Uma aula sobre contar histórias
É correto afirmar que Nada Será Como Antes está sendo um série ágil, a cada episódio a passagem do tempo é evidenciada, seja por uma fala ou pela aparência dos personagens. Mas nada até agora foi tão ágil no texto de Guel Arraes (O Auto da Compadecida), Jorge Furtado (Os Normais – O Filme) e João Falcão (A Máquina) quanto neste episódio.
Com o fim da novela por motivos de gravidez da atriz principal Verônica (Débora Falabella), já se passaram 3 meses de novela (um tempo curto considerando as atuais), que faz um contraponto direto com o fim, quando o filho de Verônica nasce, o que já deixa claro que 6 a 9 meses se passaram.
Outro ponto a favor é a facilidade do texto de dar espaço a todos os personagens, até mesmo aqueles que não perguntamos. Vemos a história do galã de novela homossexual Rodolfo (Alejandro Claveaux), lutando para manter a descrição, ao mesmo tempo que Pompeu (Osmar Prado), lança a candidatura de Otaviano (Daniel de Oliveira), que resolve finalmente assumir o romance com Beatriz (Bruna Marquezine) para o público, o que rende uma cena com uma aula de como se portar na época, dada por nada mais nada menos que Saulo (Murilo Benício).
Aliás Saulo pára um pouco de ser um rôbo, para em um pequena cena nos mostrar que não é de ferro, é como se todo mundo vivesse e ele movesse essa grande máquina, mas o mesmo está parado, devo dizer que por decisão do próprio. A seguir a câmera passeia por uma cena de sexo entre Julia (Letícia Colin) e Vitor (Igor Angelkorte), desnecessária até, mas mostra bem o desconforto da jovem, agora longe do triângulo amoroso.
Outro papel bastante importante aqui é o de Aristides (Bruno Garcia), o ator não me agradava muito, pois parecia fazer o mesmo personagem sempre, aqui Bruno é sutil e seguro, e peça fundamental na ajuda de Verônica, a verdadeira dona do episódio, primeiro com a presença de seus pais Ernesto (Antônio Fábio) e Lourdes (Susana Ribeiro) em grandes atuações e na cena final que emociona e mostra que não é fácil abandonar um filho.
Com essa decisão é difícil saber como será daqui pra frente, talvez a presença da criança mude tudo, ou resolvam dar um salto temporal, mas se tratando de Nada Será Como Antes, isso não será necessário.
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