Um bom suspense no estilo Dan Brown
Que Dan Brown não é um escritor genial, todos nós sabemos, entretanto, também sabemos, que ele domina muito bem a arte de contar histórias de suspense. Seu novo livro, “Inferno”, é intrigante, atual e, caso você visite as cidades descritas, ainda pode funcionar como guia turístico.
Dessa vez, Robert Langdon acorda em Florença sem lembrar do que aconteceu nos últimos dois dias. Após uma tentativa de assassinato, ele é salvo por uma jovem médica super-dotada e inicia uma caçada mundial para impedir que um agente biológico desconhecido seja liberado.
Não vou explicar muito a história para não estragar a surpresa, já que “Inferno” é recheado de reviravoltas e surpresas (como todos os livros de Dan Brown).
Outra característica dos livros estrelados por Robert Langdon é a grande quantidade de enigmas, símbolos e charadas, que, por coincidência, só o professor de Harvard consegue desvendar. Nesse livro, a simbologia gira, como o próprio nome do livro sugere, em torno da primeira parte do gigantesco poema “A Divina Comédia”, escrito por Dante Alighieri. Além do poema de Dante, outras obras de artistas italianos, como Giorgio Vasari, Botticelli e Michelangelo, também são fontes de símbolos, códigos e mistérios.
A ciência também marca presença na história. O vilão, Bertrand Zobrist, é um gênio especializado em genética. Zobrist é um dos maiores defensores das teorias de que a superpopulação da Terra vai causar a extinção da raça humana. A base cientifica de Zobrist é uma ampliação do estudo feito por Thomas Malthus, em 1798, que diz que a população cresce em progressão geométrica e os recursos crescem em progressão aritmética.
E assim Dan Brown vai preparando a salada mista de informações e idéias que compõe sua nova história. “Inferno” mistura ideias transumanistas , alta tecnologia, genética, arte, literatura e assassinato em massa. Alguns desse assuntos, como a genética e a limitação de recursos, são atuais. Esses temas são bem abordados e fazem o leitor parar pra pensar após o fim da leitura.
Uma coisa muito interessante nesse livro é que o meio da história também é movimentado. O miolo monótomo e lento foi algo que me incomodou quando eu li outros livros do Dan Brown. Tenho que admitir que quase parei de ler “O Símbolo Perdido” quando cheguei nesse ponto da história onde nada acontece.
Não consigo explicar o porquê, mas o meio de “Inferno” é movimentado e recheado de acontecimentos e reviravoltas. Talvez isso ocorra, porque enquanto acompanhamos Langdon na sua caçada, também quem queremos saber o que aconteceu no seu passado esquecido.
A estilo de escrita de Dan Brown continua o mesmo e a construção da história também. Brown não quer que sua fonte de dinheiro se esgote e por isso escreve histórias similares com construções similares. Os coadjuvantes e os mistérios são, coincidentemente, parecidos com os dos outros livros. O livro pode ser divertido, surpreendente ou qualquer outra coisa, mas ele não nem um pouco inovador.
No fim das contas, os fãs de Dan Brown não vão se decepcionar com o livro. “Inferno” não vai se tornar um clássico (provavelmente nenhum livro de Brown vai…), mas é uma leitura rápida e divertida. É aquele tipo de livro que não é um exemplar de literatura, como a já citada “A Divina Comédia”, mas continua sendo uma leitura de qualidade.