O Espaço Infinito propõe uma jornada pela mente de uma mulher que sucumbiu à loucura, contrastando a beleza de suas alucinações com a dureza da realidade por ela enfrentada enquanto tenta recuperar sua sanidade mental.
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Qual a trama de O Espaço Infinito?
Nina, vivida por Gabrielle Lopes, é uma física que desde pequena mostra interesse pelas estrelas. Quando adulta, passa a trabalhar com isso até se tornar irremediavelmente obcecada por elas. Essa obsessão somada a traumas do passado levarão a protagonista a entrar em surto psicótico.
O que achamos do filme?
O longa propõe um interessante exercício metafórico, que apesar de não ser propriamente revolucionário, é muito bem construído. O espaço estudado por Nina serve como representação de seu subconsciente em declínio.
Para tratar de um tema tão delicado, o filme opta por uma abordagem menos apelativa do que estamos acostumados a ver em obras menos sensíveis. Apesar de mostrar sim a protagonista em crise, seus tiques, suas reações nervosas e a recusa por ajuda médica e familiar, esses momentos são intercalados por passagens que simbolizam o interior de sua mente.
Mesmo quando vemos a personagem no ápice de sua vulnerabilidade, ela não aparece gritando, chutando ou se debatendo, o diretor parece mais interessado em retratar de fato sua psique, uma decisão que me agradou bastante. A escolha por uma visão mais contemplativa e menos sensacionalista é sustentada por belíssimos takes que remetem ao passado de Nina, bem como retratam sua insanidade. A fotografia desse filme realmente merece elogios à parte.
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Infelizmente, não é possível dizer o mesmo dos colegas que Nina faz na clínica psiquiatra em que está internada, esses sim são completamente estereotipados como se quisessem lembrar o público constantemente de que aquele lugar era para pessoas loucas, em especial sua melhor amiga, que além de mau explorada, entra aleatoriamente na história.
Apesar da obra ter me agradado em sua maioria, a narrativa sofre de síndrome de Christopher Nolan e tenta a qualquer custo parecer mais elaborada do que de fato é, cheia de idas e vindas costuradas por uma edição que propositalmente complica a cronologia dos fatos para guardar uma revelação traumática para o final. Como se o filme não acreditasse na beleza e na força da história em que estava contando.
Em geral o último ato inteiro não me agrada tanto, por conta de algumas resoluções abruptas e uma quebra no ritmo. Mas gosto tanto da construção dos dois primeiros atos, em que a experiência final acaba sendo mais positiva do que negativa.