De Damían Szifrón, diretor de Relatos Selvagens, “Sede Assassina” é um suspense clássico no melhor sentido
Com o cinema recente misturando gêneros, às vezes de maneira forçada e outras vezes de forma natural, é difícil achar um filme que se classifique apenas com um único viés, capaz de gerar um sentimento único no espectador. O próprio “Relatos Selvagens“, filme anterior de Damían Szifrón, é um mix de sentimentos.
Agora em “Sede Assassina” (To Catch a Killer no original), o diretor argentino fica exclusivamente na construção de um suspense sólido, daqueles que nos deixam na ponta da cadeira, não ancorando-se em reviravoltas baratas, mas descobrindo tudo junto ao seu espectador.
Qual a trama de Sede Assassina?
A polícia e o FBI lançam uma desesperada caçada para identificar e capturar um assassino em massa que está aterrorizando a população. Frustrado pelo comportamento imprevisível e sem precedentes do criminoso, o investigador-chefe do FBI (Ben Mendelsohn) recruta Eleanor (Shailene Woodley), uma talentosa policial que está lutando contra os demônios de seu passado, para ajudá-lo no caso.
Mesmo inexperiente, Eleanor pode ser a única capaz de entender a mente desse assassino enigmático.
O que achamos do filme?
O início frenético nos coloca dentro da cidade, fazendo o espectador presenciar o caos. O texto de Szifrón em parceria com Jonathan Wakeham, está pouco preocupado com explicações desenhadas e didatismo, afinal, o tempo é o maior inimigo da investigação. O passo a passo que vai da perícia aos possíveis suspeitos e pistas engendradas, dá a sensação de desconfiança de que qualquer um pode estar envolvido. Humanizar o assassino também é outro fator relevante na trama, que mantém a audiência hipnotizada.
Shailene Woodley de cara limpa e sem vaidade, entrega uma atuação acima da média. Ao lado de Ben Mendelsohn, Jovan Adepo e Ralph Ineson, parecem dispostos a entregar um suspense de qualidade. Claro, há espaço para alguma descontração e foco na vida pessoal dos personagens, mas é tudo cercado de cinismo.
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Essa ironia está constantemente atrelada as críticas que Szifrón faz questão de fazer ao governo americano (seja ele qual for). Corporações, capitalismo, falsa sensação de liberdade, o papel da mídia sensacionalista, tudo isso afeta a vida dos envolvidos direta e indiretamente no mistério, ao mesmo tempo em que a produção alfineta os EUA.
Apesar de último ato mais expositivo, Sede Assassina não abandona o sentimento de tragédia que nos acompanha por toda a projeção. Szifrón opta por um final agridoce, e mescla coragem e beleza na mesma medida. Visceral, a ansiedade dos protagonistas em busca de uma resposta parece pular para fora da tela, mesmo que o nosso deseja às vezes seja estar dentro dela.