Mark Mylod (Sucession) oferece ao público em “O Menu”, um delicioso longa de horror gastronômico, temperado com surpreendes reviravoltas, finalizado com fortes notas de suspense, e acompanhado por uma crítica social servida ao ponto, com pitadas humor ácido.
Qual a trama de O Menu?
Um jovem casal embarca numa experiência gastronômica em um renomado restaurante de luxo, localizado em uma ilha particular deserta, no qual apenas um seleto grupo de 12 pessoas pertencentes à suposta elite tem o “prazer” conseguir reservas para o jantar.
Ao chegar em seu destino, os clientes serão apresentados a um menu nada tradicional, que fica mais controverso a cada prato servido.
O que achamos do filme?
A premissa base de colocar uma pequena turma que não se conhece em uma localidade remota de difícil acesso e sem sinal de telefone, já é o suficiente para deixar desconfiado o espectador mais atento, e o diretor sabe se aproveitar desse clima para criar uma atmosfera inquietante.
O roteiro assinado por Seth Reiss e Will Tracey é inventivo e, ainda que por vezes apele para algumas conveniências e uma complacência absurda de alguns personagens, isso consegue ser facilmente contornado pela direção habilidosa.
As cenas da cozinha têm uma coreografia quase militar enquanto os pratos são montados e servidos, os ajudantes estão sempre precisamente sincronizados e marcham como se fossem a mais bem ensaiada banda. Em contrapartida, conforme os problemas passam a se desenrolar, o caos é instalado. Mark Mylod demonstra domínio para dirigir tanto as passagens mais organizadas quanto as mais bagunçadas, além de saber combina-las.
Todos os elementos do filme, desde de a fotografia, até o design de produção se concentram em criar um ambiente sombrio elegante, elevando o suspense da trama. Aqui, vale destacar o excelente trabalho de som, desde a trilha sonora até o seu design e mixagem.
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A sensação de angustia aumenta exponencialmente a partir da entrada do chefe Slowik, vivido brilhantemente por Ralph Fiennes (“Harry Potter” e “Skyfall”), ele é o retrato perfeito do artista obcecado e conduz sua cozinha com uma precisão cirúrgica. Fiennes consegue imprimir ao personagem um tom de imprevisibilidade, tornando-o ameaçador, seja através de olhares que dizem mais do que palavras ou por meio dos monólogos que introduzem os pratos.
Já Anya Taylor-Joy (“A Bruxa”) dá vida à Margot Mills, a única pobre dentre os convidados, que desde o início não se mostra impressionada com a experiência proposta e julga com maus olhos toda a presunção do anfitrião, ela é a peça que não se encaixa e, portanto, deixa Slowik inquieto.
Os dois protagonistas entregam performances de alto nível, deixando o espectador ansioso para o embate final, que será controverso e poderá desagradar aqueles que esperam por algo mais direto. Mas, sem entregar nenhuma surpresa, é possível reconhecer os méritos de um desfecho que não se entrega à tentação de ser clichê. A solução encontrada pelos roteiristas é criativa e combina com o que tinha sido apresentado até então.
Nota: 9