Qual pode ser o futuro do Homem-Aranha na Sony?

Qual pode ser o futuro do Homem-Aranha na Sony? 3

“Não-renovação” do acordo entre Sony e Marvel deixa o futuro cinematográfico do Homem-Aranha em cheque. O que pode acontecer agora?


Depois de três participações especiais e dois filmes-solo (incluindo o responsável por levar o personagem para a casa dos bilhões), o acordo entre Sony e Marvel que permitia a integração do Homem-Aranha no MCU não foi renovado. Isso significa que os direitos relacionados ao uso do herói nos cinemas voltam a ser exclusividade da Sony, mexendo numa parte dos planos envolvendo o futuro do personagem, caso nenhum outro acordo seja estabelecido (algo que a própria Sony se mostrou “aberta a discutir na sua nota oficial).

Mas, caso você ainda esteja um pouco perdido, vamos explicar rapidamente o que aconteceu, começando pelos termos principais do contrato entre as empresas: os dois últimos filmes-solo do herói foram financiados totalmente pela Sony, enquanto a Marvel ficou responsável apenas pela parte criativa da brincadeira. Depois dessa fase, na hora de recuperar o dinheiro investido, a Sony ficava com 955 da bilheteria total, deixando a Marvel com os outros 5% e o licenciamento completo da marca. Em outras palavras: Sony fica com a bilheteria e a Marvel com a grana do merchandising (camisetas, bonecos, mochilas e etc…).

Depois do sucesso astronômico de Homem-Aranha: Longe de Casa, a Marvel aproveitou o embalo da compra da Fox, cresceu o olho e quis uma fatia muito maior do que a necessária. Do outro lado da disputa, a Sony decidiu aproveitar – acertadamente – o fato de ser o único estúdio com alguma carta na manga contra a Disney pra responder à altura, porém pode estar confiando demais na repetição improvável do sucesso de Venom. Mas definir quem está certo ou errado não é o foco desse texto, porque a verdade é que a ganância de ambos fez com que o Homem-Aranha caísse em um futuro duvidoso que possui apenas opções questionáveis.

Homem-Aranha

1) Continuação direta

A franquia pode continuar de onde parou, aproveitando o mesmo elenco, o mesmo tom e o gancho gigantesco deixado no final de Longe de Casa. Essa seria a melhor das possibilidades disponíveis, porém precisamos levar em conta que, sem a integração com o MCU, esse possível terceiro filme do Homem-Aranha perderia a contextualização de sua trama e o empurrão que Vingadores ofereceu para a bilheteria. Afinal de contas, ninguém pode negar que Longe de Casa só passou do bilhão por conta dessa relação próxima com Ultimato.

É claro que isso não é um problema tão grande para um personagem que, mesmo fora desse recorde, sempre ofereceu lucro pra Sony. O que realmente me faz refletir aqui é como o estúdio poderia continuar uma história que já nasceu intimamente ligada ao MCU sem fazer referência aos personagens do mesmo. Peter Parker não vai mais ter os óculos entregues por Tony Stark ou vão falar dele através algum apelido genérico? E como vão trabalhar as consequências do plano de um vilão cuja a motivação também estava intrinsecamente conectada ao Homem de Ferro?

OBS: Eu não acho que a história do Tom Holland parar de seguir a Sony nas redes sociais seja real (talvez ele nunca tenha sequer seguido). No entanto, se for verdade, uma ruptura na relação com seu protagonista conta como mais um complicador para a continuação direta dos filmes.

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2) Reboot

A segunda opção dessa lista é “rebootar” a história do personagem pela quarta vez em menos de 20 anos. Isso significa que a Sony vai ter que tirar o Tio Ben do caixão mais uma vez, abrir mão de outro gancho que preparava a franquia para coisas maiores (assim como rolou com O Espetacular Homem-Aranha) e abrir mão de um elenco que conquistou público e crítica com seu talento e carisma. Uma possibilidade ruim, mas bastante possível.

Digo isso porque acordos quebrados podem envolver problemas com contrato e mais uma série de questões (algumas citadas acima) que atrapalhariam a Sony. A solução para fugir das tretas sem largar o osso de ouro seria recomeçar tudo do zero. Só que, ao mesmo tempo que isso soa positivo para os executivos, é importante considerar uma provável desvalorização do personagem depois de tantas versões diferentes. Uma nova empreitada abaixo da média poderia levar o Homem-Aranha direto pra geladeira, gerando o efeito contrário nos cofres da Sony.

E convenhamos que a Sony já mostrou mais de uma vez que tem dificuldades para acertar nas produções live-action do amigão da vizinhança. Homem-Aranha 2 ainda é meu filme de herói favorito, mas o saldo total do estúdio passa longe de ser tão positivo assim.

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3) Encontro com o diabo Venom

Uma outra opção é apelar para algo que a Sony sempre colocou como possibilidade, enquanto a Marvel (vulgo Kevin Feige) negava em todas as entrevistas: um crossover com o Venom. Uma repetição daquela pavorosa experiência oferecida por Homem-Aranha 3 que poderia sair do papel facilmente, agora que a direção criativa voltou sem nenhuma barreira para as mãos gananciosas dos executivos da Sony. Uma galera que, por não entender a essência o personagem, já deve estar se coçando pra juntar seus sucessos mais recentes. Uma turminha do barulho que não olha para os filmes com a visão artística e compraria facilmente a ideia de juntar duas franquias milionárias para – supostamente – fazer o dobro do dinheiro.

Entretanto, deixando de lado o fã ressentido com algumas tentativas da Sony, precisamos lembrar que uma hipotética união entre o Peter Parker interpretado por Tom Holland e o Venom de Tom Hardy enfrentaria grandes problemas de tom (não resisti ao trocadilho, mas a discussão é real). O primeiro está inserido num contexto que remete aos filmes adolescentes da década de 80, enquanto o outro não passa de uma bagunça generalizada e surtada. Talvez Andy Serkis consiga dar algum rumo a Venom 2 e mudar esse cenário, mas, por hora, eu acho que esse união precisaria de um reboot (por parte do Aranha) para funcionar minimamente.

Essa pode até ser uma saída improvável no momento, porém, considerando que o sucesso independente de Venom é a grande carta na manga da Sony nessa disputa com a Marvel, não seria tão estranho ver o estúdio escolher o caminho inverso e usar um filme do vilão como porta de entrada para um novo herói.

OBS 2: Eu não acho que eles vão mexer na produção de Venom 2 para encaixar o Aranha, mas a possibilidade de interferir numa produção em andamento por ganância não pode ser totalmente descartada. Afinal, acontece com alguma frequência em Hollywood, né?

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4) Aranhaverso

Uma outra opção da Sony seria deixar Peter Parker descansar e apostar todas as fichas numa franquia animada liderada pelo Miles Morales de Aranhaverso. Uma solução que eu, mesmo tendo crescido com Parker, admito ser a que mais me agrada em todo esse post. No entanto, pra nossa tristeza, isso não significa que esse é o caminho mais provável. Mais do que isso, o investimento solitário do estúdio nos novos filmes do Aranha podem até mesmo atrapalhar a produção desse braço animado.

É claro que, eventualmente, as continuações de Aranhaverso vão sair graças ao embalo oferecido pela vitória incontestável do filme no Oscar, mas eu não acho que a Sony esteja disposta a abandonar seu universo live-action depois de apostar tanto nesse universo que já começou com os vilões. Eu posso – e espero muito – estar errado, mas a existência de um Homem-Aranha produzido somente pela Sony pode mexer com a cabeça de alguns executivos que não entendem as diferenças entre essas obras. Executivos burros (sim, eles existem) que podem defender uma possível confusão do público.

Realmente espero que minha especulação passe muito longe e ambas franquias possam coexistir sem problemas, mas repito que, vindo da Sony, nenhuma possibilidade pode ser descartada.

OBS 3: Também existe alguma chance desse descanso merecido de Peter Parker abrir as portas para um live-action estrelado por Miles Morales. Gosto da ideia disso acontecer, mas não agora, porque criaria uma sensação de que a animação só existiu como trampolim para um “filme com pessoas”. E isso seria uma puta injustiça com uma obra-prima do naipe de Homem-Aranha no Aranhaverso…


OBS Final: O The Hollywood Reporter já informou hoje que o novo acordo não envolvia um pedido de divisão 50/50 por parte da Marvel. O valor real seria 70/30, com a Sony garantindo ainda a maior parte. Não sei o que dizer sobre isso, mas gostaria de informar que post acima foi escrito com base na revelação anterior e pode acabar tendo algumas partes “invalidadas” por novas notícias.

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