Chega aos cinemas Operação Vingança, novo thriller de espionagem dirigido por James Hawes e estrelado por Rami Malek. O longa é uma adaptação do livro homônimo de Robert Littell, publicado em 1981, que já havia ganhado uma versão cinematográfica anteriormente. A nova adaptação tenta atualizar a trama original da Guerra Fria para o cenário tecnológico contemporâneo, mas esbarra em contradições e escolhas discutíveis.
A história de Operação Vingança
A premissa acompanha Charles Heller (Malek), um analista de criptografia da CIA que vê sua vida virar de cabeça para baixo após o assassinato de sua esposa. Movido pelo luto e por um desejo incontrolável de vingança, ele chantageia seus superiores para receber treinamento de campo e sair em busca dos responsáveis. A narrativa propõe uma inversão do arquétipo clássico do agente habilidoso: Heller é um homem extremamente inteligente, mas completamente despreparado para o combate físico.
Apesar do potencial dramático, o filme patina ao dialogar com a realidade atual e a tecnologia que existe entre nós. Drones, rastreadores, vigilância via celular e reconhecimento facial aparecem de forma superficial, como se fossem elementos decorativos. A tentativa de modernizar a história falha ao não explorar de fato as implicações dessas tecnologias no contexto da espionagem contemporânea. É preciso suspender a descrença para ignorar inconsistências tecnológicas e escolhas estratégicas da CIA. Essa suspensão funciona até certo ponto, mas limita o envolvimento de um público mais atento que gosta de se prender a detalhes.
Rami Malek volta aos cinemas desde seu grande sucesso em Bohemian Rhapsody, mas talvez não seja das escolhas mais acertadas de casting para viver o tipo de personagem que Operação Vingança pede. Apesar do seu estilo introspectivo e contido, eficiente em dramas psicológicos como Mr. Robot, Malek não consegue traduzir bem as cenas de ação que se permite, carregando sempre o mesmo tom de desespero que nos impede de mergulhar mais dentro da sua sede de vingança.

Outros detalhes de Operação Vingança
O elenco de apoio, que inclui nomes como Laurence Fishburne, Rachel Brosnahan e Caitriona Balfe, é promissor porém não aparecem tanto quanto o longa pedia. Hawes tenta equilibrar a presença do elenco de apoio mas por vezes esquece um personagem e o faz voltar em situações adversas, contraditórias e, por vezes, conveniente. Esse interesse em descartar ou esquecer seus nomes ao longo da trama não condiz com o nível do elenco que o diretor tinha em mãos.
Contudo, fica clara a inspiração na franquia Jason Bourne, tanto na construção da narrativa quanto na estética das cenas de perseguição na Europa. Operação Vingança quer recriar esse jogo de gato e rato em diferentes camadas fugindo do estereótipo do “superagente” para criar algo mais humano e vulnerável. Entre tutoriais no Youtube e treinamentos em bases secretas da CIA, o desequilíbrio do personagem de Malek fica numa linha entre o crível e o conveniente, mas a superprodução consegue manter uma tensão invisível bem constante dentro desses erros do protagonista.
Apesar das falhas, Operação Vingança possui momentos tensos e bem construídos, com algumas tentativas de mortes criativas, até chegar em seu desfecho. Como uma ideia de construção sem saber muito do final, o roteiro assinado por diferentes mãos chega até constranger, entregando o grande “vilão” dessa história com erros bobos e, dado o tamanho do perigo que o protagonista corria, pouco crível.
A maior frustração talvez seja perceber que Operação Vingança não é um filme mal produzido. Há ideias interessantes mas elas se perdem em uma estrutura pouco coesa, uma atualização tecnológica rasa e um protagonista pouco carismático para o gênero.
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