo levam inocência, tons de descoberta, delicadeza, e total sensibilidade.
Ao contrário de outras séries adolescentes que também tem o sexo com uma temática forte, Sex Education não explora a sensualidade, mas a exploração dos seus sentimentos e vontades, fazendo com que não nos esqueçamos que são apenas adolescentes se descobrindo, descobrindo a vida ao seu redor, e aprendendo a lidar com os seus próprios dilemas.
Em seu terceiro ano, Sex Education segue fazendo jus ao nome que carrega. A diversidade está presente em diversos momentos e aspectos da série e, mesmo que você já não seja mais adolescente há algum tempo, é quase impossível não encontrar um trama ali na qual você se identifique.
Particularmente foi prazeroso ver o destaque aos personagens pretos nessa temporada, cada um a seu modo, auxiliando em todas as vertentes da luta. Desde raça até gênero, a série foi além da vida de Eric (Ncuti Gatwa) e sua família (que ganham mais um merecido destaque), para mostrar os diferentes tipos de aceitação. Nem todas as narrativas de vida são iguais, e sabiamente a produção não trata todas as pessoas de um mesmo grupo como um bando homogêneo.
Arcos não se fecham completamente aqui, e sempre há espaço para a evolução. O mundo mudou, e mesmo que você não conheça os novos termos, o seu amigo ou conhecido não é obrigado a ensiná-lo, já que o senhor Google está sempre disponível.
Nesse sentido, Sex Education resolve escolher o didatismo, já que a série chega em diferentes lares do mundo todo, o que pode ajudar aqueles que ainda estão a procura da própria identidade.