Longe de ser a tragédia anunciada, mas também distante da excelência, o live action de “A Pequena Sereia” não mostra a que veio
Já mencionei em outros textos sobre remakes da Disney, que não tenho um apego tão grande as animações clássicas do estúdio, por não assisti-las quando criança, portanto acabei não criando esse vínculo. Sendo assim, toda vez que uma notícia de uma nova versão vem à tona, a comoção particularmente não me comove, e analiso o filme pelo que ele é, não por mera comparação com o original.
No caso de A Pequena Sereia (2023), podemos dizer que essa disassociação é quase impossível, pois estamos diante do mesmo filme, agora maior (a animação tem pouco mais de 80 minutos e o live action 140), mas que segue as mesmas viradas, intenções e motivações dos personagens clássicos.
Qual a história de A Pequena Sereia?
A caçula das filhas do Rei Tritão (Javier Bardem), Ariel é uma bela e espirituosa jovem sereia com sede de aventura. Desejando descobrir mais sobre o mundo além do mar, Ariel visita a superfície e se apaixona intensamente pelo arrojado Príncipe Eric (Jonah Hauer-King), ao salvá-lo de um naufrágio.
Mas para procurá-lo em terra firme e se aproximar do príncipe humano, a sereia pede ajuda à bruxa do mar, Úrsula (Melissa McCarthy), e aceita ceder sua voz para que a feiticeira lhe dê pernas. Agora, ela terá o desafio de se comunicar com o rapaz ao experimentar a vida em terra firme, além de entrar em conflito com os valores de sua família.
O que achamos do filme?
Longe daquilo que se via nos trailers e posters da produção, pelo menos na questão visual, o live action de A Pequena Sereia entrega cores e texturas vibrantes, principalmente no fundo do mar. A estranheza com os visuais de Linguado (Jacob Tremblay) e Sebastião (Daveed Diggs), é substituída pelo carisma dos atores, por mais que em comparação, Diggs se destaque mais por ter mais tempo de tela que Tremblay.
Porventura, todas as piadas e interações que causam riso ao espectador, são as mesmas que vem da animação, não há nada de novo aqui. Com exceção das músicas inéditas provindas do pensamento e sentimentos de Ariel (que não pode falar em boa parte da trama), e a exclusão da boa sequência musical de abertura, pouca coisa de fato sofre mudanças drásticas.
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O Sabichão (ou Sabidão), melhora em relação ao original por conta da presença de Awkwafina (seu número de rap com Sebastião é ótimo), mas em compensação temos o número musical do príncipe Eric que beira a vergonha alheia. Mal dirigida e atuada, a canção pouco acrescenta a narrativa.
Indo na contramão da horrend performance, Halle Bailey está divina. A cantora solta a voz e entrega uma atuação perfeita como Ariel, num misto de inocência, curiosidade e paixão, refletidos em seu olhar cheio de profundidade. Sua participação na famosa “Under The Sea” é a pitada de carisma que o longa precisava.
Por fim, A Pequena Sereia poderia ter tido mais ousadia em seu final robótico e apressado, mesmo que pequenas e esperadas mudanças tenham sido feitas, valorizando a importância da família na vida de Ariel, fazendo da sequência derradeira uma espécie de “Splash – Uma Sereia em Minha Vida“.