“Furiosa” não é Estrada da Fúria, mas sim, é tudo o que você pode pedir da saga Mad Max
TEXTO ESCRITO POR ISABELA CÂNDIDO DO PODCAST PRÓXIMO EPISÓDIO
Há uma cena em Furiosa: Uma Saga Max Max’ onde o vilão Dementus (Chris Hemsworth) afirma que a protagonista (Anya Taylor-Joy) é igual a ele; mortos-vivos que precisam causar sensação para escapar de uma existência vazia e deprimente, e que cada vez mais precisam ir mais longe, então surge uma grande questão: ela tem o que é preciso para torná-lo épico? Neste momento, George Miller parece estar canalizando todas as dúvidas dos céticos para o novo capítulo da saga ‘Mad Max ‘.
A resposta é sim. Um grande sim. ‘Furiosa‘ é épico. É outro grande exemplo de como um show de ação deve ser feito. Uma estimulante expansão da franquia com mais um filme que é puro entretenimento e uma nova demonstração de que Miller, aos 79 anos, ainda é um extraordinário contador de histórias.
Sobre Furiosa
‘Furiosa’ chega 9 anos depois de Estrada da Fúria, o reboot da saga com Tom Hardy assumindo o lugar de Mel Gibson. Mas essa nova história se passa antes, e é ao mesmo tempo uma prequela e spin-off sobre o personagem que interpretada por Charlize Theron na edição anterior. Em seu lugar temos Anya Taylor-Joy, mas a heroína terá que percorrer um longo caminho para chegar lá.
Expandindo a saga Mad Max
George Miller inicia o seu novo filme referindo-se ao fim do mundo tal como o conhecemos e, como se estivesse a criar a sua própria bíblia, apresenta-nos um paraíso onde a menina come o fruto proibido; e, portanto, ela é expulsa. Um grupo de selvagens guerreiros da estrada sequestra Furiosa, iniciando sua odisseia. Este é um dos aspectos mais interessantes de seu novo trabalho. Miller não se limita a girar a manivela, aproveita para ampliar a mitologia da saga, o contexto e os personagens que habitam esse gigantesco deserto que ficou para trás.
Esse grupo de malucos liderados por Dementus encontra na garota a chave para uma terra prometida cheia de recursos no meio do deserto onde só sobrevivem aplicando a lei do mais forte e destruindo tudo que cruzar seu caminho. Um percurso que os leva até o outro grande vilão, Immortan Joe (aqui mais jovem, interpretado por Lachy Hulme). Furiosa vira moeda de troca, mas consegue escapar e cria uma nova identidade.
E é assim que ele se cruza com o outro personagem principal do filme, Praetorian Jack (Tom Burke), uma nova versão de Mad Max que se junta a Furiosa. Juntos eles realizam uma missão suicida com um caminhão atacado por bandidos que lembra as perseguições de Mad Max e Fury Road.
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Engenhosidade e experiência de George Miller
Esse “cenário” é uma seção impressionante e frenética, talvez a melhor do filme, onde Miller mais uma vez dá outra aula magistral de encenação. E, claro, falta a Furiosa o frescor ou o impacto do último capítulo, que nos pegou desprevenidos depois de se passarem 30 anos desde Mad Max 3 (também o filme mais fraco da saga), você poderia pedir em uma continuação deste universo .
Mais história e mais ação: um espetáculo que completa e amplia o que conhecemos. Qualquer fã do gênero (e da franquia especificamente) irá gostar. É para comemorar de verdade, pois é muito complicado orquestrar uma produção com essas características. Basta olhar a lista de lançamentos de ação nos últimos anos para perceber isso. O que Miller está fazendo com Mad Max está ao alcance de poucos, não apenas em termos de meios, mas também de engenhosidade e experiência.
Aliás, seu principal heroi nesta saga, Max Rockatansky, não tem participação em ‘Furiosa’ mas há outra breve surpresa especial e deixa a porta aberta para outro filme, que Miller já tem em mãos.
Furiosa está em cartaz nos cinemas do Brasil