Odisseia na CCXP: Minha Primeira Comic Con

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O escritor desse post, Vinícius (do lado direito), junto com Flávio e Hoffmann

Escrevo esse texto na madrugada do dia 07/12, esperando meu vôo de volta para o Espírito Santo. Do dia 03 (meu aniversario, por sinal) ao dia 06 pude viver uma das experiências mais fantásticas da minha vida: a CCXP. Foi a primeira vez que fui a um evento desse formato e magnitude e descreverei como foi.

Logo no primeiro dia já me deparei com uma coisa bem recorrente nesse tipo de evento: filas. Para seguir do terminal do metro até o centro de exposição enfrentei fila para pegar o ônibus, ao chegar ao centro de exposição enfrentei fila para entrar no evento, entrando no evento enfrentei fila para entrar em estandes e painéis e assim por diante. Filas não são agradáveis, obvio, mas é algo perfeitamente compreensível enfrentá-las num evento onde passaram mais de 140 mil pessoas nos 4 dias. Sem contar que nas grandes comic cons do mundo, inclusive, se dorme nas filas de tão grandes.

Marcante mesmo foi quando pisei dentro do evento pela primeira vez, com estatuas do Hulk e Hulkbuster em tamanho quase real logo no estande de frente pra entrada, fazendo com que a sensação de maravilhamento fosse instantânea. O evento estava enorme, com estandes maravilhosos, contendo muito material interativo. Tudo muito bem feito. Andar dentro da CCXP era se surpreender a cada passo, afinal, uma coisa era mais legal que a outra.

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Cosplay na primeira fila do dia

Como fã apaixonado de Star Wars que sou, quando vi o estande da Star Wars Store não resisti e corri para fila para entrar na loja e foi aí que comecei minhas compras. Admito que já gastei todo o meu dinheiro no primeiro dia (a CCXP é o Eldorado dos nerds). Estou muito feliz com minhas aquisições, mas não é só de compras que se resume a CCXP. Faltava alguma coisa…

Então participei do meu primeiro painel, que falava do sucesso comercial de Star Wars, com o autor do livro Como Star Wars Conquistou o Universo, Chris Taylor. O painel foi muito bom, discutindo várias nuances da maior saga do cinema e o autor me pareceu muito gente boa. Informação foi confirmada pouco tempo depois quando peguei um autografo dele no meu exemplar do livro, tendo minha primeira experience, da qual o nome do evento se trata. Ter contato direto com o autor de um livro que queria ler e também era fã da mesma saga que eu foi um momento sensacional.

E nos outros dias isso só ficou mais claro. Participar dos painéis na sexta e no sábado foi muito épico. Na sexta gostei muito do painel do John Rhys-Davies, que não tinha muito interesse a principio, confesso, mas ele se mostrou muito simpático. Mais pra frente pude participar de um painel com ninguém mais ninguém menos do que Frank Miller, uma lenda viva dos quadrinhos e escritor de uma das melhores HQs que já li – se não a melhor. E nesse painel já entendi mais um pouco de como era a experiência de estar numa Comic Con, pois me emocionei ao ver um fã chorando ao pedir um autografo na edição dele, datada de 1999, de 300. Para aquele fã, estar tão perto do seu ídolo, que o fez começar a ler HQs, foi uma emoção tão grande que o levou as lágrimas.

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Detalhe do telão com Frank Miller dando o tal autógrafo

Geralmente se condena quando um marmanjo aparentando estar perto dos 40 chora, mas não lá, não na CCXP. O publico teve uma reação inesperada até, afinal painéis não são para conseguir autógrafos e aquele cara estaria tomando tempo de painel pra uma coisa que só interessava a ele. Em vez de reprovar, todo o auditório aplaudiu de pé quando Mestre Frank Miller, mesmo com dificuldades, veio até aquele fã, autografou a revista e ainda tirou uma selfie. Só não chorei porque me segurei.

No mesmo dia, mais tarde, aconteceram os painéis da Netflix, os mais esperados do dia. A platéia estava simplesmente ensandecida! E isso só aumentou quando nos exibiram uma prévia da segunda temporada de Demolidor, mostrando o primeiro encontro entre o protagonista e o Justiceiro. Quando David Tennant e Kristen Ritter entraram para a primeira parte do painel, então, o auditório quase veio a baixo. Todos gritaram, aplaudiram e bateram o pé no chão, inclusive balançando o projetor.

Engraçado foi ver a cara de espanto dos dois artistas com a reação tão inflamada dos presentes. Acredito que mesmo o Tennant, famoso por Doctor Who e acostumado com fãs, nunca tinha tido uma recepção tão calorosa. Os dois não conseguiram emendar uma frase completa, pois a cada palavra era gritaria e aplausos. Nos 15 minutos em que estiveram lá, ambos mostraram muita simpatia e o Tennant, em particular, deu um show de carisma. Mas sim, só foram 15 minutos. Temendo pela segurança dos dois artistas, eles tiveram que encerrar o painel bem antes do previsto, dado o nível de histeria da platéia. Só reforçando que isso é uma mistura de informações não oficiais com dedução minha, sendo que, inclusive acho que foi um erro a falta de um posicionamento oficial do evento ou da própria Netflix sobre o encerramento prematuro do painel.

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Armadura do Batman, um dos destaques da CCXP 2015

Após a saída de Tennant e Kristen, veio ao palco parte do elenco de Sense8. Aml Ameen, Alfonso Herrera e Jamie Clayton chegaram super animados, essa em especial, já chamando o publico e fazendo declarações de amor ao Brasil. É muito bacana ver que a alegria de estar no evento é recíproca, tanto os fãs quanto os ídolos estão felizes de estarem lá.

No sábado veio minha primeira experiência negativa na CCXP. Como era dia de painéis da Disney, com pré de O Bom Dinossauro, Capitão America – Guerra Civil e Star Wars – O Despertar da Força, tínhamos que chegar bem cedo na fila pra garantir o lugar no auditório. E chegamos. Por volta das 06:30 já estávamos lá, não tinha nem 800 pessoas na nossa frente, só que por falta de organização a fila para o auditório bagunçou e quase que não entramos. Aquilo me deixou bastante decepcionado com o evento, mas felizmente foi momentâneo. No fim, conseguimos entrar no auditório, mesmo pegando um lugar ruim.

Logo na primeira atração, a pré de O Bom Dinossauro, veio o choro clássico que só a Pixar sabe proporcionar em seus filmes. O filme é legal (selo Pixar de qualidade) e assistir numa pré exclusiva com direito a ecobag de brinde dá um gostinho todo especial. Depois veio um painel com o diretor do filme, mostrando o processo criativo e curiosidades, e  o painel de Zootopia, com o Rodrigo Lombardi, que é um puta nerd (sim, até esses caras que a gente não imagina são como a gente), e o Ricardo Boechat, presença mais que inesperada. Os dois tomaram conta do painel e se mostraram pessoas da melhor qualidade.

Estande de Zootopia
Estande de Zootopia

Eis que então chega a hora do painel de Guerra Civil, que já chegou chutando a porta e exibindo o trailer internacional (com gritaria generalizada) e o trailer exclusivo da D23 (com gritaria generalizada elevada ao quadrado). De novo a sensação de estar vendo algo exclusivo dava um gostinho ainda mais especial pra aquele trailer que já era foda por natureza. Logo depois, o diretor do filme, Anthony Russo, chegou, foi muito simpático e contou várias coisas sobre o filme, inclusive sobre o Homem-Aranha.

Finalmente então chega o painel de Star Wars, que também já chegou exibindo o trailer. Histeria generalizada de novo, com direito a sabres de luz para o alto (o meu incluso). Após exibir o trailer, subiu ao palco, Bryan Burk, produtor do filme e braço direito de J.J. Sem soltar spoilers ele falou sobre o filme, sobre a criação e sobre como todos estavam empolgados de estar fazendo um novo Star Wars. Não teve nenhuma grande novidade e agradeço muito por isso, mas para não sairmos de lá sem nada exclusivo, eles passaram um featurette mostrando os bastidores do filme e deixaram claro que os envolvidos com o filme também estavam tão animados quanto nós, fãs. No final, bastava o logo aparecer no telão para nós gritarmos e comemorarmos, afinal, é Star Wars.

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José Luis García-López no Artist’s Alley

Findado este painel, começou minha ultima experiência na CCXP. Eu e Flávio resolvemos ir ao Artists Alley para conseguir o máximo de autógrafos que conseguíssemos no Ícones dos Quadrinhos dele (no domingo levei o Ícones do Hoffmann para pegar esses autógrafos pra ele). Esse contato tão próximo com os quadrinistas é algo muito singular, afinal eles estão lá nas mesas, vendendo, autografando e trocando ideia. Eu imaginava que pedir autógrafo sem ao menos comprar algo na mesa deles seria algo que os incomodaria, mas contrariando minhas expectativas, todos, sem exceção, se mostraram muito felizes em autografar os livros, inclusive fazendo sketchs bem detalhadas. Teve um que inclusive pediu para tirar foto do livro autografado. Essa parte do sábado e o domingo no Artists Alley me fizeram querer procurar cada vez mais trabalhos autorais desses caras e ano que vem ficarei pelo menos um dia lá.

No final, a CCXP faz jus ao nome. A experiência que se vive lá dentro é incrível. Ver seus ídolos de perto, interagir com quadrinistas, com pessoas famosas, que na verdade são gente como a gente, e com os outros fãs é maravilhoso. Lá é como se você pudesse conversar com qualquer um, é como se todos se entendessem. Naqueles 4 dias é como se estivéssemos isentos do preconceito, mesmo que velado, das pessoas que se acham “normais”. Querendo ou não, muitos recorrem a cultura pop como válvula de escape dentro de uma realidade opressora e assustadora e muitas vezes não conseguem muitos amigos. A CCXP é como um mundo paralelo onde ninguém te julga por seus gostos e onde você tem 140 mil amigos.

Foi encantador, foi engraçado, foi cansativo, foi maravilhoso… Foi épico! E ano que vem #VaiSerEpico de novo!

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