William Friedkin | 8 filmes para conhecer o diretor de O Exorcista

William Friedkin
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Não conhece a obra de William Friedkin? Separamos 8 filmes que estão disponíveis em serviços de streaming ou plataformas de aluguel


No último dia 7 de agosto (segunda), o cinema perdeu um gigante chamado William Friedkin

Nascido em uma família de classe média-baixa de Chicago, o diretor começou sua vida profissional como office boy em um canal de TV local. Pouco tempo depois, já estava filmando documentários ousados e se destacando na programação.

O próximo passo foi se mudar para a Califórnia e tentar a vida em Hollywood, onde ficaria conhecido como um diretor de temperamento difícil. Ora por ser realmente durão, ora por não aceitar todas as diretrizes definidas pelos executivos. 

O fato é que sua personalidade se tornou uma lenda entre os produtores. Mas a gente volta neste tópico daqui a pouco…

Antes, precisamos falar sobre um início de carreira cheio de fracassos de bilheteria, em especial a primeira versão cinematográfica da peça The Boys in the Band. Sim, a mesma história que foi adaptada pela Netflix em 2020, com Ryan Murphy na produção.

Muita gente espalha até hoje que a falta de sucesso estaria ligada ao desejo nutrido por William Friedkin de se aproximar do cinema francês, porém eu acredito que a resposta está no teor provocativo de suas obras. Afinal, ele é parte importante de uma geração de diretores que desafiou a indústria com obras autorais em um movimento conhecido como a Nova Hollywood. 

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O próprio The Boys in the Band foi um dos primeiros filmes americanos a abordar o universo LGBTQIA+ de maneira franca e natural. Tanto que, em 2020, o diretor se reuniu com a equipe da refilmagem para contar as histórias que envolveram essa adaptação em época muito mais conservadora. 

O mesmo tema também foi elemento central em Parceiros da Noite, apesar deste longa apresentar aspectos um pouco mais estereotipados e boêmios do mundo LGBTQIA+. No longa, lançado em 1980, Al Pacino interpreta um policial que se infiltra no submundo nova-iorquino para encontrar um serial killer.  

Os sucessos de William Friedkin

Transgressões a parte, Friedkin viu sua carreira dar uma verdadeira guinada quando aceitou dirigir Operação França, um longa policial estrelado por Gene Hackman e Roy Scheider. Abusando da câmera de mão – que remetia ao seu início como documentarista – para filmar protagonistas que não eram exatamente mocinhos, ele criou um filme de investigação moderno que resultou em um Oscar de Melhor Direção. 

Esse filme, que continua sendo merecidamente celebrado, é uma obra que sintetiza muito bem o cinema de Friedkin. Um diretor que se apropriou dos elementos do cinema de gênero (principalmente o policial e o terror) com um apuro técnico invejável para capturar as transformações socioculturais da sociedade americana em plena contracultura, ressaltando em especial a linha tênue que separa o bem e o mal. 

O resultado: filmes sujos com protagonistas sujos que faziam questão de expôr as imoralidades que a sociedade fazia de tudo para esconder. Não digo que isso “manchou” sua reputação, mas obviamente teve um peso considerável na construção da lenda em torno do seu temperamento.

Leia mais: Crítica | O Exorcista do Papa

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E seria um tanto bizarro colocar a culpa somente nisso, porque existem histórias de set (plenamente documentadas) que mostram um pouco da personalidade de William Friedkin. Muitas delas estão, não por coincidência, no filme que seguiu Operação França: um tal de O Exorcista. 

Começando pelo momento icônico em que ele classifica o roteiro escrito por William Peter Blatty, que também havia escrito o livro que originou o filme, como a pior coisa que leu em toda sua vida. No entanto, ao contrário do que todos esperavam, o autor viu coragem nessa atitude e permitiu que Friedkin escrevesse o texto. 

Outras histórias foram surgindo com o tempo para destacar as consequências do realismo exigido pelo diretor. Temos desde uma cena mínima sendo regravada centenas de vezes porque o bacon não estava fritando da forma correta até Ellen Burstyn machucando a lombar após ser puxada pela cintura e arremessada para trás com tudo. 

O declínio de William Friedkin não demorou tanto…

Pouco tempo depois de dirigir O Exorcista e realizar o feito de levar o terror para o Oscar, Friedkin decidiu refilmar (apesar de recusar esse nome) um longa de Henri-Georges Clouzot, cineasta francês que o influenciou em diversos momentos. Eis que surge o subestimado e incrível Comboio do Medo. 

A produção deste longa, que passou por quatro países e estourou o orçamento várias vezes, reforçou o mito em torno do temperamento do diretor. Dizem que ele explodiu em vários momentos, demitindo diversas pessoas pelos motivos mais fúteis possíveis. 

Entretanto, não foram essas histórias que geraram o declínio de William Friedkin. Comboio do Medo teve dois outros problemas:

  1. Foi lançado na mesma época e consequentemente engolido por Star Wars, tornando-se um filme caro com uma bilheteria pífia. O próprio diretor sugeriu que isso aconteceria, porém a distribuidora ignorou os avisos;
  2. Para ilustrar a exploração das corporações multinacionais na América Latina, Friedkin utilizou uma foto da diretoria da Gulf and Western. Uma crítica que não passou batida, uma vez que a empresa era dona da Paramount Pictures (aka produtora de Comboio do Medo). 

O conjunto desses fatores colocou Friedkin na geladeira de Hollywood. Ele passou a ter dificuldade para financiar seus filmes e, mesmo quando conseguia produzi-los, sofria na distribuição. Isso fez com que grandes obras, como Parceiros da Noite e Viver e Morrer em Los Angeles, fossem eclipsadas por outros lançamentos mais “populares”. 

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Aos poucos os filmes de William Friedkin ficaram mais espaçados, transitando entre obras questionáveis (Jade e A Árvore da Maldição) e produções com potencial para se equiparar à fase de ouro. Nessa lista, eu coloco Caçado, Possuídos, a refilmagem para a TV de 12 Homens e uma Sentença e o erroneamente ignorado Killer Joe – Matador de Aluguel. 

O longa estrelado por Matthew McConaughey dividiu a crítica, mas ganhou espaço na mídia e faturou um Leão de Ouro no Festival de Veneza. Uma bem-vinda celebração para essa estética que usa a violência e a imoralidade como combustível para retratar uma sociedade moralmente vazia. 

De tempos em tempos, ele tentava voltar seus olhos para documentários, como os celebrados Conversation with Fritz Lang (gravado meses antes da morte do diretor alemão) e O Diabo e o Padre Amorth. No último, ele retorna às raízes de O Exorcista para entrevistar o padre que deu origem não só ao personagem de seu filme, mas também ao recente O Exorcista do Papa. 

O último filme da carreira de William Friedkin, uma ficção histórica chamada The Caine Mutiny Court-Martial, será exibida no mesmo Festival de Veneza que tanto o abraçou e posteriormente distribuída nos cinemas. A obra é estrelada por Kiefer Sutherland e Jason Clarke. 

8 filmes de William Friedkin que você pode assistir em casa

Segundo o Letterboxd, Friedkin dirigiu 31 filmes – incluindo curtas e longas – durante sua carreira. Um número muito pequeno dessas obras está disponível atualmente no Brasil, seja em mídia física, serviços de streaming ou plataformas de aluguel digital. 

Nós separamos oito títulos para você conhecer um pouco sobre o estilo desafiador dessa verdadeira lenda do cinema. 

O Exorcista 

Disponível em: HBO Max e Amazon Prime Video

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OBS: Na HBO Max, você também pode assistir a uma versão do diretor que ficou conhecida como A Versão Que Você Nunca Viu. 

Operação França

Disponível em: Star+

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Viver ou Morrer em Los Angeles

Disponível em: Oldflix

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Parceiros da Noite

Disponível em: Aluguel na Amazon

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Killer Joe – Matador de Aluguel

Disponível em: Amazon Prime Video

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Doze Homens e uma Sentença

Disponível em: Aluguel na Amazon e AppleTV

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Caçado

Disponível em: Amazon Prime Video

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O Diabo e o Padre Amorth

Disponível em: Aluguel na AppleTV

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