Uma aventura na sala 4D na Colômbia

sala 4d

Uma das coisas interessantes que se pode fazer em qualquer viagem é conhecer lugares novos e viver experiências diferentes. Eu sempre levei essa regra a sério e, como cinéfilo completamente viciado, sempre incluí cinemas de outras cidades na lista de lugares que deveriam ser visitados. Cheguei na Colômbia no começo de janeiro e na segunda semana já tinha revisto Viva – A Vida é uma Festa em espanhol, descobrindo que ir ao cinema sozinho não é nem um pouco normal por aqui. Agora vivi o ápice dessa experiência ao assistir Pantera Negra em uma sala 4D.

Pra começar, o filme é espetacular. Ryan Coogler (Creed) soube usar a Fórmula Marvel a seu favor, criando um filme de origem simples, divertido, político e necessário para a nossa sociedade atual. Uma produção sobre representatividade bem escrito, dirigido e representado pelo elenco estrelar, mas que, acima de tudo, não esquece ser um ótimo longa de super-herói. No entanto, meu foco nesse texto não é comentar o longa; só precisava dizer isso para lembrar que estava vendo algo que qualidade ao invés de um Transformers da vida, que precisa desses efeitos e experiências para agregar o mínimo de valor ao seu conteúdo.

Agora posso, enfim, falar sobre a sala que contém um mecanismo que movimenta as cadeiras em direções inesperadas, névoa, cheiro, temperatura, ventos de diferentes forças e até um tiro de ar pressurizado que passa raspando pelo seu ouvido a cada disparo de arma de fogo na tela grande. Tudo junto com um 3D muito bem projetado e um som potente. Ou seja, o objetivo  – facilmente atingido – é colocar o espectador dentro do filme de uma maneira completa, sendo mais sensorial e empolgante do que qualquer D-Box ou sessão de 3D puro que tive nessa vida.

O prólogo do filme e seus primeiros minutos não foram acompanhados de nenhum, fazendo este que vos escreve pensar se era uma estratégia proposital ou algum problema da sala. Entretanto, no momento em que a primeira nave de Wakanda começa fez com que a cadeira levantasse de uma maneira tão surpreendente que o resultado foi um belo susto. Se a pipoca ou a água estivesse na minha mão, esse resultado também seria certamente acompanhado por uma bagunça gigantesca.

Essa primeira chacoalhada é o ponta-pé inicial que faz as fileiras se moverem com suavidade junto com a câmera fluída de Coogler, o vento atravessar seu corpo a cada decolagem (ou pouso) da nave do protagonista, os tiros falsos darem outros pequenos sustos enquanto você se acostuma com o esquema e a névoa tentar cumprir o efeito de umidade quando a água entra em cena. Como se isso não fosse o bastante, o trecho em que a família do protagonista viaja para as montanhas nevadas é marcado por uma diminuição brusca da temperatura da sala, levando um frio absurdo para os despreparados.

A união desses fatores faz com que as primeiras cenas de ação sejam um pouquinho incomodas, mas eu me acostumei bem rápido com efeitos da sala 4D. Depois de alguns minutos, eu já estava me sentindo em Wakanda, fugindo das balas e dos socos como qualquer personagem em cena. E a melhor parte é que eu paguei muito pouco para vivenciar essa experiência completa, visto que o cinema colombiano é muito mais barato e organizado que o brasileiro.

Nesse caso, eu paguei 26 mil pesos (o equivalente a 28 ou 29 reais) por um ingresso para a sala e um óculos 3D, já que aqui os responsáveis por reutilizar o mesmo e reduzir seus gatos é o próprio espectador. Nunca visitei nenhuma dessas salas no Brasil, porém tenho quase certeza que o valor ultrapassa os 60 reais com facilidade. Nesse caso, a experiência pode acabar não valendo a pena por custar mais do que deveria, apesar de ser algo que todo amante de cinema deveria conhecer pelo menos uma vez na vida.

OBS 1: A inteira dessa sessão na sala 4D custou menos do que a inteira de uma sessão no Kinoplex Platinum, que só deita a cadeira e nada mais. Já tô prevendo que vou sentir falta dos cinemas daqui…

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