Estranha Forma de Vida – Crítica | Afetos e desafetos

estranha forma de vida
Foto: Divulgação MUBI

Em “Estranha Forma de Vida”, Almodóvar faz questão de expor afeto em um ambiente predominantemente masculino


Texto escrito por Victor Martins do Assim Falou Victor

Segundo filme de Pedro Almodóvar falado em língua inglesa, “Estranha Forma de Vida” é, de certa forma, uma adaptação de “O Segredo de Brokeback Mountain”, filme de 2005, dirigido por Ang Lee.

Qual a trama de Estranha Forma de Vida?

Silva (Pedro Pascal) decide atravessar o deserto para visitar um amigo de longa data, Jake (Ethan Hawke), xerife da cidade.

Por mais que ambos estejam com saudade um do outro, pois não se viam há 25 anos, Silva diz que não está ali para lembrar da amizade dos dois.

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Estranha Forma de Vida - Crítica | Afetos e desafetos 2
Foto: Divulgação MUBI

O que achamos do filme?

Em um faroeste não vemos homens demonstrando afeto uns pelos outros e por mais que esse sentimento aqui seja mais exposto pelo personagem de Pedro Pascal do que pelo de Ethan Hawke, Almodóvar faz questão de exibir esse afeto em um ambiente masculino. 

“Estranha Forma de Vida” é a quebra desse afeto, a esperança em um futuro que não existe mais. Se vemos um amor genuíno entre aqueles dois homens, vemos também as dúvidas entre eles e principalmente, como eles se lembram de seu tempo de namoro com carinho

O carinho está nas cores das roupas de Silva, na casa fria mas com pequenos pontos de vida de Jake, no olhar dos dois um para o outro durante um jantar e em ver o outro logo que um deles acorda. Por mais que a aspereza domine, ela é a base do afeto e da quebra dele na história, algo bem parecido com Johnny Guitar (de Nicholas Ray) e, para termos um exemplo mais recente, com First Cow (de Kelly Reichardt). 

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Estranha Forma de Vida - Crítica | Afetos e desafetos 3
Foto: Divulgação MUBI

Numa cena, é feita a pergunta “o que seria a vida de dois homens juntos num rancho?”. Bom, Almodóvar entrega essa resposta de diversas formas durante “Estranha Forma de Vida”, seria uma vida onde as pessoas se cuidam e se importam umas com as outras e é triste que da mesma forma que exista afeição, também existe a quebra dele e o que fica são os intervalos entre o acontecido e o rompimento.

Ou, como diz Silva, “eu tenho a resposta, viveríamos juntos para nos proteger, se cuidar, fazer companhia”. E é uma pena que seja cada vez mais estranho que ansiamos proteger e cuidar um do outro, mais uma Estranha Forma de Vida.


O filme estreia nos cinemas no dia 14 de setembro e passa a fazer parte do catálogo da MUBI no dia 20 de outubro.

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