Meninas Malvadas: O Musical – Crítica | Uma verdadeira celebração

Da esquerda para a direita: Avantika, Angourie Rice, Renné Rapp e Bebe Wood em "Meninas Malvadas"

Que “Meninas Malvadas” nasceu aclamado, todo mundo sabe! Agora, o que falar da versão deste ano, com direito à Tina Fey dando uma repaginada? Há quem não goste de remakes de filmes clássicos, uma vez que estes se eternizaram no imaginário popular e não requerem mudanças ou atualizações por serem, justamente, clássicos da forma como foram concebidos. Ou porquê tais atualizações não caem bem na forma como um projeto foi idealizado, arruinando por completo a fantasia que antes se tinha e deixando, ainda, um sentimento de desnecessidade (vamos fingir que eu não estou falando da Dinsey).

Não parece ser o caso, porém, de “Meninas Malvadas: O Musical“, ou “Mean Girls“, nova versão musical da clássica história colegial adaptada para as telas, em 2004; e para a Brodaway, em 2018.

Bebe Wood, Angourie Rice e Avantika em "Meninas Malvadas"
Foto: Reprodução.

A história você já conhece: Cady Heron (Angourie Rice, de “Honor Society”, 2022) é uma jovem que se mudou do Quênia para a grande cidade e está prestes a enfrentar os desafios do colegial. Ela só não esperava ser notada pelas cruéis, mas invejadas Patricinhas: Karen (Avantika, de “Spin“, 2021), Gretchen (Bebe Wood, deCom Amor, Victor“, 2020-2022) e a popular Regina George (Renné Rapp, de “A Vida Sexual das Universitárias”, 2021-2022). Após uma grande decepção, Cady e seus amigos Janis (Auli’i Cravalho, deMoana“, 2016) e Damian (Jaquel Spivey) planejam acabar com a reputação da abelha-rainha, enquanto lidam com desilusões amorosas, quebras de expectativa e descobertas que só o ensino médio pode proporcionar.

É preciso que se diga uma coisa, antes de começarmos. Quando falamos de remakes (como é o caso deste “Meninas Malvadas“, justamente por ser exatamente a mesma história do filme de 2004 — por mais que tenha um mundo de gente dizendo que não é), é quase que inevitável fazer comparações. Isso porquê, os projetos em si convidam o espectador a fazer isso, quando os fazem relembrar momentos icônicos que marcaram a obra base. Mas acontece que nessa “nova” versão de Tina Fey, as comparações não soam nem totalmente positivas, nem totalmente negativas.

A impressão que ganhamos ao assistir a este “Mean Girls” é de celebração. Esta é a palavra! Passados 20 anos após o clássico com Lindsay Lohan, os produtores abraçaram a causa da diversão, trouxeram o diferencial dos números musicais e homenagearam a história que é, até hoje, material de memes, fã-clubes, frases de efeito e merchandising.

Avantika, Angourie Rice, Renné Rapp e Bebe Wood em "Meninas Malvadas"
Foto: Reprodução.

A prova disso está na proposta do próprio filme. “Meninas Malvadas: O Musicalnão tenta, em momento algum, ser igual ou superior ao seu antecessor. Na realidade, ele faz menção honrosa e brinca com as possibilidades, utilizando dos artifícios mais criativos para tal. Temos, por exemplo, uma troca de falas singela que aquece o coração envolvendo a professora Norbury e o diretor Duvall, e uma surpresa no Campeonato de Matemática. Foram dois momentos em especial que se é possível sentir desejo de comemorar, ao estilo mais animado possível.

Por falar em animação, devemos reservar um espaço especial para falar sobre os números musicais. O filme não é exageradamente musical e consegue inserir os trechos cantados de forma natural. Alguns são mais bem coreografados que outros, mas todos igualmente hipnotizantes (particularmente, gosto de “Revenge Party” e “World Burn“). O elenco é estelar, com destaque para Avantika com sua Karen completamente desligada da realidade; Rice com sua Cady tímida e inocente, mas decidida; e um Damian que rouba (e agarra) cada cena que aparece, graças a uma interpretação cômica e afiada do estreante Jaquel Spivey. Todos cantam igualmente bem, e se entregam completamente aos seus números.

O que quebra a dinâmica de “Meninas Malvadas: O Musical” é o mesmo problema de versão de 2004: uma didática excessiva, ao final do segundo ato. Se no filme anterior isso já soava, mesmo que um pouco, “explicadinho demais”, aqui temos essa sensação duplicada, com direito à personagem tendo que dizer que é o momento da moral da história. Mas a história, já tendo se mostrado fluida o suficiente, segue a vida como se nada tivesse acontecido (no caso, rumo a outra lição de moral, só que de forma mais sutil).

Jaques Spivey, Angourie Rice e Auli'i Cravalho em "Meninas Malvadas"
Foto: Reprodução.

Meninas Malvadas: O Musical” é completamente barro! Divertido, engraçado, envolvente e nostálgico de forma mais que satisfatória. Não traz nada de novo para a história, porque não existe mais o que acrescentar, mas atualiza um dos melhores (senão, o melhor) e mais queridos filmes de ensino médio de todo o cinema. Sua intenção é pura e sua execução é certeira, ao dosar os momentos o quê e onde adaptar os materiais do filme de 2004 e da peça-musical, sem deixar pra trás nada nem ninguém.


MENINAS MALVADAS: O MUSICAL” JÁ ESTÁ DISPONÍVEL NOS CINEMAS DE TODO O BRASIL.


 

8/10
Total Score
Total
0
Shares
Previous Post

Detetive Forst: Conheça a série polonesa que virou TOP10 na Netflix

Next Post

Maboroshi: Anime japonês é um clássico da tragédia na Netflix

Related Posts