Men: Faces do Medo – Crítica | Nem todo homem, mas sempre um homem

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Foto: Divulgação Paris Filmes

“Men: Faces do Medo” exterioriza como o machismo é perpetuado entre os homens. Desde a concepção, até a consolidação


Não é incomum encontrar obras que buscam retratar a vida da mulher em meio à uma sociedade sexista. Talvez por isso, Alex Garland sempre busca em seus filmes uma força feminina para protagonizar suas tramas. Mas em seu terceiro longa, ele quis ser mais direto, e trouxe um horror visceral para representar o machismo diário do cotidiano.

Foto: Divulgação Paris Filmes

Qual a trama de Men: Faces do Medo?

Em “Men”, Jessie Buckley vive Harper, uma jovem que busca no isolamento um alento após uma sequência de tragédias em sua vida pessoal. Então, ela decide alugar uma casa de campo numa cidadezinha pacata e muito afastada.

Ao chegar, é recebida pelo excêntrico Geoffrey (Rory Kinnear), o anfitrião e proprietário do imóvel. Sua personalidade desagradável de piadas sem graça parece um prelúdio do terror que Harper viveria em suas próximas horas de hospedagem.

O que achamos do filme?

O horror começa de forma prosaica, afinal, quem de nós mulheres nunca sentiu aquele frio na espinha ao ter a sensação de estar sendo seguida? Durante uma caminhada no bosque em meio à uma brincadeira com o eco de um túnel, Haper nota uma presença estranha que a espanta do lugar. A princípio ela coloca à prova seus instintos, mas logo percebe que ninguém além dela vai acreditar no que estava acontecendo.

Nesse ínterim, a palavra de Harper é questionada diversas vezes, assim como seus traumas e seu luto. A coação vai acontecendo de forma gradativa em questão de horas no lugar, até que a personagem estivesse completamente encurralada. Não só pela forma patriarcal e arbitrária que as coisas funcionam no local, mas também pela forma como essa opressão abre espaço para a violência literal.

Foto: Divulgação Paris Filmes

É interessante frizar que durante todo o filme, só duas mulheres além Harper aparecem, e todos os personagens que à negligenciam são homens.

O longa é repleto de simbolismos, mas o mais marcante é com certeza a chegada de Harper ao colher uma maçã da árvore e mordê-la. Parece que tudo o que acontece a partir dali, é apenas consequência da escolha da mulher de provar do fruto proibido. Além disso, o terror faz uso de inúmeros elementos para construir a personificação do machismo dentro da nossa sociedade e como elas se perpetuam. Então vamos desde um relacionamento abusivo até a forma incoveniente de insistir em pagar pelo drink num bar.

Por fim, o filme exterioriza como o machismo é perpetuado entre os homens. Desde a concepção até a consolidação.

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Foto: Divulgação Paris Filmes

Opinião pessoal

Men é muito didático na elucidação do que é uma sociedade machista. Como essas atitudes se propagam, crescem e reprimem a ponto de viabilizar violências diárias. Sejam elas verbais e/ou físicas. Mas o filme não me cativa quanto mulher. Porque talvez ele não seja feito para mim.

A forma como as metáforas avançam e são trabalhadas não me impressionam, porquê parte daquilo faz parte do meu cotidiano. É uma semana comum, uma lembrança corriqueira, talvez um gatilho que toda mulher carrega consigo, pois mesmo que por caminhos diferentes a violência acontece. Então os elementos gráficos e as figuras de linguagem, tendem a se estender e por vezes até cansar, ainda que seja possível partilhar da angústia da personagem.

Por fim, Men serve para alguém de fora entender a mecânica do sexismo, e suas formas de ataque e repressão.

E se ao final do filme você continuar duvidando do que aconteceu, talvez você precise voltar do início e assistir mais uma vez.


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1 comment
  1. Sabe algo muito tragicômico?
    Toda crítica que eu vi falando mal do filme era escrita por um homem (por que será?)

    Esse filme me deixou e ainda deixa totalmente aterrorizada. Obrigada pela crítica.

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