Sherlock (3×02 – The Sign of Three)

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O novo episódio da temporada chegou mostrando que o humor veio para ficar e ainda brindou os fãs com mais uma brilhante adaptação de um livro Sir Arthur Conan Doyle. Um episódio, mas que, como sempre, contou com ótimos casos, um visual espetacular e atuações melhores ainda.

O episódio seguiu o casamento de John Watson com Mary Morstan e, mesmo sendo um filler, tirou praticamente todos os seus personagens de sua zona de conforto. A começar por Sherlock, que como padrinho de casamento e melhor amigo de John, teve que fazer um discurso na festa.

Através do discurso de Sherlock, o roteiro usa muitos flashbacks para contar a história de dois outros casos, que vão se interligar e transformar o casamento de John em um possível crime. A ideia de subverter a estrutura da série e tudo o que esperávamos do casamento é inteligente e pega o espectador completamente desprevenido.

A adaptação da história da história original também se mostrou brilhante. Vários elementos do conto “O Signo dos Quatro” foram trazidos para dentro da história. Algumas adaptações são importantes para a resolução do caso e até dão algumas dicas valiosas para o público, outras são simples referências deixadas para os fão mais viciados.

A primeira referência é escancarada. No livro original, Watson pede a mão de uma mulher chamada Mrs. Morstan, que é (adivinhem…) o sobrenome da mulher de John. Também temos a presença do personagem do Major Sholto, que é assassinado por motivos de vingança, assim como no episódio. Algumas referências mais sutis também foram feitas, como a participação de um anão que atira dardos venenosos em um dos casos estranhos relatados por Sherlock em seu discurso.

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Vamos começar falando do humor. Humor, que como eu disse na review do primeiro episódio, nunca foi um elemento importante e recorrente na série da BBC. Esse novo episódio veio para mostrar que o humor funciona e deve ser mantido no decorrer da série.

O humor marcou presença desde a primeira cena, onde Sherlock aciona Lestrade de maneira preocupante só para falar sobre o discurso, até um dos últimos momentos do episódio, funcionando com perfeição. Tivemos tiradas geniais que brincavam com outros casos, Sherlock e Watson bêbados, entre outras cenas hilárias.

Além do humor, o roteirista Steve Thompson (que já escreveu outros episódios de Sherlock, incluindo a brilhante season finale passada) gasta algum tempo com a amizade de Sherlock e Watson. Ótimos diálogos que formam grandes cenas, como a que Watson convida Sherlock para ser seu padrinho.

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O discurso feito por Sherlock faz jus a amizade dos dois e reforça algumas características de outros momentos da série. O discurso em si é emocionante (é brilhante a maneira como Sherlock começa falando baboseiras e sendo ele pra só depois surpreender com um momento muito bonito) e depois temos algumas cenas engraçadíssimas e algumas que irritam os presentes de uma maneira que só o detetive sabe fazer.

Os casos também são sensacionais, contando com um que nem Sherlock foi capaz de resolver. Admito que achei a maneira arranjada para interligar os casos meio forçada (porque o assassino teria que testar seu método justo naquele soldado), mas ainda assim a reviravolta funcionou muito bem.

No final ainda temos um ótimo uso do título, que também foi adaptado do conto. O momento onde o detetive deduz “os signos dos três” é simples e muito bonito.

A direção de  Colm McCarthy (outro veterano da BBC) também é muito boa. O visual do momento em que Sherlock conversa com as vítimas por chat é mais do que sensacional, assim como o visual utilizado na cena onde o detetive tenta entender os casos durante o discurso. Essa última cena apresenta uma edição espetacular, acompanhado das recorrentes palavras que vão aparecendo para o público.

Outra ótima cena é a da despedida de solteiro de Watson, que começa nos bares, passa por um jogo entre os dois para depois terminar com ambos tentando resolver um caso completamente bêbados e exaustos. Cena visualmente perfeita e hilária.

Nem sei eu preciso elogiar as atuações dos protagonistas da série. Como sempre, Benedict Cumberbatch e Martin Freeman dão um show. O último continua sendo perfeito em demonstrar seus sentimentos com simples olhares. Observem a cena em que ele se emociona no discurso e na sabe em que descobre a gravidez de Mary.

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Mas é Benedict Cumberbatch quem toma conta do show. Seu timing cômico está cada vez mais preciso e suas atuações mais fortes. O desespero de Sherlock quando está quase entendendo a junção dos casos é evidente, a sinceridade transmitida nas palavras do discurso e os diálogos com Freeman são alguns destaques desse episódio.

Mas a melhor cena de Cumberbatch a da despedida de solteiro. Uma atuação, afetada, tresloucada e completamente fora de tudo o que o detetive já fez . Cumberbatch entendeu isso e incorporou com perfeição essa nova faceta de Sherlock.

Os outros atores também estiveram muito bem e continuam mostrando toda a sintonia que o elenco de Sherlock tem. O destaque vai para Amanda Abbington (e suas ótimas cenas com Freeman e Cumberbatch), Mark Gatiss (que aparece pouco, mas tem uma importância interessante em uma cena com Sherlock) e Alistair Petrie (como o ótimo Major Sholto).

Um episódio que tem uma história um tanto quanto avulsa, mas que não pode ser desconsiderado, principalmente por ser um bom episódio, mudar a estrutura da história, tirar seus geniais atores da zona de conforto e, acima de tudo, reforçar a história dos dois protagonistas, já que isso pode ser importante no próximo – e último – episódio.

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