Batata – Crítica | Festival É Tudo Verdade 2022

batata
Foto: Divulgação Festival É Tudo Verdade

Resultado de um protesto pacífico fomentado por denúncias de corrupção, a guerra deflagrada na Síria já dura mais de dez anos e coleciona desemprego, mortes e miséria. Mas o que sabemos a respeito disso? Batata pretende mostrar


O que acontece fora do eixo americano e europeu não vira notícia, e aqueles que padecem dentro desse conflito parecem viver num mundo diferente do nosso.

Afinal, nenhuma situação de países subdesenvolvidos desperta interesse, nós só ficamos em estado de alerta quando as coisas respingam em nós e aí, abrimos uma roda de debate sobre o que está acontecendo. Mas Noura Kevorkian buscou nos trazer os fatos do ponto de vista dos refugiados.

+++ É Tudo Verdade 2022 | Festival de documentários divulga a programação completa

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Foto: Divulgação Festival É Tudo Verdade

Qual a trama de Batata?

A fim de tirar essa venda dos nossos olhos, “Batata” abrange dez anos da vida de Maria, uma muçulmana síria presa num campo de refugiados no Líbano e impedida de voltar para casa. Maria vive em uma barraca no Camp Mousa, uma plantação de batatas de um libanes – Mousa, que acolheu ela e o pai logo que os conflitos na Síria começaram.

À medida que o documentário se desenvolve, acompanhamos a intensificação da guerra, e o plantio vai perdendo espaço para o número de emigrados que aumenta com o passar dos meses.

O que achamos do filme?

Mousa – o líder, demonstra muito apreço por Maria, em determinado trecho do documentário ele conta como ela é fundamental para o funcionamento da plantação e deixa claro que sem a força dela, aquilo jamais funcionaria. Maria por sua vez, apesar de ter uma profunda gratidão por Mousa, conta como a vida é exaustiva, trabalhando dia após dia.

Ironicamente Maria cultua a vontade de ser dona de casa, cuidar dos filhos e marido, mas essa opção não lhe foi dada já que a “missão” dela é cuidar de todos ao seu redor, mesmo que eles não retribuam. E assim vemos como a visão patriarcal, principalmente em lugares mais conservadores, age. Esse sistema não está limitado a apenas reduzir uma mulher ao lar, mas também em tirar o poder de escolha de como conduzir a própria vida.

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Foto: Divulgação Festival É Tudo Verdade

À medida que as coisas pioram na Síria, o filme é tomado por um tom sombrio, durante minutos em diversas cabanas, acompanhamos choros daqueles que assistem às notícias de seu país natal. Muitos ali, de famílias grandes, se preocupam com a vida dos tios, primos e irmãos. Pedidos de socorro e dinheiro dos que estão longe, se tornam rotina na vida de Maria e dos familiares do campo. Sem perspectiva, alguns apenas caem numa depressão profunda a ponto de não ter forças para levantar da cama.

O documentário é apresentado em estações do ano. Em uma delas, o inverno, vemos como a situação dos refugiados do Camp Mouse se agrava. As pessoas queimam móveis para tentar se aquecer no frio e a comida é quase escassa, visto que muitos ali não tem trabalho. Com o cultivo prejudicado, o que é plantado ali quase não se vende e a batata passa a ser um dos principais alimentos dessas pessoas.

“Batata” foi filmado em 10 anos, desde o início dos conflitos políticos. No início do filme, a plantação tinha pouquíssimas barracas, apenas a de Maria, do pai dela e de Mousa. Noura Kevorkian nos permitiu acompanhar o avanço da guerra, nos fazendo perceber como a explosão de conflitos políticos afeta aqueles que estão na base da pirâmide.

+++ Quem tem Medo? – Crítica | Festival É Tudo Verdade 2022

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Foto: Divulgação Festival É Tudo Verdade

O longa mostra como os campos de refugiados, aos poucos, se tornam “favelas” à medida em que àquelas pessoas vão sendo marginalizadas.
Ocupando o lugar de fala de uma mulher, cujo país encontra-se em guerra, a diretora nos trouxe todas as nuances das dificuldades que essas pessoas enfrentam.

Desde a falta de escola para as crianças que chegam e nascem ali, até a falta de saneamento básico. E num choque de realidade, tomamos consciência de uma guerra que acontece a mais de uma década.


Filme visto no Festival É Tudo Verdade 2022, que acontece entre os dias 31 e março e 10 de abril. Para mais informações clique AQUI.

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