Com a identidade visual de Nia DaCosta, “As Marvels” é uma aventura episódica espacial cheia de personalidade
A Marvel abandonou As Marvels. Sim, a afirmação pode ser forte, mas é a mais pura verdade. Desde o primeiro trailer, o filme foi bombardeado de hate nas redes sociais, e a empresa nada fez. Com as baixas expectativas de arrecadação nas projeções iniciais, a produção terá menos salas (muitas ainda se comparada a outras produções), mas é a menor estreia de um filme da Marvel no Brasil, por exemplo. Além disso, as declarações polêmicas envolvendo a diretora, a greve dos atores (que acabou de acabar), e o cansaço com o subgênero que teve um ano fraquíssimo, são fatores que jogam contra o longa.
Independente disso, As Marvels chega aos cinemas e mesmo cercado de baixas expectativas, surpreende por trazer uma obra autoral em alguns momentos (acredite, se tratando de Marvel isso é bem raro), além de um filme divertido e despretensioso, respondendo algumas dúvidas que todo fã do MCU quer saber sobre eventos do futuro.
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Qual a trama de As Marvels?
Carol Danvers (Brie Larson), que recuperou sua identidade dos tirânicos Kree e se vingou da Inteligência Suprema, enfrenta as consequências indesejadas de carregar o fardo de um universo desestabilizado.
Quando suas obrigações a enviam para um buraco de minhoca anômalo conectado a uma Kree revolucionária, seus poderes ficam entrelaçados com os da sua superfã de Jersey City Kamala Khan (Iman Vellani), também conhecida como a Ms. Marvel, e com os de sua distante sobrinha, e agora astronauta da S.A.B.E.R., a Capitã Monica Rambeau (Teyonah Parris).
Juntas, elas devem se unir e aprender a trabalhar em equipe para salvar o universo.
O que achamos do filme?
Primeiramente é importante deixar claro que nem todo filme do MCU precisa necessariamente levar o espectador a algo maior. Essa é uma expectativa que a própria Marvel colocou em seus fãs na saga do infinito, e que não continuou após a conclusão desse arco. Sendo assim, a cada nova empreitada, o nerdola vai em busca de um objetivo, questionando o porquê de tal filme ter sido lançado. No caso de As Marvels, há espaço para o tal futuro do universo cinematográfico do estúdio, mas isso fica em segundo plano para dar lugar a uma aventura espacial episódica e atraente.
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Criativo, a obra de Nia DaCosta usa do carisma e da química do trio de protagonistas, para entregar um filme leve e distante das amarras intricadas de um esquema de pirâmide onde tudo deve levar a algum lugar. Nisso, a obra se assemelha bastante a Guardiões da Galáxia, justamente por ser stand alone, mas ao mesmo tempo fazendo parte de uma engrenagem, já que ter visto as séries Wandavision e Ms Marvel (além do primeiro Capitã Marvel obviamente), são essenciais (mas não primordiais) para um melhor entendimento.
A cineasta manda bem nas cenas de ação e na mudança constante de corpos, seja com suas personagens em lugares diferentes do universo, ou no mesmo espaço. As interações entre Danvers e Kamala, Danvers e Mônica e Kamala e Mônica são distintas a seu modo, e mostram que as personagens entregam tanto na veio cômica, como no potencial dramático. Nia traz a velha discussão sobre heroísmo, dessa vez analisando as consequências das ações “heroicas” da Capitã Marvel, além de explorar mais o seu passado.
O problema é o mesmo de outras produções da Marvel e de outros filmes de herói no geral: a construção de um bom vilão, nesse caso, uma vilã. Mesmo tendo uma motivação válida e um plano decente, Dar-Benn, vivida pela atriz britânica Zawe Ashton, é uma personagem rasa e inexpressiva. O mesmo se aplica a subtrama com Nick Fury (Samuel L. Jackson) e a família de Kamala, que mesmo com todo magnestismo dos atores, traz pouca substância, servindo mais de alívio cômico.
O famoso CGI – grande questão dos filmes de herói desse ano – não compromete e nem causa estranhamento, e Nia parece mais interessada na humanidade de suas protagonistas, buscando saídas atrativas, dinâmicas e acenos interessantes para dois novos grupos, que pretendem chegar com tudo ao universo Marvel.
Ps: o filme contém apenas uma cena pós-créditos.