Odisseia na CCXP: Uma Aventura no Beco dos Artistas

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Odisseia na CCXP: Uma Aventura no Beco dos Artistas 3

Muita gente guarda as Comic-Con’s (de qualquer lugar do mundo) na memória por conta da passagem de grandes astros do cinema e da televisão pelos auditórios, mas poucos se lembram que esses eventos só começaram por conta dos quadrinistas que se reuniam para mostrar seus trabalhos e que esse espaço esconde uma grande parte da experiência vivida li. Eu resolvi aproveitar esse local durante quase todo o domingo e me senti obrigado a escrever sobre momentos tão gratificantes.

No entanto, para fazer isso, preciso voltar ao início e admitir que eu ainda sou um fã de quadrinhos em formação. Sempre apreciei a nona arte, afinal cresci lendo Maurício de Sousa e a Turma da Mônica, mas minha vivência sempre foi restrita a algumas graphic-novels que ficaram famosas após ganharem prêmios ou serem adaptadas para o cinema. Eu estava de boa com essa situação, porque isso era o bastante para me fazer admirar alguns mestres, como Jim Lee, Alan Moore e Frank Miller.

Entretanto, mal sabia eu que o ano de 2014 ainda não tinha chegado. Para ser mais preciso, eu não fazia ideia do quanto quatro dias poderiam mudar a maneira como eu via os quadrinhos até botar o pé na minha primeira Comic-Con…

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Ivan Reis no estande da Chiaroscuro

Foi na CCXP 2014 que eu tive o meu primeiro contato com a loucura e a beleza de um Artist’s Alley e entendi qual era a importância desse evento para a indústria, principalmente para os  quadrinistas brasileiros que trabalham nos EUA, enquanto passam completamente despercebidos no seu próprio país. Eu fiquei pouco tempo ali, mas foi o bastante para ver desenhos espetaculares, descobrir obras geniais que buscam um lugar ao sol e tirar uma foto com um até então desconhecido José Luis García-López.

Entrei na fila para o autógrafo simplesmente porque ela estava pequena (acredite que isso é coisa rara na Comic Con), mas acabei comprando um livro sobre a carreira desse maravilhoso desenhista argentino. Foi como se um interruptor fosse ligado no meu cérebro!

Passei a comprar mais HQ’s do que filme, a ler vorazmente tudo o que me falavam que era importante ou divertido e, principalmente, a procurar mais sobre cada um dos envolvidos. Foram essa buscas que me levaram a um livro chamado Ícones dos Quadrinhos, uma obra escrita por Ivan Freitas da Costa (um dos sócios da CCXP) que era fruto de uma pesquisa realizada para uma exposição. E adivinhem qual foi a primeira coisa que eu fiz quando pisei no Artist’s Alley desse ano? Peguei o autógrafo do Danilo Beyruth por conta da sua graphic novel do Astronauta (sobre a qual já falei aqui) e comprei o bendito livro.

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Danilo Beyruth no estande da Chiaroscuro

E a verdade é que acabei percebendo que eu não conhecia a maioria daquelas pessoas que, de alguma maneira, eram importantes o bastante para serem considerados ícones, por fiz o que para mim era algo inédito: resolvi pegar o autógrafo de todos os artistas que estivessem ali, voltando inclusive ao próprio Beyruth.

É claro que eu não consegui pegar todos os autógrafos, mas isso fez com que a tal experiência que dá nome a nossa feira fosse algo indescritível. Afinal de contas quando que o meu eu do passado imaginou que ia ficar mais de 8 horas andando para pegar autógrafos de tantos quadrinistas, sendo que eu nunca tinha nem ouvido falar da maioria deles. E mesmo assim, todos foram extremamente atenciosos e receptivos, fazendo inclusive alguns sketches muito legais nos lados das suas respectivas páginas.

Claro que essa leva de quadrinistas tinham muitos nomes famosos, como Rafael Albuquerque e Ivan Reis, mas – por incrível que pareça – os que mais marcaram essa minha aventura foram aqueles que eu não conhecia. Eram eles que tinham mais tempo para trocar uma ideia, para contar que seu desenho só entrou no livro por causa de um concurso ou simplesmente para mostrar o quanto estava feliz por autografar o meu exemplar. E acredite que foram tantas surpresas e momentos como esses que o mesmo texto teria umas 20 páginas para falar sobre cada instante.

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Ivan Freitas da Costa

Só isso já teria sido o bastante para me deixar feliz, mas o destino ainda deu mais um empurrãozinho para que eu entrasse de vez nesse mundo quando eu, literalmente, esbarrei com o Ivan do lado da mesa de um outro artista, chamado Felipe Massafera. Para quem não se lembra ele é o autor do livro que eu estava carregando (bem pesado ele, por sinal) e um dos responsáveis pela CCXP. Ele foi super gente fina, autografou o livro e, mesmo tendo que resolver muitos problemas ligados a uma chuva forte que tinha acabado de começar, ficou do nosso lado para tirar foto comigo e com o Pardal.

Isso era o que eu precisava para tomar fôlego e enfrentar mais alguma horas dessa aventura, já que o meu era um dos poucos Ícones da feira que tinha o autógrafo de seu criador. Andei, encontrei mais alguns personagens muito interessantes, ganhei mais alguns sketches e, no fim de toda essa jornada surtada, eu ainda fechei o dia com um print incrível do Kevin Maguire, um dos poucos desenhistas ali que já conhecia há muito tempo. Seguindo o padrão do que estava acontecendo, ele foi muito carismático, conversou comigo e, pra minha surpresa, pegou minha credencial para não errar meu nome.

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Fábio Moon e Gabriel Bá

Eu realmente não tenho como citar todas as pessoas e todos os momentos marcantes desse período no beco, mas precisa compartilhar um pouquinho dessa jornada com vocês. E, sim, eu perdi uma pré-estréia muito aguardada e um dos melhores painéis da CCXP, mas eu conheci trabalhos que merecem ser mais divulgados, conversei com muita gente inesperada e olhei nos olhos de, pelo menos, 60 artistas diferentes enquanto comprava algum print ou simplesmente pedia um autógrafo. Não sei se foi a melhor decisão, mas eu não me arrependo e espero ficar muito mais tempo ali em 2016.

OBS 1: Isso porque eu nem falei da sensação incrível que é pegar autógrafos de outros quadrinistas e escritores sensacionais, como Mike Deodato e Chris Taylor, em outros estandes. Experiências únicas, sem dúvida!

OBS 2: Pra completar a viagem, eu ainda encontrei um artista capixaba, chamado Jean Diaz, no voo de volta para Vitória. A prova viva de que essa aventura não foi longa o bastante e de que nossos próprios artistas precisam ser mais reconhecidos!

OBS 3: A foto que abre o artigo é do ano passado, porque eu andei tanto que esqueci de tirar fotos do local. Ainda assim dá pra ter uma ideia do espaço.

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