Entre homenagens e novidades, “A Morte do Demônio A Ascensão”, mostra a paixão de Lee Cronin pela franquia Evil Dead
Com mais de 40 anos nas costas, o primeiro Evil Dead foi um marco no uso da criatividade. Isso porque, Sam Raimi tinha pouco dinheiro para fazer seu filme, e as histórias de bastidores deram um tempero a mais, não só ao primeiro longa, mas a franquia inteira.
No segundo, com mais grana, Raimi praticamente refez o longa original com um orçamento maior, mas usa o talento de Bruce Campbell e sua veia cômica para brilhar em quase 100% do filme, algo que o faria repetir o feito (desta vez eliminando o terror), no terceiro.
O remake de Fede Alvarez (que foi um muito bem de bilheteria), estava localizado entre o fim dos remakes de grandes sucessos (já tínhamos tido novas versões de Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo e O Massacre da Serra Elétrica por exemplo), e o surgimento do famoso e inexistente “horror elevado” (filmes como Corrente do Mal e A Bruxa viriam logo depois).
Mais sério, o remake agrada alguns fãs da franquia e desagrada outros que queriam uma pegada mais despretensiosa, e o papel de Lee Cronin nessa nova empreitada era fazer com que “A Morte do Demônio A Ascensão” juntasse essas duas vertentes que fizeram a saga Evil Dead tão famosa. Felizmente, o diretor consegue.
Qual a trama de A Morte do Demônio A Ascensão?
Movendo a ação para fora da floresta e indo para a cidade, “A Morte do Demônio A Ascensão” conta a história distorcida de duas irmãs distantes, Ellie (Alyssa Sutherland) e Beth (Lily Sullivan), cujo reencontro é interrompido pelo surgimento de demônios possuidores de carne que os empurram para um batalha primordial pela sobrevivência enquanto enfrentam a versão mais aterrorizante da família.
O que achamos do filme?
A introdução brega (mas importante), dita o tom do que vamos assistir por pouco mais de 90 minutos. Lee Cronin tem o desafio de mudar o senso comum da franquia, de uma cabana na floresta para a cidade de Los Angeles, num prédio prestes a ser demolido. Rápido e fluido, o cineasta longo evidencia os problemas individuais das protagonistas: Ellie, uma mãe solo de 3 filhos prestes a perder a casa, e Beth, uma jovem prestes a se tornar mãe.
Logo, a dinâmica familiar é estabelecida, e é fácil gostar dos personagens. Lee Cronin estabelece uma relação de identificação com os dilemas familiares, para logo depois instaurar o caos. “A Morte do Demônio A Ascensão” mistura cinismo, sadismo e um pouco de loucura, ao introduzir o Necronomicon, e utiliza o poder do som como um fator decisivo para o que se apresenta.
E o que se segue? Aquilo que diferencia Evil Dead de outras produções de terror: o uso de efeitos práticos, gore e sangue excessivo. As mudanças estabelecidas fazem bem, trocando as raízes de árvores por fios elétricos, cabanas por apartamentos minúsculos e porões por elevadores. Ao mesmo tempo em que uso o novo, A Morte do Demônio A Ascensão faz homenagens aos clássicos como O Iluminado, A Hora do Pesadelo e os próprios filmes da franquia.
A direção criativa faz o bom uso da escuridão, trazendo outras perspectivas não apenas de ângulos e sequências brutais, mas inovando nas mortes. Nojento, o filme usa vômitos, raladores, vidros, perfuradores, facas e serras elétricas para se aproximar dos longas originais.
A relação das irmãs é genuína, e quando parece que vai se fortalecer, esbarram no mal que começa a deteriorar não apenas seus corpos físicos, mas também suas mentes. Entre indas e vindas de consciência, Lee Cronin estreita nosso apego aos personagens, para logo depois tirá-los de nós. Assim como os amigos de Ash (quando possuídos), se deleitavam em fazê-lo sofrer, Ellie e companhia tem prazer em causar sofrimento absoluto as suas vítimas, presentes e futuras.
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Corajoso, A Morte do Demônio A Ascensão, não tem medo de matar o que vê pela frente, sem perder o traço de insanidade que tornou a franquia Evil Dead o que ela é hoje, com sangue, miolos e vísceras para mais.