Entre tropeços e decisões corajosas, “Pantera Negra Wakanda Para Sempre”, é um homenagem digna a memória de Chadwick Boseman
O diretor Ryan Coogler (Creed, Pantera Negra) tinha que entregar três coisas quase obrigatórias em Pantera Negra Wakanda Para Sempre: homenagear a partida repentina de Chadwick Boseman, ator que dava vida ao personagem que veio a falecer em 2020, apresentar bem uma nova civilização e personagem (a introdução de Namor e de Talocan), além de desenvolver alguém novo para assumir o manto.
Felizmente, Coogler faz as três funções muito bem, falhando apenas numa montagem fora de ritmo (num filme de quase 3 horas), e em cenas de ação pouco inspiradas (bem diferente do que o diretor fez em trabalhos anteriores).
Qual a trama de Pantera Negra Wakanda Para Sempre?
No filme, a rainha Ramonda (Angela Bassett), Shuri (Letitia Wright), M’Baku (Winston Duke), Okoye (Danai Gurira) e as Dora Milaje, lutam para proteger sua nação das potências mundiais que intervêm após a morte do Rei T’Challa.
Enquanto o povo de Wakanda se esforça para embarcar em um novo capítulo, os heróis devem se unir com a ajuda da Cão de Guerra Nakia (Lupita Nyong’o) e Everett Ross (Martin Freeman) para forjar um novo caminho para o reino.
O que achamos do filme?
Pantera Negra Wakanda Para Sempre pode ser analisado de duas maneiras. No nível emocional, a nova produção da Marvel é perfeita. O respeito com que tratam a morte de Chadwick Boseman está desde a cena de abertura, passando pelo créditos da casa das ideias, fazendo o público sentir saudade até o final.
Em termos de narrativa, o filme peca numa montagem bagunçada, onde cenas parecem não se encaixar nos mais de 160 minutos. A “subtrama branca” é a mais desinteressante aqui, mesmo sendo salva pelas novas interações e adições no elenco. O antagonista Namor (vivido por Tenoch Huerta) entrega um tom ameaçador na medida, enquanto a Riri Williams (Coração de Ferro de Dominique Thorne), serve de alívio cômico pontual.
Talocan é outro acerto de Pantera Negra Wakanda Para Sempre, pois, além da introdução de um belo país subaquático, os talocanos apresentam personalidades distintas dos wakandanos, além de estilos de luta e formas de ataque únicas. Coogler pode entregar pouco na ação grandiosa, mas segue imbatível no corpo-a-corpo (a batalha fnal inclusive, foge da loucura do 3º ato do primeiro filme).
A chegada do novo (ou da nova) Pantera Negra não é vista como um mistério, visto que já se especulava quem assumiria o manto, e é aí que o longa mostra coragem em suas escolhas presentes e futuras. A todo momento, a saga de quem assumirá o posto de Pantera Negra está ancorada na dualidade. Os caminhos da evolução e da tradição parecem se emaranhar. A ciência e o místico, o passado e o futuro, a paz e a guerra.
Pantera Negra Wakanda Para Sempre continua com as discussões do primeiro filme, mas busca novas saídas, que vão desde o respeito aos vários países retratados e suas línguas, até a postura de uma nação valente e independente. Assuntos como o colonialismo e o imperalismo não deixam de ser importantes, mas o texto parece optar pela valorização de tragédias, perdas, e o luto.
A importância de sentir é um dos principais pontos da obra. O medo de abandonar o que ficou e abraçar o novo é um dos temas centrais do filme, e parece justamente ser um recado ao fã do MCU, crítico dessa fase 4 da Marvel. Todas essas questões fazem parte da formação do novo (ou da nova) Pantera Negra, além de suas responsabilidades.
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O equilíbrio entre a técnica (os figurinos de Ruth Carter e a trilha sonora potente de Ludwig Göransson), ao fator sentimental (a perda de Chadwick, e a empolgação com novos heróis), faz com que Pantera Negra Wakanda Para Sempre ultrapasse os defeitos, e continue sendo importante, determinante e maduro, para um universo que luta para ser tão relevante quanto Wakanda.
Ps: O filme tem apenas uma cena pós-créditos