Três toneladas de cocaína, dois maridos mortos e um filho chamado Michael Corleone; a vida selvagem da chefe do tráfico de drogas Griselda Blanco virou série da Netflix.
Tecendo teias, neutralizando presas; não é surpresa que Griselda Blanco, chefe do tráfico de cocaína ligada a 250 assassinatos e condenada a 35 anos de prisão por sua participação na administração de um império de drogas, tenha recebido o apelido de “a aranha mais venenosa da América”.
Após tanta grana e fama, Griselda acaba de ganhar uma série na Netflix protagonizada por Sofía Vergara (Modern Family) que encarna de vez a personagem no serviço de streaming. Se você quer saber mais sobre essa fama sanguinária, conheça a história real dessa mulher.
Qual a história real de Griselda, série da Netflix?
A impiedosa traficante conhecida como Viúva Negra (também como a Mãe de Deus da Cocaína) chegou a ganhar até US$ 80 milhões por mês no final dos anos 70 e 80 em Miami – uma trajetória surpreendente para uma mulher de 1,50m nascida na pobreza na Colômbia algumas décadas antes.
Agora, a história violenta de sua ascensão ao poder é contada em uma nova minissérie de seis episódios estrelada por Sofía Vergara. Embora não seja a primeira vez que ela é retratada em tela (Luces Velásquez e Catherine Zeta-Jones já tentaram; Jennifer Lopez, segundo relatos, será a próxima) ou destaque na cultura pop (Nicki Minaj, Rick Ross e Yung Thug já fizeram rap sobre a chefe do tráfico), a nova série foi produzida por Eric Newman, o criador de Narcos, está recebendo o selo da Netflix, o que significa que a sombria história de Blanco será apresentada a uma enorme audiência global.
E ela já está atraindo controvérsias: há alguns dias, o filho sobrevivente de Blanco, Michael (e sua esposa Maria), anunciaram que estão processando tanto Vergara quanto a Netflix por danos superiores a US$ 50.000 e tentando impedir o lançamento da série. De acordo com os documentos do tribunal, isso se deve ao uso não autorizado da “imagem, semelhança e/ou identidade” de membros da família. Nos documentos, Blanco também alega que não foi devidamente compensado pelas entrevistas que deu sobre a vida de Griselda, as quais ele afirma terem sido usadas para criar a série.
E a própria série promete ser uma jornada intensa. Quando Griselda emigrou ilegalmente para os Estados Unidos vinda de Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia, aos 21 anos, ela já havia vivido uma vida extraordinária. Segundo relatos variados, ela nasceu em meio à pobreza e ao crime, e se sustentou por meio de furtos, falsificação de documentos e trabalho sexual (o último ela negava), além de ter fugido de casa para escapar do abuso físico de sua mãe e do abuso sexual do namorado dela. Ela também havia sequestrado um menino e posteriormente o baleou quando o resgate não foi pago; mais tarde, se casoue teve três filhos.
Se estabelecendo em Queens em 1964, Blanco se divorciou de seu primeiro marido antes do início dos anos 70, quando conheceu seu próximo companheiro, o traficante de drogas Alberto Bravo. Infelizmente para o primeiro marido, o divórcio aparentemente não foi final o suficiente para Blanco, e a maioria dos relatos sugere que ela organizou seu assassinato vários anos depois.
Bravo introduziu Blanco no comércio de cocaína, e, por meio de uma combinação de coragem, criatividade (Blanco desenhou roupas íntimas com bolsos secretos para transportar a mercadoria branca), táticas inteligentes (trabalharam com outros traficantes de drogas) e crueldade, o casal construiu a rede bem-sucedida e lucrativa que se tornaria a base do império de Blanco.
O negócio prosperou e o dinheiro chegou rapidamente. Em 1975, não apenas ela foi acusada de violações federais de drogas, mas também 30 de seus subordinados. Ela voltou para a Colômbia para escapar dos federais que tentavam sem sucesso localizá-la há anos.
Blanco era esperta: podia mudar radicalmente sua aparência, tinha subordinados para fazer a maior parte de seu trabalho sujo e podia quase desaparecer à vontade. Ainda naquele ano, ela teve uma briga violenta com Bravo por dinheiro e o matou a tiros.
No final dos anos 70, Blanco estava de volta aos Estados Unidos, e Miami era seu playground. Uma figura importante nas Guerras dos Cowboys da Cocaína da cidade (uma série de conflitos entre agências de aplicação da lei e cartéis de drogas – um dos quais era o ramo de Pablo Escobar no Cartel de Medellín), à medida que Blanco subia ao topo, Miami mergulhava em um de seus períodos mais sombrios.
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A queda de Griselda
O crime violento disparou na cidade. Tantos corpos se acumularam que os necrotérios ficaram sobrecarregados. “Quando a cocaína chegou à Miami, era ridículamente lucrativa, era tão sedutora, fazia as pessoas loucas em nome do dinheiro, do poder e da luxúria pelo sangue, que você tinha algo aproximadamente como um estado falido até 1981 em Miami,” disse o jornalista Roben Farzad, autor de “Hotel Scarface: Where Cocaine Cowboys Partied and Plotted to Control Miami”.
A astuta e feroz Griselda Blanco prosperou: em seu auge, ela levava um estilo de vida luxuoso, promovendo festas hedonistas repletas de sexo e drogas, faturando até US$ 80 milhões por mês com suas importações anuais de três toneladas de cocaína.
Parecia que ela estava se divertindo no jogo, nomeando seu quarto filho como Michael Corleone em homenagem ao gângster italiano fictício interpretado por Al Pacino em “O Poderoso Chefão”. Esse período sibarítico foi imortalizado em filmes como “Scarface” (1983), de Brian De Palma, e “Miami Vice” (2006), de Michael Mann.
“Griselda adorava assassinatos. Corpos se acumulavam nas ruas de Miami como resultado de suas disputas,” disse a Administração de Fiscalização de Drogas dos Estados Unidos (DEA) em uma revista interna em 1993, oito anos depois de finalmente rastreá-la. “Ela não só matava rivais e amantes desviados, mas usava o assassinato como meio de cancelar dívidas que não queria pagar.”
Apesar de manter as coisas em família, dirigindo o lucrativo negócio com seus filhos adultos Uber, Dixon e Osvaldo, as artimanhas de Blanco a alcançaram. Informantes conseguiram se infiltrar em seu círculo interno à medida que Blanco se tornava cada vez mais descuidada. Ela tinha dificuldade para dormir e, eventualmente, fugiu para a Califórnia em 1984, temendo assassinato e prisão.
Ela não estava errada em abrigar essas preocupações: apenas um ano depois, Griselda foi capturada pela DEA, que a acusou com sucesso de conspiração para fabricar, importar e distribuir cocaína. Ela foi então acusada de triplo homicídio em 1994. Mas, devido a um acordo judicial e problemas de saúde, sua sentença foi comutada, e ela foi libertada da prisão em 2004 e deportada de volta para a Colômbia, onde parecia viver pacífica e sem incidentes.
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Durante suas quase duas décadas na prisão, Uber, Dixon e Osvaldo foram todos mortos, e em 2012 ela encontraria o mesmo destino. Ao sair de uma açougue em Medellín, foi baleada duas vezes por um pistoleiro em uma moto e morreu.
Agora, essa história extraordinária está sendo reimaginada em uma nova série incrivelmente intensa estrelada por Sofía Vergara. Falando ao Entertainment Tonight, Vergara disse: “Há tantas nuances para explorar em termos de quem ela era como chefe do tráfico e, claro, como mulher, como mãe. Ela era alguém que fazia o que fosse preciso para proteger sua família.
“Eu não queria que ninguém pensasse em mim ou em meu último papel. Eu queria entrar na mente dela e realmente entender sua mentalidade.”
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