Ridley Scott tenta desmistificar a lenda de “Napoleão”, mas acaba entregando um filme chato, apesar de grandioso
Ridley Scott sabe entregar épicos de batalha. O diretor de Gladiador, Cruzada e do mais recente O Último Duelo, é experiente em produções grandiosas, mesmo que em várias delas seja julgado por sua ausência de “fidelidade” histórica. Deixando esse fator um pouco de lado, Napoleão chega aos cinemas envolto em expectativas, não apenas pela direção de Scott, mas pela atuação de Joaquin Phoenix, e também pelas declarações recentes e polêmicas do diretor.
Qual a sinopse de Napoleão?
Napoleão é um épico de ação que detalha a ascensão e queda do icônico Imperador francês Napoleão Bonaparte. O filme captura a incansável jornada de Bonaparte pelo poder, a partir de sua relação viciante e volátil com seu verdadeiro amor, Josephine (Vanessa Kirby), mostrando suas táticas militares e políticas visionárias em algumas das mais dinâmicas sequências de batalhas já filmadas.
Confira também: Culpa e Desejo | Um melodrama de dilemas morais e relacionamentos gélidos
O que achamos do filme?
A primeira impressão ao assistir Napoleão é a sua pressa em abordar inúmeros fatos e conquistas de seu protagonista. Esse ar de wikipédia filmada, deixa o espectador com vontade de ver as quatro horas da versão do diretor, que serão lançadas em breve no catálogo do Apple TV+. Ridley Scott não equilibra muito bem a vida pessoal dessa figura histórica com as conquistas militares do mesmo, apesar de fazer críticas pontuais ao militarismo, colonialismo e ao ego de Bonaparte.
Apesar da ótima atuação de Vanessa Kirby, não existe unidade na sua interação o imperador da França, fazendo com que a relação de ambos comece do nada, e também não chegue a lugar algum. Os momentos de intimidade são pífios, não estabelecendo esse amor todo que peleja para ser dito e demonstrado em tela.
Em compensação, o cineasta brilha nas cenas de batalha, por vezes mais longas do que as que vemos na maioria das produções épicas. Abusando dos planos abertos e dos mais variados climas temporais, as coreografias e a integração entre efeitos práticos e CGI beira a perfeição. Nem a fotografia mais opaca e escura incomoda- já que de certa forma – isso é uma característica da filmografia do diretor.
Confira também: As Aventuras de Poliana | Confira o bate papo exclusivo com os atores da produção
A curva narrativa entre ascenção e queda também merece destaque, apesar da rapidez abrupta do longa. Repito, a versão de 4 horas com certeza irá se beneficiar dessas quebras constantes, deixando o filme com respiros maiores, trabalhando os traumas, fraquezas, teimosias, excesso de confiança e mommy issues de uma das tiranias francesas mais controversas da história.