Bob Marley One Love – Crítica | Musicalmente exemplar e só

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Foto: Divulgação Paramount Pictures

Bob Marley One Love mostra a riqueza musical do rei do reggae, mas não se aprofunda em seus conflitos internos e externos


Logo depois de seu falecimento, a gravadora de Bob Marley lança o disco Legend, de onde vem a maior parte das músicas mais conhecidas do artista. O problema é que, parte dessas músicas não contém o teor político que Bob continha em sua curta carreira como artista. Além de falar sobre paz e amor, a filosofia rastafari, religião e família, Bob Marley fazia duras críticas a países de primeiro mundo e colonizadores em suas canções.

Essa pegada militante parece ser a principal toada de Bob Marley One Love, que ao mesmo tempo não se decide se quer endeusar o rei do reggae, ou se quer protegê-lo.

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Foto: Divulgação Paramount Pictures

Qual a história de Bob Marley One Love?

Dirigido por Reinaldo Marcus Green (King Richard: Criando Campeãs) o filme conta a história de Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley, grande ícone do reggae. A produção relembra os importantes feitos do cantor para seu país, assim como as dificuldades que sua família e conhecidos passaram. Marley (Kingsley Ben-Adir) ficou conhecido por sua pregação pela paz, do amor e da fé rastafari. Com o reggae, ultrapassou fronteiras e o sucesso foi imenso. Mas mesmo famoso, a violência em seu país era uma realidade e chega até Marley e sua esposa Rita (Lashana Lynch).

Após um atentado, eles saem do país, mas no ano seguinte o cantor icônico decide voltar, pelo povo, para a Jamaica.

O que achamos do filme?

Quando o primeiro trailer da obra saiu, o visual “limpo” e possivelmente chapa branca chamou a atenção pela desconfiança. Será que estaríamos diante de outra cinebiografia que quer a todo custo proteger seu biografado? Bob Marley One Love até caminha por esses termos, muito pelo envolvimento da família na produção (Rita, e seu filho mais famoso Ziggy Marley), mas também tem seus momentos de brilhantismo.

A escolha pelo recorte (o final da década de 70 no auge de Marley) se mostra uma escolha acertada, e encontra na atuação de Kingsley Ben-Adir sua principal vantagem, além da riqueza musical de Bob. O envolvimento de Ziggy dá margem para explorar o lado criativo do artista, e os momentos de estúdio e composição são as melhores coisas do longa.

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Foto: Divulgação Paramount Pictures

Infelizmente o filme peca em não construir o mito do zero. Com Bob Marley já sendo um ídolo na Jamaica, a sensação é de que somos jogados no meio do caminho. Para “corrigir” esse erro, temos idas e vindas no tempo, com cenas da infância e juventude de Bob e Rita, que mesmo esteticamente belíssimas, soam superficiais. O fato do artista nunca ter conhecido seu pai biológico rende mais camadas, e exalta a importância da religião em sua vida e legado.

Essa linda jornada guarda pouco espaço para as controvérsias da vida de Marley, como a relação com Rita e o câncer que levou a sua morte, com coisas apenas ditas e nunca mostradas, e sabemos que o poder da imagem e do som (principalmente se tratanto de uma cinebiografia musical), precisa ser valorizado.


Bob Marley One Love está em cartaz nos cinemas brasileiros

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Foto: Divulgação Paramount Pictures
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