Cada vez mais consciente dos absurdos da franquia, Velozes e Furiosos 10 quase nos vence pelo cansaço
Por mais que a maioria diga que quem assiste a franquia Velozes e Furiosos pouco se importa com o roteiro, é importante ressaltar que desde o terceiro filme até o oitavo, o texto estava nas mãos de um homem só: Chris Morgan. No capítulo 9, Morgan saiu da produção para escrever Hobbs & Shaw, e o spin-off se mostrou superior ao capítulo original da saga.
Agora, em Velozes e Furiosos 10, a série de filmes perdeu dois nomes importantes em sua história. Além da ausência de Morgan, Justin Lin, diretor da maioria dos filmes, saiu no meio das gravações após desavenças com Vin Diesel, sobrando para o cineasta francês Louis Leterrier continuar a jornada.
Sendo assim, a primeira sensação do longa vendido como o início do fim (antes dividido em 2 partes e agora sendo o começo de uma última trilogia), tem cara de filme remendado, onde é possível perceber onde o trabalho de um deles parou para o do outro começar, mas, será que algo se salva?
Qual a trama de Velozes e Furiosos 10?
Ao longo de muitas missões e contra probabilidades impossíveis, Dom Toretto (Vin Diesel) e sua família foram mais espertos, e superaram todos os inimigos em seu caminho.
Agora, eles enfrentam o oponente mais letal que já enfrentaram: uma ameaça terrível emergindo das sombras do passado, alimentada por vingança de sangue e determinada a destruir esta família e destruir tudo – e todos – que Dom ama, para sempre.
O que achamos do filme?
Por mais óbvia que seja, a ligação com Velozes e Furiosos 5: Operação Rio (já vista nos trailers), se dá de uma maneira natural e nada forçada, voltando dez anos no passado para mostrar não apenas o roubo do cofre no Rio de Janeiro e a origem de Dante Reyes (Jason Momoa), filho de Hernan Reyes (Joaquim de Almeida), mas para matar um pouco a saudade de Brian (Paul Walker).
Momoa encarna uma mistura entre Jack Sparrow, Coringa, e o Coyote do Looney Tunes para trazer um vilão com ares de ameaçador, mas que tem humor peculiar e um pouco de sadismo. O nada sutil “Inferno de Dante”, se inicia com uma missão em Roma, a melhor sequência de ação do longa, mostrando a família agindo em conjunto, com cada um tendo seu momento de brilhar, fazendo com que possamos nos importar com os personagens.
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Por mais que Vin Diesel claramente pese a mão de sua interferência em alguns momentos, focando quase que inteiramente em Don e seu filho Brainzinho (Leo A. Perry), os dois primeiros atos de Velozes e Furiosos 10 trazem fluidez a narrativa, apresentando novos personagens de forma orgânica, mudando de tramas de maneira agradável, e retornando ao Brasil, lugar que foi e ainda é importante para a saga.
Mesmo acostumado e não ligando para os absurdos cada vez mais constantes como os carros dos protagonistas intactos, a ausência de ferimentos e o fato de ninguém de fato morrer, a produção perde a mão no ato final, onde falta coragem para trazer consequências reais, a algo vendido como o início do fim da família.
A visão que os personagens de fora tem da “seita de carros” de Dom, a interação entre Roman, Tej, Han e Ramsey, e a lealdade entre eles, continuam rendendo momentos prazerosos aos fãs, mas com o tempo o espectador parece vencido pelo cansaço, e Velozes e Furiosos 10 começa a cair de um precipício, onde ninguém morre com a queda.
Com direito a traições, mudança de lados, e retornos inesperados, a família acaba virando um exército de um homem só, que afeta não apenas a história dentro da tela, mas também fora dela. Saudades Chris Morgan. Saudades Justin Lin.
Ps: O filme tem 1 cena pós-créditos.