Terapia de Risco

O novo filme do quase aposentado Steven Soderbergh é um filme direto e surpreendente. No inicio, o filme parece ser um drama voltado para as questões morais, mas reviravoltas transformam o mesmo em um suspense, quase um filme policial.

O filme conta a historia de Emily, uma mulher depressiva que começa a testar novos medicamentos para ansiedade. A situação piora quando ela passa a sofrer com os vários efeitos colaterais desses medicamentos. Como eu disse, a principio o filme é um drama que acompanha a distorcida Emily e seu marido recém saído da prisão. Mas quando acontece uma das grandes reviravoltas, o público se depara com 30 minutos de pistas falsas.

A direção de Soderbergh é muito boa, utilizando uma mistura de estilos para contar a história. Ele evita que a fita vire um simples filme-denúncia, mostrando que reviravoltas podem surpreendentes, mesmo para quem já conhece o estilo que ele usa. Em resumo, este filme é diferente de ContágioMagic Mike, últimos filme de Soderbergh. Se a promessa de parar for cumprida, ele para com um ótimo filme.

O roteiro, escrito por Scott Z. Burns, é inteligente. Além da boa história, o roteiro aborda diversos temas interessantes,como a ética médico/paciente e a responsabilidade farmacêutica. É um filme que denuncia diversas coisas, mas mantém o foco em uma história inteligente. O roteiro também é confuso, mas essa confusão é usada propositalmente, para que as pistas passem despercebidas e o público não percebam as reviravoltas antes das mesmas ocorrerem. Outra coisa interessante é a maneira como a história é amarrada usando poucos personagens.

Alguns podem dizer que o filme seria melhor se só explorasse o drama inicial, focando na fragilidade da mente humana e no triângulo Paciente/médico/empresas farmacêuticas. Eu concordo, mas também gosto da mudança que foi feita no filme. A maneira como o filme muda o rumo é interessante e chama a atenção do público.

O elenco é recheado de atores famosos e todos estão perfeitos, inclusive o inexpressivo Channing Tatum. Rooney Mara, que já havia se destacado na versão americana de “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, está perfeita em um papel sóbrio e muito complexo. Jude Law também se sai bem como o psiquiatra que fica louco por causa de algo que acontece com sua paciente. Depois de alguns filmes ruins, Catherine Zeta-Jones também consegue algum destaque como outra psiquiatra que já tratou a personagem principal. A cena final entre Zeta´Jones e Mara é muito boa.

Um filme interessante que pode ser dividido em duas partes: o drama que critica as indústrias e os médicos e o suspense a la Hitchcock. As duas partes funcionam bem, mas isso pode dividir o público, que não deve ser muito amplo. Alguns podem pedir por um filme de drama e se decepcionar com o filme e outros podem gostar da parte de suspense, onde nada é o que parece.

Um filme voltado para um público seleto, mas que ainda assim merece ser assistido. Não é o melhor filme de Steven Soderbergh, mas é um bom exemplar do diretor. O diretor consegue reunir um elenco singular em um filme diferente com contornos inteligentes. Sem dúvida, essa é a melhor estréia da semana.

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