A plataforma Netflix continua a produzir séries que, de repente e quase sem promoção, monopolizam o pódio de mais vistas. Se ‘Bebê Rena’ chegou há algumas semanas (que ainda é o número 1 da plataforma), agora estamos no pódio, se contarmos apenas as séries de língua inglesa de acordo com sua top 10 oficial, a minissérie que nos leva a um tremendo jogo de poder financeiro.
Uma ficção que consegue prender a atenção do espectador num primeiro momento: protagonizar Jeff Daniels (e com Diane Lane por perto), com David E. Kelleyo criador de algumas de nossas mais recentes obsessões (‘Big Little Lies’ ou ‘The Lincoln Lawyer’), com Regina Rei direção, e baseado no romance homônimo de um dos grandes escritores americanos, Tom Wolfe.
Estamos falando sobre ‘Um Homem Por Inteiro‘ (A Man in Full), uma minissérie com apenas seis episódios que nos leva a todo um jogo de poder, financeiro, social e político, em Atlanta (Geórgia, Estados Unidos). Em poucos minutos entramos num mundo de grandes homens, de machismo trazido para o mundo dos negócios e, sim, de péssimos protagonistas.
Grandes homens em Atlanta e na Netflix
A figura principal é um destes homens: Charles Croker (Daniels), ex-astro do esporte e atual magnata do setor imobiliário que se encontra sitiado enquanto enfrenta a falência e os bancos dizem-lhe que já não planeiam dar-lhe um único dólar. Antes dele, Zale (Bill Camp), um banqueiro disposto a fazer tudo ao seu alcance para fazer com que a outra pessoa gaste até o último centavo.
Não são as únicas conspirações de pessoas terríveis, veremos também a campanha um tanto imoral do prefeito (William Jackson-Harper), de um executivo de banco (Tom Pelphrey) denunciado por uma mulher com quem saiu e de um cara normal (Jon Michael Hill) que de repente se vê preso por agressão à autoridade após uma discussão com um oficial de trânsito.
Como você pode imaginar, o ponto forte da série são esses personagens um tanto exagerados e marcados que exalam essa ambição e tê-los “quadrados” com uma certa intenção (pelo menos o romance original os tinha) para fazer alguma sátira a esta cultura machista, de capitalismo selvagem.
Na verdade, no fundo esta poderia ter sido uma saga de milionários como ‘Billions’ ou mesmo ter aquela ironia de ‘Succession’. Nem um, nem outro, muito pelo contrário.
E embora haja uma tendência inegável para o grotesco – o objetivo é, claro, que tudo seja um pouco grotesco e descontrolado – e seja ligeiramente divertido, o tom é um tanto monótono e há uma leve sensação de que estão em uma certa terra de ninguém. Com tais elementos a série poderia ir para algo muito satírico ou, pelo contrário, com um certo absurdo, mas acabam com algo bem monocromático.
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