Homem de Aço

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O Superman nunca foi o meu herói favorito. Particularmente, eu sempre gostei mais do Batman e do Homem-Aranha. Ainda assim, eu sempre admirei as capacidades e as histórias do maior super-herói de todos os tempos e achava que ele merecia um filme épico, à sua altura.

Homem de Aço ainda não é o filme que Kal-El merece, mas é muito melhor que “Superman – O Retorno”. Pelo menos aqui a porrada come solta…

A história é a mesma de sempre, mas contada no estilo Christopher Nolan (que já comprovou que sabe contar histórias como ninguém). A história é fragmentada, bem explicada, realista e totalmente repaginada.

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A fragmentação é um recurso interessante, porque consegue simplesmente mudar algo que já foi visto milhões de vezes. Os flashbacks emotivos ainda abrem espaço para Kevin Costner brilhar. O ator veterano está muito bem como Jonathan Kent.

A repaginada total que deram na história me agradou. Acho importante um reboot se desvencilhar dos seus antecessores. Independente da motivação, é bom que o uniforme seja diferente, que a música não seja a mesma do John Williams (mesmo esta sendo uma trilha clássica) e que o Henry Cavill não seja o Christopher Reeve.

O roteiro repaginado, raso e furado foi escrito por David Goyer. Goyer não é um bom roteirista e só enganou nos filmes do Batman porque se apoiou nos irmãos Nolan. Sem um Christopher Nolan muito participativo, David se enrola e faz com que o roteiro seja o ponto fraco do filme. Um dos erros de Goyer é exagerar nas comparações entre Jesus Cristo e Kal-El. São discussões filosóficas que não se aprofundam e que arrastam o início do filme.

Outra coisa que me incomodou é a participação da Lois Lane em todas as cenas de ação. Isso não seria um problema se essas participações não fossem tão forçadas. Alguém consegue me explicar por que ela foi convocada pelo General Zod para entrar na nave junto com o Superman?

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Mas o roteiro também tem alguns acertos. O tom sci-fi presente no filme é bem legal e a discussão moral que guia Clark e molda o Superman é muito bem preparada (o caminho moral criado também ajuda a arrastar o filme, mas é algo que faz mais sentido do que comparar Clark a Jesus). Jonathan Kent e Jor-El são forças contrárias que ajudam a criar o Superman do jeito certo na hora certa. Também gostei da jornada de descobrimento do personagem, que mostra que ele não é perfeito, mas que, ao mesmo tempo, ele não consegue deixar de ajudar as pessoas.

Aqui a auto-explicação eterna, que é normal em filmes do Nolan, não incomoda tanto e ainda ajuda a criar alguns conceitos interessantes relacionados, principalmente, a Krypton (a roupa, o S, etc…).

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Outra coisa legal foi a utilização de uma boa discussão já feita nos quadrinhos. No filme, Jonathan é quem avisa para Kal-El que ele deve ficar escondido, porque o mundo não está preparado para ele. Afinal, Clark é a resposta para a pergunta “Existe vida fora do planeta?”. A falta de preparação do planeta é reforçada, quando Perry White decide não publicar o artigo de Lois sobre o seu salvador misterioso.

A direção do filme ficou com Zack Snyder, um diretor estilizado e talentoso (pelo menos, eu acho) e que já rendeu um bom dinheiro pra Warner com “300”. Pra repaginar a história do Superman, Zack se desmontou completamente. A direção aqui é diferente de tudo o que Snyder já fez. Ele abandonou o uso, às vezes excessivo, do slow motion para ter uma ação mais rápida e movimentada. Para algumas cenas, Snyder também se inspirou em outros diretores, sendo que Terrence Malick é a fonte de inspiração mais clara.

Ainda assim, o estilo de filmagem de Zack Snyder ainda se faz presente em alguns momentos. O visual do filme é muito legal e as cenas de ação são filmadas com segurança e rigor. O porradeiro é espetacular e a destruição é avassaladora. Snyder ainda aproveita as cenas de ação grandiosas para testar algumas técnicas novas. As cenas de voo são estilizadas de um jeito legal e a cena da luta entre Superman e Zod é muito bem filmada (tem um take que a câmera parece estar nas costas do herói que é muito legal).

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Enfim, a parte técnica do filme é irretocável. A parte visual é bonita, funcional e grandiosa. Todos os efeitos especiais são espetaculares. Edição, fotografia e direção de arte (Krypton está muito foda) completam muito bem a parte técnica do filme.

O elenco também foi uma boa escolha dos produtores. Henry Cavill é um ótimo ator que consegue dar profundidade ao Superman. A maioria do público não liga para a qualidade do interprete de Kal-El e, mesmo assim, Cavill cria um herói com algo mais.

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Amy Adams está bonita e carismática como sempre, Kevin Costner e Russell Crowe arrasam como os dois pais de Clark e até Cristopher Meloni e Antje Traue funcionam. Diane Lane se destaca no plano emocional, por mais que sua Martha Kent apareça pouco. Martha é tão importante quanto Jor-El e Jonathan na criação do homem de aço, mesmo que de uma maneira diferente.

Mas entre todos os atores desse ótimo elenco, o destaque é um perturbado Michael Shannon como o vilão Zod. Não acho que Zod seja um vilão bem construído e interessante, mas a atuação forte e assustadora de Shannon faz com que Zod roube os olhares do público.

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O filme não é perfeito. Tem alguma coisa, que eu não consegui identificar, que me incomodou e não me deixou sair do cinema 100% satisfeito. Ainda assim, Homem de Aço tem ação de alto nível e um visual genial. É um universo recriado – onde Batman e Clark podem conviver – que pode satisfazer fãs e novatos.Gostei do filme, mas não me arrisco a afirmar que ele é melhor que o clássico de 1978.

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OBS 1: Algumas falhas técnicas no som do Cinemark me atrapalham a assistir e aproveitar o filme. Em diversos momentos, o áudio diminuiu e beirou o zero (ainda bem que o filme era legendado). Como “sentir” o porradeiro e a destruição de Smallville sem os efeitos sonoros e a trilha sonora? E ainda tinha um bebê de colo sentado (com os pais, obviamente) na cadeira atrás da minha que ficou falando e chorando o filme inteiro.

OBS 2: Dos meus heróis favoritos, o Batman está bem representado pela trilogia do Nolan. Agora falta repaginarem, de maneira prestável, o Homem-Aranha…

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