Passando-se no pouco explorado cenário sul-mato-grossense, Madalena é uma livro de capa bonita e fraco conteúdo
Quando começamos a assistir Madalena o que chama nossa atenção logo de cara é o cenário e as belas paisagens. Temos poucos filmes do cinema nacional que se passam no centro-oeste brasileiro, e a fotografia procura corrigir esse erro enchendo nossos olhos.
É uma pena que mesmo com planos abertos lindíssimos e boa ambientação, o filme de Madiano Marcheti não consegue prender o espectador a todo momento, seja por seus desinteressantes personagens ou por sua falta de sintonia.
Qual a trama de Madalena?
Entre as vidas de Luziane, Cristiano e Bianca há pouca coisa em comum além do fato de viverem em uma pequena cidade cercada por plantações de soja no Centro-Oeste do Brasil.
Embora não se conheçam, os três são afetados pelo desaparecimento de Madalena. Em partes diferentes da cidade, cada um deles encontra seu modo de responder a essa ausência.
O que achamos do filme?
Madiano Marcheti explora não apenas o lugar mas tudo que cerca aquele ambiente, desde a predominância da agricultura, a força política e a dominação da música sertaneja.
Estilizado, Madalena pouco entrega além do visual, talvez apenas nos diálogos naturais e situações tediosas. O sonho do êxodo da cidade pequena permeia a vida dos personagens com pouco em comum, afetados pela solidão.
Seria Madalena o desejo de sair daquele lugar? Marcheti sai do campo metafórico e parte para o real, misturando melancolia e alegria no envolvente último ato. Logo, o filme se mostra interessado na denúncia e nos problemas de esquecimento.
O apagar da história de mulheres trans no país que mais mata pessoas LGBTQIA+, denota o sofrimento e a ocultação da dor. É lamentável que esse sinal de alerta seja ligado tarde demais.
Filme visto no 29ª Festival Mix Brasil, que acontece entre os dias 10 e 21 de novembro de 2021.
Mais informações: https://mixbrasil.com.br/