A Quinta Estação | Livro de N.K. Jemisin é uma história complexa, profunda e tocante.

A Quinta Estação | Livro de N.K. Jemisin é uma história complexa, profunda e tocante. 4

A Quinta Estação mostra que N.K. Jemisin sabe conduzir uma história entre variadas ideias, com um final arrebatador. Leia nossa Resenha.

  • Título: A Quinta Estação
  • Autora: N.K. Jemisin
  • Edição: 2017
  • Editora: Morro Branco
  • Páginas: 560
  • Gênero: Ficção Científica com toque de Fantasia

Eles são orogenes, os Misalems do mundo, nasceram amaldiçoados e terríveis.

Essa ficção científica, vencedora do Hugo Awards, é o primeiro volume de uma série chamada A Terra Partida. Autora N.K. Jemisin, é uma nova iorquina negra, e traz aqui o protagonismo feminino negro num cenário pós-apocalíptico.

A Quinta Estação | Livro de N.K. Jemisin é uma história complexa, profunda e tocante. 5
Foto: Editora Morro Branco

Sobre o livro A Quinta Estação

Em A Quinta Estação o Apocalipse vai se repetindo de tempos em tempos. Além das quatro estações normais que se tem no ano, de tempos em tempos acontece uma quinta estação, e nunca se sabe o que vai vir com ela. Já teve uma de chuva ácida, já teve de cinzas, sempre muda. O que todos sabem é que a Quinta Estação vem, e o mundo é quase destruído quando isso acontece, sobrando poucos sobreviventes para dar continuidade a tudo.

Além disso, A Quinta Estação se passa em um continente chamado ironicamente de Quietude, é tomado constantemente por tremores de terra. Não se tem notícias de outros continentes, ou o que acontece no mundo. Em Quietude existem algumas pessoas capazes de controlar ou até causar tremores, os orogenes, chamados constantemente por uma palavra ofensiva — rogga.

O povo de Quietude vive perpetuamente preparado para o desastre. Construiu muros e cavou poços e guardou alimentos, e pode facilmente durar cinco, dez, até vinte anos em um mundo sem sol.

Na história de A Quinta Estação, essas crianças orogenes são extremamente temidas, afinal de contas elas podem causar terremotos e destruir cidades inteiras. Frequentemente são assassinadas ainda na infância, quando seus poderes são descobertos. Porém existe uma sociedade, chamada Fulcro, que acolhe essas crianças e as ensina a controlar seus poderes. Eles são na medida do possível respeitados pela sociedade e governantes de cidades, e frequentemente fazem trabalhos para controle dos tremores.

Vocês representam todos nós. Machucamos vocês para que não prejudiquem o restante de nós.

A autora coloca bastante da sua crítica social em relação ao racismo, uma vez que essas crianças são ensinadas desde cedo a se portar, se vestir e se arrumar de uma forma que seja correta, pois elas não podem parecer “mal” à frente da sociedade, uma vez que uma representa todas. Mesmo com sua formação e não sendo mais um perigo para a população, esses orogenes ainda são maltratados e sofrem muito preconceito pelas próprias pessoas que os contratam para resolver seus problemas.


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Mas cada um de nós é apenas mais uma arma para eles.

Questões raciais ainda são levantadas mais diretamente. Ao que se deu a entender, toda a população de Quietude é negra, mas ainda fazem distinção uns dos outros pelo tom de pele ser mais claro ou escuro, além dos diferentes sotaques, apontando para regiões que seriam mais importantes do que outras.

Além desse cenário caótico com um plano de fundo para esses debates sociais e raciais, A Quinta Estação ainda apresenta estranhas criaturas chamadas aqui de “comedores de pedras”, criaturas misteriosas completamente brancas que quase não se mexem, como o nome sugere se alimentam de pedras, e que nesse primeiro volume ainda não é explicado o que são, porém apresentam um papel importante em vários pontos chave da leitura.

A Quinta Estação é o novo livro de N.K. Jemisin e é impactante
Foto: Editora Morro Branco

O que achamos do livro de N. K. Jemisin

Quinta Estação tem três frentes narrativas protagonizadas por mulheres, o que faz com que o leitor espere um tipo de conversão das personagens, e quando acontece é surpreendente e emocionante. Duas delas são em segunda pessoa e uma delas é muito diferente. Uma segue uma menina, sendo iniciada no Fulcro, a outra uma jovem já com formação completa indo para uma missão.

A terceira, uma mãe que perdeu um filho, indo atrás do assassino — o próprio pai da criança, e que sequestrou a filha mais velha do casal, e essa é a narração perturbadora. É como se tivesse uma pessoa narrando falando sobre outra, a chamando sempre de “você”.

Esse tipo de narrativa em A Quinta Estação foi uma experiência estranha, pois força um pouco mais de quê a pessoa como leitor entre no papel da personagem, afinal de contas o narrador fica o tempo inteiro falando “você”, forçando isso.


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Talvez você ache errado eu falar tanto dos horrores, da dor, mas ela é o que nos molda, no fim das contas.

A Quinta Estação é um livro maduro, pesado, muito longe de passar por essas séries focadas em um público adolescente, e apesar de sua classificação etária ser para 15 anos na verdade é bastante adulto . É de uma profundidade emocional intensa. Acredito ser uma ótima leitura não só para fãs de ficção científica como também para de fantasia, com uma crítica social e racial intensa, sendo finalmente usada e premiada em um mercado predominantemente branco.

N.K. Jemisin trabalha muito bem tantas relações humanas em tantos níveis diferentes, e realmente um livro só não é suficiente para contar a história, complexa, profunda e tocante, e com um final que me fez querer o segundo desesperadamente. A Quinta Estação foi uma das melhores leituras que já fiz, elevando a relação com o gênero de ficção científica a um novo patamar.

Palavras talhadas são absolutas.

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