Do mesmo diretor de Meu Pai, filme indicado ao Oscar 2021, “Um Filho” se perde nas próprias pretensões
Quando Chorão cantou em 2000 que “o jovem no Brasil nunca é levado a sério”, ele falava sobre ideias políticas revolucionárias, não sobre dramas baratas e sem motivo. Um Filho, novo filme de Florian Zeller pode ser classificado como um drama barato (não um melodrama), que acaba virando uma bola de neve incontrolável e sem razão de existir.
É bizarro que, o mesmo diretor de Meu Pai, tenha entregado um longa tão mal dirigido, sem alma e personalidade desta vez, fazendo exatamente o contrário do que tinha feito, tanto no controle de sua trama e personagens.
Qual a trama de Um Filho?
Um Filho conta a história de Peter (Hugh Jackman), cuja vida agitada com a nova companheira é interrompida quando a ex-mulher Kate (Laura Dern) chega com o filho adolescente problemático e distante, Nicholas (Zen McGrath), deixando a família em caos.
Embora Peter mal conheça Nicholas, ele decide se dar uma chance e concorda em hospedá-lo. O próprio Peter tem uma relação terrível com o pai, que era cruel quando ainda estava em sua vida. Tudo parece indicar que o homem superou o trauma da infância e espera ser um bom pai para Nicholas.
O que achamos do filme?
Apesar de se chamar “Um Filho”, o filme de Florian Zeller nunca foca exatamente no personagem intitulado, já que entender o que se passa na cabeça de Nicholas é bastante complexo, e em nenhum momento a produção parece se importar com o possível protagonista, transferindo suas forças para a estrela do filme, o Peter de Hugh Jackman.
A relação de ambos é o destaque, mesmo que no quesito atuação, McGrath e Jackman pareçam ter sido dirigidos por Tommy Wiseau em “The Room”. Zeller não tem pulso desde o controle do espaço, até a exploração de emoções de seus atores, rendendo cenas risíveis e sofríveis de assistir.
Além disso, o diretor tem zero sensibilidade em tratar de assuntos sérios, em alguns momentos optando por causar o choque pelo choque, ao mesmo tempo em que gera zero empatia pela jornada de Nicholas, tornando-o mais um adolescente chato do cinema.
Assistindo a produção, é nítido perceber porque Um Filho foi tão jogado para escanteio na temporada de premiações. Mesmo tendo atores consagrados, todo mundo consegue estar péssimo, com exceção de Anthony Hopkins que consegue tirar leite de pedra de um texto pobre e sem vida. Que tistreza!
Nota: 2