Sem Dor, Sem Ganho

download (10)Um bando de fortões usando a única parte do corpo que eles não malham – o cérebro – para tentar sair do status quo e vencer na vida. Tudo isso cercado por mulheres, violência e explosões. Esse é o projeto dos sonhos do contestado diretor Michael Bay (Transformers) e é, também, o menor filme da carreira do cineasta (em relação ao orçamento).

E acaba que o filme não é todo ruim. A história surreal – e real – é divertida e interessante em alguns pontos, mas erra a mão em diversos outros momentos. É um filme “assistível”. E isso pode ser considerado uma vitória para o diretor.

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Tudo começa quando Danny Lugo decide se tornar um realizador para viver o “sonho americano”. Para realizar seus sonhos, Danny convence dois amigos à participarem do sequestro de milionário judeu. A partir daí o filme vira uma comédia (mesmo que essa não fosse a intenção inicial) de erros no estilo do brasileiro “Vai que Dá Certo”.

O roteiro do filme é razoável e funciona, apesar de enrolar um pouco e deixar o filme muito grande. Isso acaba sendo um problema, por que o filme tem um climax, depois tem uma pausa pra poder ter um novo climax. A primeira parte é rapida e interessante, enquanto a outra metade é lenta e repleta de erros.

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Outra coisa que me incomodou muito foi o excesso de narrações in off. Todos os personagens acabam narrando alguma parte do filme, mas a maior parte dessas falas são inutéis e chatas. Os roteiristas parecem achar que o público é tão burro quanto os protagonistas e por isso não conseguiriam entender nem o que está sendo mostrado na tela.

É claro que a direção de Michael Bay dá um toque especial – não necessariamente bom – ao filme. Todas as características já vistas nos filmes do diretor estão presentes em “Sem Dor, Sem Ganho”. Algumas, como as explosões, aparecem pouco (não sei se foi por opção ou se foi uma limitação imposta pelo orçamento). Outras, como os momentos farofa e a típica câmera lenta, estão presentes em grande número.

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Uma coisa interessante que pode ser dita sobre a direção desse filme é como ele parece ser um filme caro. Michael Bay mostra que sabe fazer alguns truques e faz cenas gigantescas com pouco dinheiro. Takes diferenciados e muitas cores ditam o ritmo do filme junto com o humor violento e subversivo do diretor.

Mas a partir da metade do filme, Bay começa a errar a mão nesse humor gerado pela violência e o filme se perde. Bay insiste em cenas que não deveriam ser – e não são – engraçadas. Michael deve ter pensado que virou um dos Irmãos Coen e por isso iria conseguir balancear com perfeição humor e violência.

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E o triste é que a história tinha potencial. Tantas discussões poderiam ter sido levantadas dentro do filme se o mesmo fosse tratado com mais seriedade. Mas Michael Bay tem tanto cérebro quanto seus protagonistas bombados.

Imagina se esse filme fosse do Tarantino ou do Oliver Stone.

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O elenco consegue convencer um pouco mais que a direção. Esse convencimento passa pelo fato de que atores estão fazendo personagens completamente diferentes dentro de cada filmografia.

Mark Wahlberg é um ator muito versátil que, geralmente, se dá bem em comédias. Ele lidera o elenco de maneira surtada e divertida. Anthony Mackie também está surtado como o fisiculturista com problemas sexuais. Tony Shalhoub (o eterno Monk) e Ed Harris também estão muito bem.

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Mas o destaque do filme é o grande – literalmente – Dwayne Johnson (ou The Rock). O grandalhão está muito engraçado na pele de um ex-detento convertido ( a cena dele exorcizando Victor é uma das melhores do filme) e sóbrio que é arrastado para a confusão “involuntariamente”. The Rock faz de tudo no filme. Ele derruba as pessoas (por que Jesus deu esse dom para ele), faz churrasco com mãos humanas, carrega seu dedo decepado como um amuleto, cheira cocaína e muito mais.

Um filme razoável que poderia ser muito melhor se o roteiro e a direção fossem mais cuidadosos. Por que no final nem Bay e nem Christopher Markus e Stephen McFeely (os roteiristas) são responsáveis pelo humor e pela violência. Boa parte das risadas acabam vindo do fato da história ser real. É quase impossível acreditar que o que é contado aconteceu de verdade de tão surtada que é a história. Os grandes responsáveis pelo filme são os bandidos mais burros dos EUA.

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Se o filme fosse menor, mais sério e menos dirigido pelo Michael Bay, ele seria muito melhor. Mas vale a pena ser visto como um simples passatempo. Pelo menos não é tão ruim quanto Transformers 3…

OBS 1: Michael Bay continua com a velha mania de colocar atrizes ruins e gostosas em papéis de destaque…

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