Doctor Who | Apesar do final bagunçado, série teve a melhor temporada em anos

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Foto: Divulgação Disney Plus

Doctor Who passou por poucas e boas nos últimos tempos. Desde o quase cancelamento durante o Brexit até a péssima qualidade de escrita e direção nas mãos de Chris Chibnall, o futuro da série parecia cada vez mais incerto.


Texto escrito por Deivid Ruan da Purificação do Pinguim Dançarino

Isso até 2022, com o anúncio do retorno de Russell T. Davies (responsável pelas quatro primeiras temporadas de 2005 e Years and Years), David Tennant para os especiais de 60 anos e Ncuti Gatwa como o novo Doutor, além de uma promessa de parceria na distribuição internacional feita pela Walt Disney. Agora, com o fim desta temporada (anunciada como um soft reboot), o futuro da série parece estar mais claro, mas será que isso é bom?

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O que tem de diferente na nova temporada de Doctor Who?

De cara, os pontos fortes desta temporada são o elenco e a escolha de reinventar o tipo de narrativa com a qual os episódios vão trabalhar. Com a ficção científica ainda mais como um detalhe, o recomeço da série mergulha de cabeça na fantasia, construindo uma mitologia com novos conceitos e abraçando o que veio antes como existente dentro da mesma lógica.

Entidades como o Toymaker passam a integrar o “panteão” de deidades com as quais o Doutor se encontra ao longo de vários episódios. Mesmo quando entidades míticas não estão presentes, a ficção científica serve como um dispositivo para dar vida a contos de fadas (como o bicho-papão em “Spacie Babies” ou o folk horror em “73 Years”).

Esse abraço à fantasia dá espaço tanto para uma diversidade ainda maior de gêneros narrativos quanto para uma gama bem completa de atuação por parte de Ncuti Gatwa e Millie Gibson, que têm que acompanhar a mudança de tom e entrega conforme a trama do episódio pede, indo de musical a horror de um episódio para o outro.

Nem só de elogios vive a série

Mas, apesar de todos os elogios do parágrafo acima, o problema desta temporada também parece ser fruto da nova abordagem. Russell T. Davies parece usar a desculpa de magia ou “mito” como muleta para a resolução de mistérios e conflitos na trama da temporada, envolvendo a identidade da mãe de Ruby Sunday (Millie Gibson).

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Foto: Divulgação Disney Plus

Toda a suposta crise de identidade que a personagem tem nos dois episódios finais é muito abrupta e soa alheia ao tom dela nos episódios anteriores. A conclusão para o suspense ser esse grande “nós acreditamos nisso o suficiente para dar força” é ainda mais forçada, já que não se conecta em nada ao vilão do finale (que não revelarei por motivos de spoilers).

Mas e aí, a temporada foi boa?

Contudo, o final amargo não empalidece excelentes episódios como “The Devil’s Chord” ou “Rogue”, que conseguem surfar bem melhor na nova identidade da série, usando o misticismo no design de produção e fotografia para evocar um senso de fantástico que passa a existir também no visual, como ângulos holandeses e notas saltitantes durante o embate do Doutor com o Maestro ou as criaturas com cara de coruja de pelúcia em “Rogue”.

Provavelmente, as derrapadas no final devem assustar os veteranos na série ou preocupar novos espectadores, mas uma boa temporada com final convoluto ou apressado já é tão comum dentro da série (mesmo em suas boas eras) que esta acaba sendo uma perfeita reintrodução da série para uma nova fase.


A nova temporada de Doctor Who está disponível no Disney Plus

Clique aqui e conheço o trabalho do Deivid

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