Os Banshees de Inisherin – Crítica | A comédia e o drama de absurdos

os banshees de inisherin
Foto: Divulgação 20th Century Studios

Qual a trama de Os Banshees de Inisherin?

Os Banshees de Inisherin, que é dirigido e escrito por Martin McDonagh, conta a história de Pádraic (Colin Farrell), um homem humilde que leva uma vida simples na fictícia ilha de Inisherin, e tem sua vida abalada quando seu querido amigo de longa data Colm (Breendan Gleeson) decide que essa amizade não pode mais continuar.

Sem nenhum motivo aparente, Pádraic tenta entender o real motivo dessa decisão abrupta e recorre a conselhos de sua irmã Siobhan (Kerry Condon) e um jovem filho do policial local Dominic (Barry Keoghan), e da melhor maneira possível reatar esse laço ou ao menos saber os motivos que levaram a este rompimento. Mas Colm parece estar muito decidido e coloca um ultimato tenebroso que vai abalar não somente Pádraic, mas como todos os habitantes da ilha.

Texto escrito por Don Florentino da Pimenta Nerd
Os Banshees de Inisherin - Crítica | A comédia e o drama de absurdos 2
Foto: Divulgação 20th Century Studios

O que achamos do filme?

Na vida existem vários  tipos de amor: amor de família, amor por uma outra pessoa com quem se quer estabelecer um relacionamento, e também o amor de uma amizade, e aqui em OS BANSHEES DE INISHERIN isso é colocado da maneira mais pura e simples (apesar dos absurdos que o filme apresenta). Tudo isso subverte o romance clássico para um final de um relacionamento, mas dessa vez é uma amizade e expõe até onde seríamos capazes de ir para reatar esse laço, e se realmente vale a pena.

Na trama, vemos quase todos os acontecimentos pela perspectiva de Pádraic, e o choque que teve ao receber a noticia de que seu amigo Colm simplesmente não queria mais ser seu amigo. Acontece que aqui começa a subversão pois a obra se inicia com um tom muito mais cômico, com piadas prontas quase que como uma repetição de situações parecidas. Tudo no primeiro arco do filme nos leva a crer que iremos nos aprofundar no relacionamento dos personagens, para então descobrir o motivo do rompimento desse laço, e é deslumbrante como somos convidados a viver nessa ilha nos anos 20, partilhando das histórias de quem vive lá.

Mesmo ao lado do continente a vista dos moradores acontecendo uma guerra civil, parece que nada os abala e mais importante que isso é ir ao bar ás 2 da tarde para apreciar um bom chopp e ouvir uma boa música, e essa sensação de pertencimento que consegue nos fazer sentir a falta daquela amizade. Ficamos muito familiarizados com os costumes, com os horários, com a mania de cada um, e assim como em uma cidade pequena todos conhecem todos e todos sabem o que acontece na vida de cada um.

A química entre Colin Farrell e Breendan Gleeson consegue transformar um simples diálogo rotineiro em questões reflexivas, até mesmo quando o silencio é predominante, e quanto mais vemos a tentativa de Padraic em reatar aquele laço, o motivo começa a parecer não tão relevante pois as consequências disso começam a tomar proporções inimagináveis. O final dessa amizade e a constante insistência de um lado em reatar, começa a afetar toda a ilha, envolvendo familiares, amigos, até mesmo autoridades policiais e religiosas.

Os Banshees de Inisherin - Crítica | A comédia e o drama de absurdos 3
Foto: Divulgação 20th Century Studios

E ai que a parte cômica começa a mostrar mais traços de drama, pois afinal também queremos saber o que aconteceu, mas só temos basicamente o ponto de vista de um lado da história, e isso abre para várias reflexões, até começar a entender melhor que a decisão de Colm talvez tenha sido sensata (ou não).

Neste ponto a fotografia do filme que sempre dava primor aos planos mais abertos, ou sempre com personagens perto de lugares paradisíacos, dá forma a algo mais sinistro e fechado, focado em decisões mal tomadas, e de uma sensação de claustrofobia em uma ilha extremamente grande e linda. A produção retrata muito bem o seu tempo, as vestimentas, o modo como os personagens conversam, e o cotidiano de um retrato de uma época mesmo sem essa ilha sequer existir no mundo real.

O filme também valoriza a cultura local, no que diz respeito ao valor que é dado as animais, tanto os provedores de suprimentos quanto aos domésticos e como eles são importantes para aqueles personagens, tanto que os próprios animais terminam entrando nesse impasse do rompimento da amizade. E também a importância da música tanto como refugo para a diversão tanto como um artifício de linguagem de roteiro que vai dar ainda mais importância ao modo de como se toca um especifico instrumento.

Escalonando entre drama e comédia na medida certa, OS BANSHEES DE INISHERIN se mostra um filme bem intimista que consegue trazer um problemático micro dentro de acontecimentos macros e que a real importância está nas decisões que todos os personagens precisam tomar para poder ver a situação mais como um todo, que tudo ali vai muito além do que se pode ver e que sim as vezes quem está de fora pode ver melhor, mas alguns conselhos possuem várias interpretações e algumas sem caminho de volta.

Confira também: TÁR – Crítica | O poder de uma artista

Os Banshees de Inisherin - Crítica | A comédia e o drama de absurdos 4
Foto: Divulgação 20th Century Studios

Sem sombra de dúvidas é um filme surpreendente, mas que é necessário olhar além do óbvio e também aproveitar as várias nuances e interpretações que o filme passa através da sua narrativa aparentemente simples sobre amizade. Com foco nos diálogos e como uma progressão que não tem pressa talvez o filme não agrade ao grande público que espera uma definição exata do que assiste, mas que com certeza vai fazer todos repensarem nas suas atitudes, desenvolvendo uma ótima trama culminando em um final totalmente inesperado a sua própria maneira.


Nota: 8


Os Banshees de Inisherin estreia na quinta-feira (02/02) nos cinemas brasileiros

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