O Ceifador: Como temática sombria e humor obscuro, o livro é uma leitura que agrada bastante

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  • Título: O Ceifador
  • Autor: Neal Shusterman
  • Ano: 2016
  • Edição: 2017
  • Editora: Seguinte
  • Páginas: 448 que passam num piscar de olhos
  • Gênero: Ficção Científica/Utopia

Livro com protagonistas adolescentes, um rapaz e uma garota, que são convocados para participar de um grupo de elite, e vão ter um mestre para guiá-los no processo. A garota é mais inteligente e estudiosa, o rapaz é mais introspectivo e tem uma quedinha por ela. E em algum momento os dois têm que competir um contra o outro. O Ceifador apresenta, basicamente, a trama de um monte de livros voltados para o público adolecente e jovem que encontramos por ai, só que de um jeito que você nunca viu antes.

Eu ouvi falar em O Ceifador pela primeira vez quando tinha meus 28 anos e não dei bola nenhuma, pois pela sinopse parecia uma estória completamente formulada. Até que uma amiga na mesma faixa de idade leu e me indicou, falou tão bem que colocamos como leitura do nosso clubinho de ficção científica. Agora, com quase 33, li e AMEI.

Sim, tem protagonistas adolescentes, um mestre, um grupo misterioso, um “governo” misterioso e essa coisa super comum em livros com a famosa narrativa da Jornada do Herói, porém a trama é muito bem construída, e vai muito além de uma disputinha entre adolescente imaturos que na verdade se amam. O Ceifador é um livro super interessante e indicado para todas pessoas de todas as idades que gostam de se divertir com uma boa leitura.

O Ceifador é um livro muito interessante de se ler
Foto: Divulgação

Sobre o livro O Ceifador

Aqui vai a sinopse clichê que me fez ficar longe dele:

A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria… Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador – um papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a “arte” da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão – ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais -, podem colocar a própria vida em risco.

Brega, né?

Mas é começar a ler e não querer parar.


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Pra início de conversa, tem essa sociedade utópica. Sim, UTÓPICA. Geralmente estamos acostumados e livros futuristas serem sempre Distopias, com sociedades sombrias e mesmo que seja um ambiente altamente tecnológico sempre tem um povo reprimido, um governante a ser derrotado, uma revolução com seu estopim prestes a acontecer. Mas não, Neal Shusterman nos entrega, em O Ceifador, um mundo perfeito.

Sem pobreza, miséria, fome e guerras, as pessoas vivem suas vidas sem nenhuma preocupação importante. A Nimbo Cúmulo, única forma administrativa do mundo, sabe o que todos querem e precisam e toma conta de todos. Várias profissões passam a ser irrelevantes nessa utopia de O Ceifador. Não existem doenças, ao envelhecer as pessoas passam por uma restauração e ficam jovens novamente, acidentes que antes eram fatais passam a ser caso de alguns dias em um centro de revivificação para que suas vítimas possam voltar em breve à vida normal. A única e verdadeira morte acontece quando um Ceifador seleciona alguém para a “coleta”.

Um dos pontos interessantes foi acompanhar como é a vida nessa utopia. Existem os mais ricos e os mais pobres sim, mas nunca chegam a passar fome, a ser miseráveis, a se endividarem. Por vezes pensando em como seria bom viver ali, mas ao mesmo tempo questionar qual seria a nossa motivação para permanecer vivendo por tanto tempo. Mas claro que nem tudo são flores em O Ceifador. Assim que entramos na trama dos nossos protagonistas adolescentes sendo apresentados à Ceifa, ordem dos Ceifadores, vemos que existem algumas coisas um pouco estranhas.

Os aprendizes se deparam com um grupo de Ceifadores que parecem ter uma voracidade em fazer suas coletas de forma extremamente violenta. No universo de O Ceifador, vários questionamentos também são feitos a Nimbo Cúmulo, nuvem de informações que administra todo o fluxo de dados de todos e, dessa forma, faz com que a humanidade consiga se manter em harmonia com o planeta, sem guerras, fome, etc etc dessa utopia linda, mas nem tanto. Os historiadores do livro contam que ela começou apenas como uma nuvem de armazenagem de dados, mas se tornou uma inteligência artificial consciente. Daí podemos questionar nós mesmos, onde as tecnologias que estamos construindo hoje vão parar?

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Foto: Divulgação

O que achamos de O Ceifador?

Mas voltando a trama principal de O Ceifador, o drama adolescente. Os personagens são legais, dá pra se identificar com os dois em vários momentos diferentes, são cativantes e claro que a gente acaba sofrendo junto. Mas não é aquela melação exagerada que vemos em alguns livros do gênero, onde os autores e autoras várias vezes ficam criando oportunidades forçadas para fazer um romance melodramático intenso e mostrar, no final das contas, que o amor vence tudo e blablabla. Neal Shusterman cria um relacionamento que acaba sendo complexo pela competição, mas que na verdade se constrói de forma super simples e natural.

A competição entre eles é o ápice do livro, que causa nervosismo e ansiedade para saber como isso vai ser resolvido no final. E obviamente que é só no final, o autor não foge tanto assim de clichês, mas esse é um que eu gosto muito. O final bem entregue e bem bolado. E olha, como é bem entregue e bem bolado, viu? Neal Shusterman não deixa um i sem pingo no final de O Ceifador. Todas as pequenas dicas que foi dando ao longo do livro, tudo o que estava aberto, acaba sendo bem usado e de forma surpreendente.

O final de O Ceifador é tão bem fechado, que fica até realmente parecendo uma conclusão da estória mesmo. Porém, sabendo que tem mais dois volumes, a vontade de ler é grande!

O Ceifador é um livro com uma temática bastante sombria, mas ainda assim contém um humor obscuro divertido e questionamentos interessantes. Definitivamente uma leitura que agrada tanto adolescentes quanto xóvens idosas, como eu.

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