Guardiões da Galáxia 3 – Crítica | Parte da jornada é o fim

Guardiões da Galáxia 3 - Crítica | Parte da jornada é o fim 1

Consciente do fim da equipe e de sua passagem pela Marvel, James Gunn entrega o filme mais maduro de sua carreira em “Guardiões da Galáxia 3”


As aberturas dos filmes de Guardiões da Galáxia são inesquecíveis. No primeiro, vemos Peter Quill ser abduzido ainda criança, para logo depois (já adulto), dançar enquanto rouba a jóia do poder. No segundo, Groot (na versão mini querido), dança em primeiro plano, enquanto ao fundo a equipe enfrenta um monstro enorme.

Em Guardiões da Galáxia 3, ao som de “Creep” do Radiohead, Rocket caminha sozinho passando por todos os integrantes do grupo, suas atuais condições, culminando numa câmera lenta seguida do título. A abertura dá o tom de que vamos assistir um filme diferente da equipe mais divertida e improvável da Marvel.

guardiões da galáxia 3
Foto: Divulgação Disney Studios

Qual a trama de Guardiões da Galáxia 3?

Em ‘Guardiões da Galáxia 3’ nosso amado bando de desajustados está se estabelecendo em Lugarnenhum. Mas não demora muito para que suas vidas sejam reviradas pelos ecos do passado turbulento de Rocket (Bradley Cooper).

Peter Quill (Chris Pratt), ainda se recuperando da perda de Gamora (Zoe Saldana), deve reunir sua equipe em uma aventura perigosa para salvar a vida de Rocket – uma missão que, se não for concluída com sucesso, pode levar ao fim dos Guardiões como os conhecemos.

O que achamos do filme?

A abertura contida contrasta com os minutos seguintes e a introdução de Adam Warlock (Will Poulter), já que a direção opta por um modo de batalha mais grandioso ao estilo “O Homem de Aço“. Isso não quer dizer que o filme perca a essência intimista que tem, aliás, dos três filmes, Guardiões da Galáxia 3 é o que mais equilibra drama e comédia com perfeição.

Emotivo, o longa é o melhor trabalho de direção da carreira de James Gunn, que mostra maturidade por trás das câmeras, além de se auto-referenciar a todo instante. As pequenas missões do grupo para chegar ao vilão maior (o necessariamente caricato Alto Evolucionário de Chukwudi Iwuji), lembram Scooby-Doo (roteirizado por Gunn), que também utiliza de sua habilidade adquirida no remake de Madrugada dos Mortos (que também tem o texto dele).

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Foto: Divulgação Disney Studios

Nesse sentido, o cineasta utiliza o horror corporal e certo terror psicológico ao inserir criaturas (sejam elas de efeitos práticos ou CGI), que vão do criativo ao bizarro. Se você for sensível vá preparado, pois a origem de Rocket e os experimentos com animais não são nada fáceis de assistir. O longa é corajoso ao exibir algumas cenas fortes, claro, todas dentro do limite do PG-13.

Visualmente, Guardiões da Galáxia 3 é impecável, desde os figurinos coloridos e saturados, passando pela direção de arte dos planetas e bases visitadas, culminando na constante busca por perfeição de um vilão que quer simplesmente destruir e reiniciar quando as coisas não saem conforme o planejado.

Sabiamente, Gunn divide seu filme em quatros pilares: a saga de Rocket, o merecido protagonista com um passado traumático, o estabelecimento de Nebulosa (Karen Gillan) como uma personagem amadurecida e que se relaciona com a trama principal (já que foi vítima de experimentos de seu pai Thanos), o amor e tentativa de reconquista entre Quill e Gamora, e os coadjuvantes de luxo e alívios cômicos, Drax (Dave Bautista) e Mantis (Pom Klementieff), que também seguram a onda quando a produção se entrega ao lado dramático.

Diferente do segundo longa, Guardiões da Galáxia 3 não tem as famosas “quebras” com uma piada. Bem divididos, os momentos de comédia e drama são balanceados com louvor. A ação (a melhor dos 3 filmes), começa grandiloquente, mas logo se entrega a porradaria que passa pelas famosas lutas em corredores em plano sequência, até decisões inconsequentes sendo tomadas, pelo simples fator de “ser legal“.

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Foto: Divulgação Disney Studios

Aproximando-se do final, a sensação é que os personagens tinham a completa consciência de que essa seria a última aventura deles, pelo menos da forma que os conhecemos. A dinâmica do grupo segue afiada, passando pelas brigas e reconciliações de sempre, mas ao mesmo tempo criando uma casca grossa, que culmina no cansaço e na sensação de dever cumprido.

Por fim, os Guardiões da Galáxia acabam como os Beatles, seja com aqueles que nos deixam de vez, ou que decidem seguir carreira solo. É uma última dança com cara de reinício, que pode acontecer, mas não terá James Gunn como o grande guia dessa espécie de arca de Noé.


Ps: O filme tem 2 cenas pós-créditos.


Guardiões da Galáxia 3 está em cartaz nos cinemas brasileiros.

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Foto: Divulgação Disney Studios
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