Hedda Gabler | Clara Carvalho dirige espetáculo que traz modernidade no Auditório do MASP

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Foto: Ronaldo Gutierrez Divulgação

O dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906) foi criador de uma galeria marcante de personagens femininas que exprimiam o profundo mal-estar e a opressão das mulheres na sociedade de seu tempo. Hedda Gabler absorve toda essa atmosfera e estreia no dia 28 de junho, sexta-feira, às 20h, no Auditório do MASP. A montagem é idealizada pela pesquisadora Rosalie Rahal Haddad e realizada pelo Círculo de Atores e SM Arte Cultura.

A tradução e direção é de Clara Carvalho, que ganhou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) por seu trabalho em 2023 como atriz, tradutora e diretora no teatro. O elenco é formado por Karen Coelho, Guilherme Gorski, Carlos de Niggro, Chris Couto, Nábia Villela, Mariana Leme Sergio Mastropasqua.

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Foto: Ronaldo Gutierrez
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Qual a história de Hedda Gabler?

A tragicomédia foi escrita em 1890 e conta a história da enigmática, voluntariosa e fascinante Hedda Gabler, que na volta de sua lua-de-mel, descobre que não vai suportar viver o que considera uma vida medíocre junto a seu marido, Jorge Tesman.

De acordo com Clara, a personagem interpretada por Karen Coelho não consegue descobrir sua vocação e não exerce uma profissão que lhe dê alguma autonomia econômica.  Dotada de um sarcasmo impiedoso, ela tenta desastradamente manipular o jogo patriarcal, mas diante de uma vida sem nenhum prazer, se vê encurralada.

“Filha única de um militar que lhe deixou de herança apenas um piano, um quadro, duas pistolas e a arrogância, Hedda Gabler casa-se sem amor com um homem que não admira e cria para si mesma uma armadilha sem saída. Ela é convencional demais para bater a porta e sair do casamento (como Nora, de Casa de Bonecas) ou aceitar o triângulo amoroso proposto pelo Juiz Brack, por considerar o adultério uma condição vulgar; mas também é inquieta: rejeita sua gravidez e não suporta a vida conjugal com um homem que considera medíocre”, ressalta.

Sobre a peça…

A peça se passa em Cristiânia (atualmente Oslo, capital da Noruega) no final do século 19, todavia ganha contornos contemporâneos por meio de cenário de Chris Aizner e figurinos de Marichilene Artisevskis. A cenografia conta com um ambiente despojado com a fachada de uma casa burguesa da época, cercada por um jardim.

Todos os atores ficam em cena com poucos elementos cênicos. A trilha sonora, de Gregory Slivar, é executada ao vivo com instrumentos como piano, teclado, violoncelo, entre outros. Inclusive, a atriz Nábia Villela utiliza o canto em cena. Para a tradução, foram utilizadas uma versão em inglês de William Archer, e uma em francês do Conde Prozor. E algumas notas e dúvidas da dramaturgia também foram pesquisadas no norueguês.

Hedda Gabler dá sequência às montagens de A Profissão da Sra. Warren (2018) e de O Dilema do Médico (2023), ambas de Bernard Shaw, dramaturgo irlandês que foi quem, juntamente com o dramaturgo e crítico William Archer, publicou e introduziu a obra de Ibsen na Inglaterra. Rosalie Rahal Haddad, Clara Carvalho, Círculo de Atores e SM Arte Cultura mantém a parceria que foi frutífera nas produções anteriores.  Nestes espetáculos, uma das constantes foi a presença de figuras femininas marcantes, característica também presente no texto do dramaturgo norueguês.

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IBSEN, MODERNIDADE AS FIGURAS FEMININAS

Essa é a terceira incursão de Clara Carvalho em Ibsen pelos palcos, a primeira como diretora. Suas experiências anteriores foram como atriz em Espectros (2011) com direção de Francisco Medeiros; e Um Inimigo do Povo (2022), de José Fernando Peixoto de Azevedo.

“Ibsen foi o fundador do drama moderno. Foi ele quem estabeleceu a peça realista em prosa e fez do teatro um fórum de debates de assuntos polêmicos como a condição da mulher na sociedade, a corrupção, reformas políticas e a eutanásia. Ele expandiu os limites da “peça bem-feita” da tradição francesa, rompeu com clichês do melodrama e das tramas de simples entretenimento.

Ele se dizia mais um arquiteto do que um dramaturgo, porque suas peças apresentavam e explodiam a casa burguesa da segunda metade do século 19; seus títulos recorrentemente remetiam a construções: Os Pilares da Sociedade, Casa de Bonecas, Solness, o Construtor, Rosmersholm, apresentam construções aparentemente sólidas que vão sendo, ato a ato, demolidas”, enfatiza a diretora.

Hedda Gabler é uma das personagens emblemáticas do autor. Figuras como Nora Helmer (Casa de Bonecas), Rebeca West (Rosmersholm), Hilda Wangel (Solness, o Construtor) , Ellida Wangel (A Dama do Mar) e Thea Elvsted (Hedda Gabler), por exemplo, têm a coragem de romper amarras. Mas, dentre todas elas, Hedda Gabler talvez seja a mais enigmática e desconcertante.

“A Hedda está emparedada e encarna a profunda solidão feminina. Ela é uma mistura de Iago, personagem de Otelo de Shakespeare, na maldade e manipulação; e de Cleópatra, pois ela ama a beleza e o espetáculo, ela não quer a vida medíocre. O próprio Sigmund Freud, que era um profundo admirador de Ibsen, se inspirou em algumas das personagens femininas do dramaturgo que mergulhou no inconsciente feminino, para escrever estudos sobre o desejo e a frustração.  Aquela Noruega provinciana foi um dos primeiros países a adotar o sufrágio feminino, em 1913, e vai se tornar um local pioneiro em conquistas sociais. Ibsen estava dialogando com todo esse universo”, finaliza Clara.

Quando, onde e como asssistir o espetáculo?

Temporada: De 28 de junho a 25 de agosto. Sextas e sábados, às 20h e domingos, às 18h.

Classificação: 14 anos. Duração: 110 minutos.

Ingressos: R$ 80,00 (inteira) R$ 40,00 (meia)

Bilheteria Masp:  https://masp.byinti.com/#/event/hedda-gabler 

 

Auditório do MASP

Av. Paulista, 1578

Capacidade: 344 lugares


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