Eli Roth traz a morte e o assassino como seus protagonistas em “Feriado Sangrento”, um clássico slasher
Os “slasher movies” (filmes com assassinos implacáveis e mascarados em busca de jovens burros, onde apenas um deles sobrevive), estão em alta novamente. Sim, não à toa a franquia Pânico voltou com tudo, e os streamings abraçaram esse tipo de produção. Sempre que algum desses longas surge por aí, acaba fazendo certo sucesso, pelo menos entre o nicho.
O da vez é “Feriado Sangrento” (Thanksgiving), novo filme de Eli Roth (O Albergue), que tinha feito um trailer falso do mesmo no projeto Grindhouse (aquele que lançou com Quentin Tarantino), junto de Planeta Terror e A Prova de Morte em 2007. O trailer era sensacional (aliás, não recomendo assisti-lo antes de ver o longa), e a expectativa com a versão atualizada dele era gigante. Mas, será que o cineasta correspondeu a esse desejo?
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Qual a trama de Feriado Sangrento?
Quando uma liquidação de Black Friday acaba em tragédia, uma série de assassinatos misteriosos aterroriza a população da cidade de Plymouth, em Massachusetts.
O longa ambientado na cidade-berço do feriado norte-americano de Ação de Graças, apresenta o peregrino John Carver, assassino mascarado que promete não deixar sobras nesta ceia macabra e eliminar cada um dos seus alvos da maneira mais brutal possível. Será que alguém vai conseguir escapar?
O que achamos do filme?
Quando os primeiros slasher movies foram lançados, desde Halloween, passando por Sexta-feira 13 e A Hora do Pesadelo, havia aquelas pessoas que pouco se importavam com os protagonistas. Elas queriam ver sangue, mortes e os assassinos em ação. Eli Roth parece querer resgatar esse sentimento em Feriado Sangrento, um filme de terror que pouco trabalha com os adolescentes tontos sedentos por sexo e com dramas dignos de uma novela da Record. O diretor se importa com o serial killer, sua mística, motivação, e claro, seus assassinatos.
E que assassinatos! John Carver usa das formas mais criativas possíveis para matar suas vítimas, claro, seguindo uma lógica no dia de ação de graças (que faz muito mais sentido para o público americano), além da bizarra e assombrosa cena inicial, onde ele emula um George Romero em seus melhores dias. O texto de Roth em parceria com Jeff Rendell (Cabana do Inferno) faz críticas sutis ao consumismo estadunidense, utilizando de um humor mórbido e macabro, cercado de um cinismo sádico.
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Por vezes, o espectador ri de nervoso, não apenas pela sucessão de atitudes improváveis e impagáveis do grupo de jovens perseguidos, mas pelas do assassino, igualmente humano. Para causar esse efeito cru e brutal, a maquiagem faz um trabalho excelente, mas a direção de Roth emula um trash clássico ao esconder algumas sequências na penumbra, não no estilo do horroroso “Ursinho Pool: Sangue e Mel”, mas de forma estilosa.
Sendo assim, Feriado Sangrento se mostra um prato cheio (com o perdão do trocadilho) para o fã de terror, que busca um divertimento descompromissado e igualmente sanguinolento. Com uma sequência já confirmada, a produção mostra que ainda existe espaço para o slasher irreal num mundo cercado pelos autoproclamados amantes do cinema, em busca de mais verossimilhança para satisfazer seus próprios egos.