Consciente do mundo fora da tela, “Orfã 2: A Origem” é um show de bizarrices e violência
Desnecessário? Talvez. Despretensioso? Muito. Esses enunciados talvez definam bem Orfã 2: A Origem, sequência do longa de 2009 que foi dirigido por Jaume Collet-Serra. Aqui, William Brent Bell (Boneco do Mal) assume a cadeira da direção cercado de desconfiança (com razão).
Muito dessa descrença vinha não apenas dos trabalhos anteriores do diretor, mas pela esquisitisse de escalar Isabelle Fuhrman, 13 anos após o longa original. Como tornar sua presença como uma criança verossímel? E como fazer um filme de origem sem sabor do plot twist original? Bem, podemos dizer que envolto em charme e muita bizarrice, eles conseguiram.
Qual a trama de Orfã 2: A Origem?
Nesta prequela do filme original, depois de orquestrar uma brilhante fuga de uma clínica psiquiátrica da Estônia, Leena Klammer/Esther Albright (Isabelle Fuhrman) viaja para os Estados Unidos se passando pela filha desaparecida de uma família rica que procura uma menina por quatro anos.
Após ser acolhida pela nova família, com uma vida de luxo e uma psicóloga, “Esther” começa a mostrar suas reais intenções com o pai e a mãe “biológicos”. Ela começa a ser vigiada por um detetive, que fará de tudo para mostrar à família que a menina não diz ser quem é de verdade, colocando em risco a nova identidade da órfã.
O que achamos do filme?
Quando começamos a ver Orfã 2, o sentimento é de replay imediato, pois a continuação começa muito parecida com o filme original. Alterando poucos detalhes como a mudança de ambiente e o aumento gradativo de violência gráfica, o longa apresenta poucas novidades na parte inicial.
O destaque bizarro e positivo fica por conta da atuação de Fuhrman. Julgada por não largar o osso, a atriz está impressionante aqui, ao mesmo tempo em que a produção de Orfã 2 deve ser exaltada. O excesso de truques que vão desde a mudanças de perspectiva, atores com plataformas nos pés, planos abertos, e uso de reflexos demonstra cuidado, e um processo trabalhoso por trás.
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Entretanto, a partir de uma reviralvolta na trama, que enaltece a atriz que Julia Stiles é, o filme apresentada boas doses de ousadia. Inesperada, a virada excêntrica prova que um bom plot twist ainda pode trazer novos ares para uma trama desgastada. A dinâmica familiar dos pais vulneráveis ganha novos ares, e a fraqueza é substituída pela poder da loucura.
Sabendo do excesso de ridículo que é trazer Furhkman de volta ao papel, Orfã 2 é consciente de suas caricatices. Pense comigo: o plot twist do primeiro filme era saber que Esther era uma adulta na pele de uma criança certo? Com o segundo filme começando com Esther com uma cara “mais velha”, isso se anula totalmente, fazendo a produção buscar novas formas de inovar.
É daí que o texto de David Coggeshall (da série de Tv de Pânico) ganha força, tornando um final já conhecido, agradável aos olhos pela construção da esquisitice pensada, das imprevisibilidades convenientes e da busca constante pelo controle.
Nesse jogo de gato e rato, existe espaço para críticas sociais rasas, mas já estamos tão envolvidos e presos nessas relações familiares de norte-americanos idiotas, que nem vale a pena se queixar, só se divertir.