O próximo documentário da Netflix, Acampamento no Inferno: Pesadelo Adolescente, coloca em destaque um acampamento terapêutico para adolescentes com problemas, sediado em Utah. Aqui está a história real por trás da Challenger Foundation e seu fundador, Steve Cartisano.
Em 2020, Paris Hilton lançou seu documentário revelador This is Paris, no qual expôs segredos até então desconhecidos sobre seu passado, sendo o mais impactante sua visita forçada à Provo Canyon School, em Utah. Hilton falou sobre o suposto abuso que ela e outros estudantes sofreram como resultado da indústria de adolescentes problemáticos, algo que ela continua a conscientizar até hoje.
Agora, um novo documentário da Netflix está prestes a examinar outra dessas instalações: a Challenger Foundation. Conforme a sinopse divulgada pelo serviço de streaming: “As condições brutais de um infame acampamento de terapia na natureza – e o suposto abuso dos adolescentes problemáticos que frequentaram – são expostos neste envolvente documentário revelador”.
Com o filme no serviço de streaming, separamos tudo o que você precisa saber sobre a história real por trás de Acampamento no Inferno: Pesadelo Adolescente, desde as origens da Challenger Foundation até a morte de uma participante de 16 anos e a subsequente queda de Steve Cartisano.
Acampamento no Inferno: Pesadelo Adolescente e a Challenger Foundation
Fundada em 1988 por Steve Cartisano, a Challenger Foundation foi inicialmente apresentada como um espaço onde adolescentes problemáticos poderiam superar desafios pessoais por meio de treinamento físico e mental rigoroso.
Como é mencionado no trailer do documentário, os anos 80 foram um período em que o mundo estava mudando, e havia uma “profunda preocupação de que a juventude da América estivesse tomando um rumo errado”. Buscando capitalizar essa luta, Cartisano lançou a Challenger Foundation nas terras selvagens de Utah, um programa no estilo acampamento de treinamento onde “as crianças são desgastadas até ficarem boas novamente”.
De acordo com o High Country News, “Cartisano aplicava o que ele chamava de ‘inteligência de rua’ para lidar com crianças problemáticas: revistas íntimas e cortes de cabelo militares. Ele adotou um estilo de fala de sargento instrutor que exigia respostas de ‘Sim, senhor!’.
As regras eram estritas e rigorosamente aplicadas – uma garota dizendo ‘Me desculpe’ em vez de ‘Peço desculpas’ seria punida carregando um pedaço de esterco de vaca do tamanho de uma bola de futebol em sua mochila o dia todo. Um menino pego comendo aveia crua em vez de cozinhá-la teria sua ração de aveia retirada.”
E não era barato, custando US$ 15.900 para o programa de 63 dias. Mas obteve resultados, atraindo até mesmo celebridades, incluindo dois filhos de Winthrop Rockefeller. No entanto, por trás da fachada de benevolência, escondia-se uma realidade mais sombria, gradualmente se desdobrando nos confins isolados da Challenger Foundation.
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A realidade sombria de Acampamento no Inferno: Pesadelo Adolescente
Conforme o documentário mergulha no cerne da Challenger Foundation, ele descobre um padrão de abuso e manipulação sistêmicos. Tudo isso culminou na chocante morte de uma garota de 16 anos que havia sido enviada lá por sua mãe.
Ex-participantes, assombrados por suas experiências, contam histórias de tormento físico e emocional, apresentando alegações de que crianças eram “arrastadas” pela natureza e “amarradas às árvores”.
Em outro trecho, um homem descreve o que viu no acampamento de treinamento, afirmando: “Eles estavam emaciados, sujos. Nem dava para perceber que eram crianças.” Outro descreve um caso em que um médico “contou mais de 80 cicatrizes, marcas e contusões” em um adolescente.
O centro comovente dessa narrativa é a trágica morte de uma participante de 16 anos. Sharon Fuqua enviou sua filha adolescente, Kristen Chase, para participar do programa de 63 dias na esperança de transformar sua vida.
No entanto, no verão de 1990, no início de sua visita, ela fez uma caminhada pelo deserto. Após reclamar de dores de cabeça, Kristen desmaiou e morreu, com um relatório de autópsia concluindo a morte como “insolação por esforço“. Na época, sua mãe disse que não condenava a Challenger Foundation – e até não hesitaria em enviar outro de seus filhos lá.
“Não estamos condenando a Challenger. Nunca conheci pessoas mais dedicadas, amorosas, se esforçando para ajudar crianças”, disse ela. “O que fizemos por nossa filha foi a melhor coisa que poderíamos ter feito. Sentimos que era a resposta. Eu realmente sinto que teria sido se ela tivesse conseguido completar.”
Essa atitude e a culpabilidade dos pais também serão examinadas no documentário da Netflix, com um ex-participante afirmando: “A coisa mais difícil de estar lá? Saber que meus pais fizeram isso comigo.”
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As consequências e a queda de Cartisano
A exposição do lado sombrio da Challenger Foundation desencadeou uma decadência retumbante. Investigações legais descobriram uma série de abusos, levando ao fechamento da organização. Steve Cartisano enfrentou consequências legais por seu papel na descida da fundação ao caos.
Cartisano e a Challenger Foundation foram acusados de homicídio culposo e nove acusações de maus-tratos infantis. O High Country News afirmou que “enquanto Cartisano foi absolvido de todas as acusações criminais na morte de Chase em 1992, a publicidade nacional gerou uma série de processos civis contra sua empresa”.
A empresa declarou falência, e embora Cartisano tenha criado outro programa de tratamento infantil no Havaí, ele foi posteriormente proibido de operar tais instalações no estado, bem como em Utah. Ele faleceu em 2019, aos 63 anos.
Em última análise, o legado manchado da Challenger Foundation tornou-se uma história de advertência sobre os perigos potenciais do poder não controlado dentro de organizações aparentemente bem intencionadas. O documentário da Netflix serve não apenas como uma exposição envolvente de um acampamento problemático para adolescentes, mas também como uma exploração ponderada das consequências quando boas intenções se transformam em um pesadelo de abuso e tragédia.
