Ferruccio Lamborghini, excêntrico criador dos famosos carros de luxo de mesmo nome, tem sua vida retratada em mais uma cinebiografia insossa que nunca alcança a mesma potência dos veículos que o tornaram notório.
Qual a trama de Lamborghini?
Uma história de ascensão e queda sobre o fabricador de carros e criador da marca que dá título do filme. A narrativa mostra as origens humildes do rapaz que decide entrar na indústria automobilística para construir tratores melhores e mais baratos para os fazendeiros e acaba “evoluindo” para o mercado dos carros de luxos e se tornando mais um rico obcecado apenas com o dinheiro.
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O que achamos do filme?
Como o próprio título indica, a obra não é sobre a marca de carros em si – ao contrário do que vimos em filmes recentes como Tetris e BlackBerry – mas sim sobre seu fundador. No entanto se Ferruccio Lamborghini algum dia teve uma vida minimamente interessante, nunca saberemos disso através desse longa, já que todos os eventos são contados de maneira tão insípida que é impossível sentir qualquer coisa além de tédio.
O filme segue à risca a linha cinebiografia de Wikipédia, e retrata precisamente pontos chave da vida de Ferruccio, sem se preocupar em desenvolver sua psique ou conduzir um estudo de personagem (como é feito em obras similares, a exemplo de Oppenheimer ou Elvis). Ele começa como um sonhador que, apesar de ambicioso, tem boas intenções e termina obcecado por fama e dinheiro, transformando-se numa caricatura de si mesmo, sem qualquer espaço para nuances.
Trata-se, na verdade, de um hora e quarenta minutos de um compilado de fatos jogados de forma aleatória em tela, sem que haja uma cadência lógica, na qual um acontecimento gera consequências que levam ao próximo acontecimento. É como se alguém tivesse resumido a vida inteira de uma pessoa em tópicos essenciais e o único trabalho do filme fosse narra-los, sem que exista um fio condutor ligando uma coisa com a outra.
Por conta dessa escolha nada criativa, personagens de apoio entram do nada no meio da trama e são por ela descartados com a mesma velocidade; assuntos supostamente importantes são abordados apenas para serem esquecidos por completo; sem contar que a despeito de retratar pessoas reais, ninguém se comporta como um ser humano normal.
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Foto: Divulgação Adrenalina PuraO diretor filma suas cenas sem nenhum traço de personalidade, os atores parecem envergonhados de estar ali e na maior parte do tempo sequer estão atuando, apenas gesticulam bastante e dizem frases soltas. O filho, Tonino, merece especial destaque, porque uma performance tão ruim assim exige um nível extra de (falta de) dedicação. Até mesmo nos momentos que deveriam ser mais dramáticos, estão todos engessados e agindo de forma genérica.
Inclusive genérico é um termo que pode ser aplicado para absolutamente tudo nesse filme: personagens, figurino, montagem, trilha sonora, até a fotografia, que tinha ao seu favor o fato das filmagens acontecerem na Itália, consegue ser feia, além de constantemente monótona, nada condizente com a ideia de ascensão e queda de um bilionário que vivia de excessos. Isso porque eu ainda nem entrei no mérito de enquadramentos, ângulos e iluminação de cenas noturnas/em ambientes fechados, já que aparentemente isso seria exigir muito do diretor de fotografia.
A impressão que passa é que a orientação dada por Bobby Moresco, responsável por esse projeto, foi para que todos os departamentos envolvidos fossem o menos original possível e que nenhum risco fosse tomado em hipótese alguma, acreditando que assim seria impossível cometer erros. Só não se deu conta que o maior erro que uma produção artística pode cometer é não se arriscar em nada e ficar preso na mesmice, como um carro que não consegue trocar de marcha. Em outras palavras é mais louvável errar tentando acertar, do que errar tentando não errar.
O filme estreou em novembro do ano passado nos Estados Unidos e já está disponível no Brasil com exclusividade no canal Adrenalina Pura, disponível na Apple TV, Prime Video e Claro TV.
