“Criaturas do Senhor” aborda dilemas morais e maternos, mesmo que demore demais para chegar a eles
Os filmes da A24, sejam eles de terror, drama, suspense ou outros gêneros, seguem uma cartilha bem parecida, que consiste em levar as coisas com calma, seguida de planos contemplativos, e uma trilha sonora inquietante.
Às vezes isso dá certo como no caso de “A Bruxa“, e às vezes às coisas demoram a acontecer e acabam causando certo tédio, como no caso de Criaturas do Senhor, filme das diretoras estreantes em longas Saela Davis e Anna Rose Holmer (da série The OA).
Qual a trama de Criaturas do Senhor?
Em uma vila de pescadores varrida pelo vento, uma mãe (Emily Watson) está dividida entre proteger seu filho amado (Paul Mescal) e seu próprio senso de certo e errado.
Uma mentira que ela conta para ele despedaça sua família e a unidade de sua comunidade.
O que achamos do filme?
Criaturas do Senhor já começa com um sentimento de dúvida e dualidade. A alegria com o retorno de Brian (personagem de Mescal), se contrapõe a surpresa e a desconfiança de seu retorno sem aviso prévio ou motivo aparente. Esses sentimentos percorrem todo o longa, que prefere ocultar alguns fatos para elevar o nível de sugestão.
A relação entre Aileen e seu filho é baseada em amor intenso, mas também em rebeldia, senso de proteção excessiva e ausência de maturidade masculina, além da presença forte do patriarcado, algo que afeta toda a comunidade, a medida que novos conflitos surgem.
A moral da mãe e sua confiança no filho são postos à prova, e Emily Watson sintetiza o desespero conforme as relações da sua vida começam a chegar no limite. As tensões aumentam e o desconforto vai escalonando, mas até chegar a esse ponto de ruptura, Criaturas do Senhor se preocupa demais em construir um clima já estabelecido.
Essa demora acaba por tirar o interesse do espectador, mesmo que o final seja pesado e de certa forma, necessário. Deixar o passado e as lembranças morrerem parece ser a melhor opção.